A importância das amigas: descobertas científicas sobre a amizade entre mulheres

Psicologia
há 9 meses

Como mulheres, nós experienciamos um tipo de estresse inerente às expectativas de nosso gênero na sociedade. Sejam quais forem os desafios enfrentados em diferentes situações, tudo fica mais fácil se temos uma comunidade de mulheres em nossa vida (sendo grande ou pequena), para nos oferecer apoio quando se trata de algo que muitas vezes elas também passam. Pesquisas científicas comprovaram uma série de benefícios nas amizades femininas. Continue lendo para saber mais!

Mães, trabalhadoras, donas de casa, esposas, namoradas, avós, filhas, irmãs... Como mulheres, podemos ser muitas coisas e, às vezes, é fácil esquecer quem somos como indivíduos, fora desses papéis tão desafiadores. Podemos encontrar nas amizades a compreensão e o acolhimento entre nossas confidentes e isso faz toda diferença. Pesquisadores descobriram muitas coisas sobre os benefícios de amizades femininas para mulheres, entre eles, uma melhora significativa do bem-estar.

Pessoas de qualquer gênero se beneficiam quando têm um grupo presente de amigos em suas vidas, mas mulheres têm ainda mais vantagens: diversas pesquisas comprovaram que nutrir e manter amizades femininas contribui fortemente para a saúde e a felicidade das mulheres, desde as fases mais jovens até a terceira idade. Já na adolescência, quando experienciamos mudanças físicas tão intensas, ter amigas para desabafar pode fazer toda a diferença.

Ao longo da vida, até quando chegamos na fase dos netos, ter amigas próximas nos ajuda na hora de lidar com sentimentos de solidão. De acordo com a psicóloga Breanna Jayne Sada, mulheres podem ter o amor e o apoio de seus pares ou de sua família, mas uma amiga consegue oferecer um ponto de vista e um acolhimento diferente em tempos difíceis. Essas amigas podem oferecer opiniões e conselhos sinceros, que só quem está fora da situação consegue dar.

Assim, diversas mulheres podem influenciar e ser positivamente influenciadas por suas amigas. Mesmo que elas digam verdades difíceis de escutar, há a certeza da honestidade e o interesse em ajudar. Amigas normalmente escutam seu lado e suas ideias antes de dizer o que pensam. Amizades femininas saudáveis também ajudam a elevar a autoestima de quem muitas vezes precisa de elogios e incentivo.

Suas amigas dirão quando seu par não estiver te tratando bem ou por que você merece reconhecimento em seu trabalho. Mães se beneficiam especialmente quando têm uma forte rede de apoio feminina, já que a maternidade pode ser, muitas vezes, solitária. A solidão materna ocorre quando uma mãe se sente isolada após os filhos. Isso pode ser o resultado de passar longos períodos sozinha com o bebê, o que se torna ainda mais difícil para donas de casa.

A autocobrança e a cobrança externa para cuidar de uma nova vida deixa as mulheres sobrecarregadas, podendo também se sentir isoladas. A solidão materna não ocorre apenas entre mães de primeira viagem e pode ser experienciada em qualquer fase da maternidade, inclusive entre mulheres grávidas. A gravidez é uma fase de muitas mudanças físicas e emocionais, e pode causar sentimentos de medo e insegurança. Assim, ter uma amiga com quem conversar pode ajudar muito.

Para mulheres mais velhas, é ainda mais importante manter um círculo de amizades femininas: idosos socialmente ativos são mais felizes de modo geral. Entretanto, para mulheres, é especialmente benéfico poder contar com o apoio e a compreensão de quem também passou por etapas da vida, como gravidez e menopausa, e agora lidam com os efeitos do tempo e seus impactos na aparência e consequentemente na autoestima.

