Os dias na Terra estão ficando mais longos desde 2020

Curiosidades
há 7 meses

“Tempo” é o substantivo mais usado na língua inglesa, de tão único que é esse conceito cotidiano. É claro que o tempo sempre existiu, mas a ideia de acompanhá-lo, não. Então, o que é o tempo? Os físicos dizem que é a progressão de eventos do passado para o futuro. Ele também só se move em uma direção. Pelo menos por enquanto, só podemos avançar no tempo, mas não retroceder. Hipoteticamente, a tecnologia poderia um dia nos permitir enviar um humano para o futuro — se conseguíssemos nos aproximar da velocidade da luz. Mas isso também nos permitiria viajar ao passado e voltar ao presente? Os cientistas não pensam assim. A viagem interestelar na velocidade da luz pode ser possível no futuro, mas seria uma viagem só de ida exclusivamente para o futuro.

Ainda pode haver uma maneira de viajar para o passado. O próprio Einstein propôs uma teoria na qual a viagem no tempo ao passado poderia ser alcançada através da Ponte de Einstein-Rosen — também chamada de “buraco de minhoca”. Em astronomia, buracos de minhoca são túneis que conectam dois lugares no espaço. Viajando através de um buraco de minhoca, você poderia, hipoteticamente, percorrer grandes distâncias pelo espaço — mesmo que as duas extremidades do buraco de minhoca estivessem muito distantes. Os cientistas também observaram que o tempo fica distorcido dependendo da velocidade em que nos movemos. Quanto mais rápido nos movemos, mais lentamente o tempo passa. Se pudéssemos atingir a velocidade da luz, o tempo pararia.

Isso acontece porque a velocidade da luz é a coisa mais rápida que conhecemos. É a velocidade máxima que um objeto pode alcançar. Em teoria, quando um objeto se aproxima dessa velocidade, o tempo começa a desacelerar em comparação com o tempo na Terra. Os cientistas chamam esse efeito de “dilatação do tempo”. Isso significa que os intervalos de tempo começam a “esticar” quanto mais rápido você se move. Se você tivesse um relógio no pulso e outra pessoa que também usasse um relógio passasse por você na velocidade da luz, o relógio dela estaria andando muito mais devagar do que o seu. A verdade é que estamos, de fato, vivendo no passado. Não é uma metáfora; é biologia humana. Nossos cérebros não registram eventos até cerca de 80 milissegundos após ocorrerem. Esse pequeno salto entre o presente e o passado é o motivo pelo qual alguns físicos pensam que não existe “agora” e que o tempo presente não passa de uma ilusão.

Nossos cérebros têm sua própria maneira de contar o tempo. Se você chegou ao trabalho a tempo nesta manhã, agradeça ao seu despertador, claro, mas agradeça ao seu cérebro também. Ele tem um relógio interno preciso que permite sentir a passagem do tempo sem realmente verificar o dispositivo no pulso. Claro, também temos nossos ritmos circadianos. São esses ciclos de 24 horas, sempre correndo em segundo plano, que nos permitem realizar funções essenciais, como a hora de dormir e a hora de acordar. Como estamos expostos à luz durante o dia, o relógio-mestre começa a enviar sinais que nos deixam mais alertas. Eles nos ajudam a ficar acordados e ativos para que possamos continuar com nossas atividades ao longo do dia. À noite, como há cada vez menos luz, nosso relógio-mestre interno permite que nosso corpo saiba que é hora de produzir melatonina, um hormônio que promove o sono. Durante a noite, ele também continua enviando sinais que nos ajudam a dormir.

E o nosso planeta? Seu movimento afeta de alguma forma nosso conceito de tempo? Os relógios atômicos — os mais precisos do mundo — mostraram que a duração de cada dia está ficando mais longa, e os cientistas não sabem por quê! A forma como medimos o tempo tem impacto não apenas nos nossos horários, mas também nas tecnologias que usamos na nossa vida moderna, como o rastreamento por GPS, por exemplo. Nas últimas décadas, a rotação da Terra em torno do seu próprio eixo vem se acelerando. Essa rotação é o que determina a duração de um dia. Surpreendentemente, em junho de 2022, passamos pelo dia mais curto recorde no último meio século. Ele foi, em média, mais curto em 1,59 milissegundos. (Puxa, eu perdi isso!) Apesar desse recorde, desde o ano de 2020, a duração total de um dia está se tornando mais longa.

