7 Novelas famosas que erraram feio ao retratar outras culturas

Arte
há 5 meses

Brasil, como um grande produtor e exportador de novelas, comumente tenta retratar a vida estrangeira em suas produções. Contudo, não é sempre que conseguem ser fiéis a determinadas culturas, o que é claro, não passa despercebido pelo público, que eventualmente comenta as inconsistências dessas tramas. Abaixo, separamos algumas delas, confira só!

1. Sol Nascente pecou na representação da cultura japonesa

A representação da cultura do Japão em Sol Nascente provocou reações por parte do público. Entre as inconsistências mostradas na trama, se destacou a escalação do veterano Luis Melo, que não tem traços orientais, como os olhos "puxados", por exemplo, para interpretar o patriarca de uma família de imigrantes japoneses.

A escolha dos atores, porém, não foi a única imprecisão da novela. Alguns estereótipos considerados ultrapassados foram reforçados na história, como o jovem japonês nerd que ama videogames e tecnologia. Tratava-se do personagem Hideo, vivido por Paulo Chun, que também sofreu críticas da comunidade nipônica.

2. Em Negócio da China, os portugueses eram estereotipados como donos de padaria

Aquela ideia de que os imigrantes portugueses que vivem no Brasil se resumem ao “Seu Manoel da padaria” é um estereótipo que precisa ser esquecido. Mas a novela Negócio da China não escapou dos clichês ao representar uma família vinda de Portugal.

Na trama, o personagem Belarmino (Joaquim Monchique) era um imigrante português que, apesar de não se chamar Manoel, era dono de uma padaria e ostentava um bigode. Para completar, sua esposa era descrita como uma mulher que “vive aos berros”, reforçando o conceito ultrapassado de que nossos colegas lusitanos falam mais alto.

3. Em Caminho das Índias, o romance de Maya e Bahuan não seria um escândalo

No início da história, descobrimos que Bahuan (Marcio Garcia), o protagonista, é um dalit. Por ser considerado um “intocável”, como a trama sugere, seu romance com a heroína Maya (Juliana Paes) é mostrado como algo proibido. A família da jovem não aceita a relação, pois, para aquela sociedade, seria inadmissível que a moça se casasse com alguém de uma casta inferior.

No entanto, na vida real, as coisas não funcionam exatamente como a novela mostra. Acontece que nem toda a Índia obedece ao sistema de castas e essa divisão não é seguida à risca. Há muitas pessoas que não se importam com essa estratificação de classe — e o sistema, de forma geral, está perdendo relevância. A união de pessoas de castas diferentes tem se tornado cada vez mais comum. Inclusive, alguns dalits já ocupam cargos importantes no país.

4. Expressões estrangeiras e erros de tradução

Quem não se lembra dos diálogos apaixonados de Terra Nostra, que sempre deixavam escapar um “amore mio” entre uma declaração e outra? O que dizer, então, do famoso “insh’allah”, eternizado pela pequena Khadija (Carla Diaz) em O Clone? Bordões e expressões estrangeiras são comuns em produções que exploram a cultura de outros países. Eles são importantes para aproximar o público brasileiro daquela outra realidade. No entanto, em certos casos, pode haver um certo exagero.

Um indiano que vive no Brasil, Aman Rathie, contou em entrevista que Caminho das Índias pecava pelo excesso de frases em hindi. “Algumas não se encaixam no contexto e acabam ficando um pouco forçadas. Seria como fazer uma novela em Minas Gerais com os personagens falando ʽuai sôʼ ao final de qualquer frase”, pontuou. Na mesma trama, a equipe parece ter se confundido na tradução de uma palavra que era muito repetida. Os personagens usavam “badi” para se referir a “pai”. No entanto, “badi” significa “balde”. A tradução correta para “pai” seria “babadi”.

5. Em Caminho das Índias, Maya não usou a joia nath em seu casamento

Em casamentos indianos, é bastante comum que as noivas usem um acessório chamado nath. Trata-se de uma espécie de piercing no nariz, em formato de argola, com uma corrente que vai geralmente presa à orelha. Para nós, brasileiros, o costume pode parecer incomum. No entanto, por lá, o item é muito importante: na cultura hindu, a joia simboliza o matrimônio, além de ser considerada uma homenagem à deusa Parvati.

Em Caminho das Índias, Maya (Juliana Paes) e Raj (Rodrigo Lombardi) se casaram em uma linda cerimônia. Contudo, diferentemente do que aconteceria na vida real, a moça não apareceu em cena usando o nath. A ausência do item na caracterização da personagem pode ter sido um descuido da equipe de produção. Curiosamente, no início da novela, quando Maya se casou com uma árvore para se livrar de uma maldição, ela apareceu com a peça.

6. Em O Clone, as roupas de dança do ventre não eram típicas do Marrocos

A dança do ventre era presença recorrente em O Clone, trama que desenrolava boa parte de sua história no Marrocos. Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício), os protagonistas da trama, se veem pela primeira vez quando a moça está praticando uma coreografia. Mas o figurino da atriz não era uma roupa tipicamente marroquina.

Para a jornalista Zélia Leal Adghirni, a novela exagerava na representação da dança. “As marroquinas não usam aqueles trajes de dançarinas egípcias. Turistas pagam para ver exibições de odaliscas em boates e hotéis de luxo”, pontuou. Em momentos como esse, os roteiristas provavelmente preferem recorrer à licença poética.

7. Em O Clone, Jade não seria obrigada a se casar com Said

Não era apenas a representação da dança do ventre que parecia fugir um pouco da realidade marroquina em O Clone. A vida da protagonista, Jade (Giovanna Antonelli), provavelmente seria bem diferente do que vimos na trama. A jovem se apaixona por um ocidental, o mocinho Lucas (Murilo Benício), mas é obrigada a se casar com Said (Dalton Vigh) para satisfazer os desejos de sua família. Nota-se a seriedade da união, baseando-se na cultura brasileira, através da aliança na mão esquerda da atriz, e não na direita, portanto. Um símbolo de compromisso para nós. O romance do casal principal, porém, não seria um amor impossível na realidade.

A jornalista Zélia Leal Adghirni, que morou no Marrocos, relatou que, desde a década de 1980, as coisas já não funcionavam exatamente assim: “Tanto minhas alunas como minhas colegas de trabalho tinham liberdade para escolher seus maridos. A moça sempre tinha o direito de recusar o noivo que não lhe agradava. Casar com um estrangeiro, para uma mulher, já era mais difícil. Mas não impossível. Bastava se converter, o que muitos estrangeiros (...) faziam de bom grado”.

E não são só essas produções que apresentaram gafes “grotescas” para o público. Quem diria por exemplo, que a famosa Pantanal também cometeu erros diante da audiência? Confira clicando aqui!

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