O que é a “síndrome de burnout materno” e como identificá-la

Mulher
há 5 anos

A maternidade é um acontecimento capaz de mudar a vida de uma mulher para sempre. A criação de um filho é, ao mesmo tempo, uma experiência enriquecedora do ponto de vista pessoal e um dos maiores desafios que uma pessoa pode enfrentar, exigindo capacidade psicológica e, até mesmo, uma boa dose de disposição física.

Cuidar de um pequeno que demanda nossa atenção 24 horas por dia pode ser extenuante. E, claro, para muitas mulheres o cuidado com a criança é apenas um dos desafios diários. Elas precisam dar conta dos papéis de mãe, esposa, funcionária de alguma empresa e, muitas vezes, gestora do lar — muitas vezes sem grande ajuda do marido. E “jogar em todas essas posições” pode terminar em um esgotamento físico e mental, a chamada “síndrome de burnout materno”.

Incrível.club investigou um pouco mais esse problema, seus principais sintomas e como tratar da questão da maneira mais adequada.

O que é a “síndrome de burnout materno”

O termo “síndrome de burnout materno” tem origem em sua, digamos, “parente”, a “síndrome de burnout” — que costuma acometer, por exemplo, executivos e altos funcionários de empresas que vivem sobrecarregados de trabalho e de responsabilidades. O termo “burnout”, em inglês, pode significar tanto o esgotamento de um combustível durante sua queima quanto um esgotamento mental causado pelo estresse.

Em sua acepção clínica (a segunda), quer dizer um quadro depressivo crônico produzido, como já dissemos, pelo estresse. É como se o executivo (ou, nesse caso, a mãe) fosse uma máquina queimada que não consegue render mais e está prestes a parar.

A doutora em Psicologia Sheryl Ziegler afirma, em seu livro Mommy Burnout, que o estresse que as mães enfrentam e a carga de culpa que são obrigadas a carregar por não estarem fazendo mais por seus filhos são extremamente destrutivos. Sobrecarregadas por um sem-fim de responsabilidades, as mães de nossa Era vivem além de um limite tolerável de esgotamento, sensação de fracasso, isolamento, dúvidas e falta de amor próprio, situação que, na grande maioria das vezes, acaba afetando também suas famílias.

Sinais de alerta

Embora a responsabilidade de lidar com uma criança seja enorme e, para uma mãe, terminar o dia física e psicologicamente esgotada seja algo comum, a doutora Ziegler afirma que há alguns sintomas específicos que podem indicar que a situação passou dos limites. É importante, portanto, ficar atenta aos seguintes sintomas:

  • dores de cabeça intensas, incluindo enxaquecas ou dores nas costas;
  • dores nas articulações;
  • problemas gastrointestinais;
  • insônia;
  • fadiga crônica;
  • sensação de solidão ou isolamento;
  • tristeza profunda ou depressão;
  • frustração;
  • ansiedade;
  • desejo persistente de chorar; e
  • problemas de concentração acima do normal.

Os pensamentos recorrentes de uma mãe com “síndrome de burnout materno”

Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Université Catholique de Louvain, na Bélgica, uma mãe com “síndrome de burnout materno” pode apresentar, ainda que não admita, os seguintes tipos de pensamentos:

  • Perguntar-se por que faz o que faz e por que não sente mais alegria com o próprio trabalho ou com atividades das quais gostava até há pouco tempo.
  • Questionar a relação custo-benefício das atividades que desenvolve. Será que seu salário está valendo a carga de estresse a que está sendo submetida?
  • Questionar o que vai ser daqui a alguns anos, quando estiver mais madura, pois, mesmo hoje, ainda não se sente segura em relação ao próprio futuro e em relação aos objetivos de vida.
  • Acreditar que o tempo para realizar os sonhos está se esgotando e não saber que caminho seguir, tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal.
  • Estar em casa com os filhos e pensar que poderia estar trabalhando e vice-versa.
  • Questionar o sentido da vida constantemente. Acreditar que, se mudar radicalmente de vida, terá mais clareza em relação a isso.
  • Ter um sonho secreto. Pode ser, por exemplo, escrever um livro, fazer uma pós-graduação (mestrado/doutorado), voltar a treinar em uma academia (ou começar), mas se dar conta de que é tarde demais para realizar qualquer um desses projetos.