A psicóloga Jayne Sada também demonstrou em sua pesquisa que pacientes de câncer de mama têm taxas de sobrevivência mais altas quando têm amigas do que as isoladas. Existe uma teoria na área da psicologia chamada tend-and-befriend (que pode ser traduzido literalmente como “cuidar e fazer amizade”), que se caracteriza pela busca de apoio dentro de um grupo em tempos de estresse. Esse tipo de comportamento é exibido por alguns animais, incluindo humanos, especialmente mulheres.

Também, foi descoberto que quando o hormônio ocitocina é liberado em mulheres como parte de uma resposta ao estresse, elas tendem a cuidar de seus filhos e fazer amizade com outras mulheres. Esses comportamentos liberam mais ocitocina, o que diminui o estresse e causa um efeito de calma. Como mulheres respondem ao estresse diferentemente dos homens, elas também se conectam de uma forma diferente.

De acordo com pesquisas, quando amigas se reúnem e conseguem ter tempo de qualidade, seus corpos produzem mais serotonina, um neurotransmissor que ajuda a aliviar a depressão e cria um sentimento geral de bem-estar. Ainda segundo o estudo, as mulheres normalmente apresentam mais facilidade na hora de compartilhar sentimentos e os homens costumam fazer amizade por meio de atividades em grupo, como passatempos ou esportes.

Estudos da Universidade de Harvard comprovaram que mulheres com um forte vínculo de amigas têm mais chances de conseguir cargos executivos e salários mais altos. Normalmente, mulheres passam por mais preconceitos e julgamentos, e ter amigas a quem pedir conselhos e apoio torna a vida mais fácil. Ter amizades próximas muitas vezes pode ser como ter um passo a passo para conquistar seus objetivos.

Homens normalmente não se abrem com seus amigos, mas mulheres têm facilidade para desabafar com suas amigas e isso traz grandes benefícios à saúde. Segundo estudos, mulheres com uma rede de apoio feminina em tempos de estresse têm uma saúde melhor e vivem por mais tempo. Sabemos que, de modo geral, mulheres vivem mais que homens e uma das explicações para isso está no comportamento feminino de tend-and-befriend.

Normalmente, o comportamento masculino é o de “lutar ou fugir”, reação psicológica que ocorre em situações de estresse, ataque ou perigo. Esse tipo de comportamento, por mais que muitas vezes seja inevitável ou até garanta a sobrevivência, também coloca indivíduos em posições de risco e causa problemas, principalmente quando se trata de pedir ajuda.

Muita gente tem dificuldade para pedir ajuda e acha que precisa fazer tudo sozinho e carregar o mundo nas costas. Entretanto, não precisamos ser fortes o tempo todo e mostrar vulnerabilidade ao confiar na ajuda das amizades pode ser extremamente reconfortante. É bom lembrar de que se chegamos até aqui como humanidade, é porque em tempos difíceis nos unimos em prol de um objetivo, apoio e sobrevivência. Como diria Antonio Carlos Jobim: “É impossível ser feliz sozinho.”

Com a correria da vida adulta, pode ser muito difícil manter amizades próximas e é preciso intenção e um real esforço para cultivar um grupo de amigos. Muitas vezes lidamos com o medo da rejeição e os sentimentos de insegurança, mas se formos autênticos e acreditarmos que somos queridos pelas pessoas, interações sociais normalmente se tornam mais fáceis e conhecidos podem rapidamente se tornar amigos.

Uma pesquisa demonstrou que, em média, pessoas que não se conhecem gostam uns dos outros mais do que percebemos, o que facilita transformar um estranho em amigo. A lição que podemos tirar disso é que, em vez de evitarmos eventos sociais, precisamos nos esforçar para deixar nossas inseguranças de lado, acreditando que podemos, sim, fazer novos amigos. Entenda que amizades não são necessariamente criadas naturalmente, mas por pessoas intencionadas a criar conexões.

As conexões criadas em amizades femininas são tão fortes que uma pesquisa, realizada pela empresa de saúde e spa Champneys, descobriu que mulheres tendem a criar laços mais fortes com suas amigas do que com seus parceiros e o que não faltam são motivos para isso.

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