Muitas mudanças — aquelas que ocorrem ao longo de milhões de anos ou quase instantâneas — podem afetar a duração de um dia. Mesmo terremotos e tempestades fortíssimas podem atrapalhar o relógio não tão preciso do nosso planeta. Um dia raramente dura 86.400 segundos exatos. Por exemplo, o Grande Terremoto de Tōhoku de 2011 no Japão pode ter acelerado a rotação da Terra, encurtando o dia em 1,8 microssegundos. Então, o que está causando dias mais longos? Muito provavelmente, a rotação da Terra foi desacelerada pelos efeitos de fricção das marés causados pela nossa Lua. Isso adiciona cerca de 2,3 milissegundos à duração de cada dia a cada século. Vou poupá-los da matemática, mas isso significa que alguns bilhões de anos atrás, um dia na Terra tinha apenas 19 horas de duração. Pode ser que venhamos a precisar de um segundo bissexto negativo para garantir que não saiamos da sincronia com o nosso planeta. Um segundo bissexto seria um período de tempo removido (ou adicionado) do Tempo Universal Coordenado para compensar a diferença na rotação da Terra. Esse segundo extra parece improvável agora. A única mudança, por enquanto, é que temos alguns milissegundos extras a cada dia.

Esta não é a primeira vez que usamos segundos bissextos para sincronizar nossos calendários. 27 segundos bissextos foram adicionados desde 1972. A próxima data provável para essa adição está prevista para 30 de junho de 2023. A maneira como percebemos o tempo também depende das culturas de onde viemos. Vamos pegar um atraso, por exemplo. (Eu? Eu nunca estou atrasado.) Chegar atrasado é aceito na maioria dos países mediterrâneos — ninguém fica realmente chateado. Em outros países mais conscientes da pontualidade, como EUA, Inglaterra ou Suíça, estar “no horário” significa estar um minuto atrasado no máximo! Os países de onde viemos também podem ser orientados para o futuro ou para o passado. As sociedades orientadas para o futuro, por um lado, têm muito otimismo em relação ao futuro. Elas veem a gestão como uma questão de planejar e fazer — em vez de apenas deixar as coisas acontecerem. Os Estados Unidos são um dos países de ritmo mais rápido do mundo e são um exemplo-chave de uma cultura orientada para o futuro. São aqueles que valorizam estarmos ocupados.

Culturas orientadas para o passado, como a Índia, têm uma maneira mais tranquila de ver o tempo. Esses tipos de sociedade estão preocupados com os valores tradicionais. Eles tendem a ser mais resistentes à mudança. Nessas culturas, os trens podem atrasar várias horas ou até um dia inteiro, e isso não causa nenhum estresse nem turbulência. É difícil pontuar desde quando as pessoas estão mantendo o controle do tempo. Mas em 2013 os arqueólogos encontraram o que pensavam ser o calendário lunar mais antigo do mundo. Eles tropeçaram nessa relíquia enquanto escavavam um campo na Escócia. O calendário consiste em uma série de 12 buracos que parecem representar as fases da Lua. Acredita-se que esse calendário antigo data de 8.000 antes de Cristo. Quanto ao objeto mais antigo conhecido no Universo, é uma galáxia chamada z8_GND_5296. Achamos que ela tenha cerca de 13,1 bilhões de anos, tornando-a cerca de 700 milhões de anos mais jovem que todo o Universo.

Na Terra, o objeto mais antigo que conhecemos é um cristal de zircão de 4 bilhões e meio de anos. Ele foi descoberto em Jack Hills, na Austrália Ocidental, e é 160 milhões de anos mais jovem do que o nosso próprio planeta.

O relógio mais preciso do mundo está localizado no Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia em Boulder, no Colorado, nos EUA. Ele mede o tempo com base nas vibrações de um único íon de alumínio. E também deve permanecer preciso por 33 bilhões de anos. Nós vamos verificá-lo e ver como foi.

Você já se perguntou por que toda vez que você compra um relógio novo ele está ajustado automaticamente para as 10h10? Existem várias teorias por trás dessa escolha, mas na verdade é pela aparência. Isso faz com que o relógio analógico pareça limpo e simétrico. Assim também não tapa nenhum logotipo no centro do mostrador do relógio. Os relógios costumavam ser ajustados para 8h20 no momento da compra, e alguns ainda são. Mas os ângulos para baixo dos ponteiros fazem parecer que o relógio está franzindo a testa, tornando-o menos convidativo. Claro, ninguém quer comprar um relógio brabo.

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