Quais os perfis de mulheres mais sujeitos a desenvolver a síndrome?

Não há um perfil típico. Qualquer mãe, independentemente de condição familiar ou classe social, está sujeita a desenvolver o problema. Não há uma predominância de casos, por exemplo, entre as mães de primeira viagem — mesmo aquelas mais experientes podem ser afetadas em determinados momentos. Além disso, é importante destacar que, diferentemente, da depressão pós-parto, a “síndrome de burnout materno” pode se manifestar anos depois do nascimento da criança.

A doutora Ziegler, no entanto, destaca que há uma ligeira predominância dos casos no grupo das mães que possuem dois ou mais filhos pequenos com idades próximas ou gêmeos. As mães que criam os filhos sozinhas, sem o apoio dos maridos/namorados ou das famílias, também costumam ser mais acometidas.

Como solucionar

Na opinião da doutora Ziegler as mães, em geral, vivem em um eterno dilema. Elas querem ser ótimas mães, mas, ao mesmo tempo, têm necessidade de cuidar mais de si mesmas. A coexistência desses pensamentos que, de certa forma, são conflitantes, é absolutamente normal. Por isso, ela sugere as seguintes atitudes às mulheres que vivem essa situação:

  • Aceite que não há mães perfeitas.
  • Converse com alguém (se possível com um psicólogo) sobre seus pensamentos e sentimentos mais críticos.
  • Procure cercar-se de outras mães que estejam vivendo o mesmo tipo de problema para compartilhar sua experiência.
  • Delegue tarefas ao seu marido/namorado sem peso na consciência. Deixe claro que criar uma criança é uma tarefa de ambos. Se você é mãe solteira, peça apoio à família (avós/tios) ou contrate uma babá. Dependendo do caso, o custo compensa.
  • Assuma que sua missão é difícil e não tenha medo ou vergonha de pedir e aceitar ajuda.
  • Reserve um tempo para cuidar de si mesma.
  • Aceite que nem sempre é possível dar conta de todas as tarefas. Se for o caso, deixe algumas para o dia seguinte.
  • Ensine seus filhos a serem independentes desde pequenos, de modo que não precisem tanto da mãe para qualquer situação. Esteja presente, mas não viva a vida no lugar deles.
  • Reserve um ou dois dias por semana para ficar sozinha e fazer tudo que quiser sem estar com seus filhos.

Sabemos que você ama sua família e faz de tudo para garantir que seus filhos cresçam saudáveis e felizes, mas que, em alguns momentos, é difícil não se sentir esgotada — sobretudo quando os filhos ainda são pequenos e há muitas tarefas esperando por você ao longo do dia. No entanto, é importante que, como mãe, você não perca de vista a vida pessoal e procure conciliá-la com a maternidade, contando, se possível, com o apoio do parceiro e da família. Só assim você se sentirá tranquila e acolhida nesse momento tão especial e terá certeza de que é capaz de dar conta de tudo.

Se você é mãe, como acredita que esteja seu nível de energia? Já notou algum sinal de estresse que antes não havia percebido? Queremos saber sua opinião. E, claro, não deixe de compartilhar esse conteúdo com outras mães que possam estar vivendo o mesmo problema.

Imagem de capa The Letdown / Netflix

Comentários

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Adorei o artigo! E quem quiser saber se corre risco com a Síndrome de Burnout, aqui tem um teste de auto-diagnostico: https://motivaplan.com/teste-de-burnout/

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Matéria muito boa!Mas se eu n me engano ja li um artigo desse por aqui mesmo bem semelhante..

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E quantas mães já tiveram essa síndrome e não souberam. Uma penas as pessoas sempre acharem q as mulheres são loucas e exageradas

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EU ACHO Q ISSO E PALHAÇADA A MULHER FICA CANSADA SO E NORMAL HJ EM DIA TUDO QUEREM DAR NOME DE DOENÇA

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