O que acontece se você não piscar

Saúde
há 7 meses

Estamos tão acostumados com as coisas que nosso corpo faz para nos manter vivos todos os dias, que nem prestamos atenção no modo como dormimos, falamos, respiramos ou piscamos. Mas o que aconteceria se o seu corpo parasse de fazer qualquer dessas coisas de repente? Quanto tempo levaria para que isso se tornasse um problema?

Não que algum dia eu tenha considerado fazer algum voto de silêncio, mas às vezes penso o que aconteceria se eu parasse totalmente de falar. Será que isso faria eu perder a minha voz por falta de uso?

Vamos dar uma olhada no que especialistas da Universidade da Columbia têm a dizer sobre o assunto! Primeiro, as cordas vocais são músculos. Então, precisam de treino frequente para se manter em forma. Se você parasse de falar, esses músculos começariam a se atrofiar depois de um tempo.

Por consequência, sua voz se tornaria mais fraca e mais aguda. E o pior: ela poderia ficar rouca; basicamente, ficaria mais difícil para você falar de modo geral. Ou seja, essa é uma daquelas situações em que, se você não usa, perde. Bem, mais ou menos.

Felizmente, respirar e comer entram nessa equação. Esses processos manteriam seus músculos em forma. Além disso, por mais que você ficasse calado, isso não causaria nenhum dano permanente. Assim que você voltasse a usar suas cordas vocais, sua voz também voltaria.

Todos nós sabemos o que aconteceria se parássemos de tomar banho — ficaríamos fedendo. Mas vamos analisar essa situação pelo ponto de vista científico! Que tal um experimento no qual a pessoa fica um ano inteiro sem se lavar?!

Dependendo da pessoa, a pele começaria a ficar extremamente oleosa ou muito seca. As partes mais oleosas do corpo, como atrás das orelhas e o pescoço, juntariam poeira e outras sujeiras e até mudariam de cor.

Já a cabeça ficaria coçando o tempo todo, por causa do acúmulo de células mortas. Após tanto tempo sem se lavar, a pele dessa pessoa levaria semanas para voltar ao normal!

Esse pode parecer o sonho de todo mundo, mas vamos analisar o que aconteceria se você não se levantasse da cama.

Os primeiros órgãos a sentir a mudança seriam os seus pulmões. Sem a gravidade para puxá-los para suas posições-padrão, a parte inferior deles enrugaria. Mas tossir de vez em quando ajudaria a reduzir esse efeito.

Mas esse não é o único efeito colateral — você também começaria a perder 1% de sua densidade óssea a cada semana. Isso deixaria seus ossos mais quebradiços.

Por falar nisso, esse é o motivo pelo qual astronautas — que podem ficar meses sem contato com a gravidade — precisam se movimentar pelo menos duas horas por dia e garantir que haja cálcio suficiente em sua alimentação.

Esse mesmo 1% se aplicaria à sua massa muscular. Primeiro você começaria a ver os efeitos dessa falta de movimento em suas coxas e ombros.

Os açúcares não usados, que antes iam para os músculos, começariam a se acumular no sistema cardiovascular após cerca de 10 dias.

Depois de passar um mês inteiro de cama, seu coração acabaria bombeando 30% a menos de sangue em cada batida. Haveria menos oxigênio em seu corpo e você se sentiria ainda mais cansado. O que parece até contraditório, visto que você passaria o mês inteiro deitado!

O que aconteceria se você prendesse sua respiração por muito tempo? Vamos dar uma olhada na linha do tempo.

Primeiro, os níveis de oxigênio do seu cérebro diminuiriam, seguidos por um aumento no nível de dióxido de carbono. (Geralmente, seu corpo elimina esse gás rapidinho quando você expira.)

Após cerca de 60 segundos, as células do seu corpo começariam a se comportar de forma diferente. Todas as partes do seu corpo seriam afetadas por essa súbita mudança. Seu coração começaria a bater de forma irregular.

Se você não começasse a respirar a essa altura, acabaria desmaiando. Assim como muitos outros mamíferos, nós, humanos, temos um “reflexo de mergulho”. Isso é um mecanismo automatizado com o qual já nascemos.

Ele garante que seu cérebro sempre tenha oxigênio suficiente, mesmo em situações de emergência. Esse “reflexo de mergulho” começa a trabalhar muito toda vez que seu rosto é submerso na água. Mas isso pode acontecer em terra firme também.

Sua principal meta é garantir que seu cérebro continue funcionando, custe o que custar. Então, ele manda seu corpo redirecionar todo o sangue de partes “não essenciais” (como pernas ou braços) para o cérebro.

Agora, o que aconteceria se você parasse de piscar ou se não piscasse com muita frequência?

Para começar, suas córneas aumentariam. A córnea é a única parte do seu corpo que não recebe sangue. Mas ela ainda precisa de oxigênio para funcionar apropriadamente. E ela capta esse oxigênio diretamente do ar!

Por falar nisso, esse é o motivo pelo qual sua córnea incha — só um pouquinho — quando você dorme. Mas ela volta ao normal de manhã.

Depois, seus olhos provavelmente começariam a secar, pois o filme de lágrimas não seria reposto. E sabe o que isso significa? Dor nos olhos e visão embaçada.

Piscar também ajuda a remover toda a sujeira e poeira de seus olhos. Então, se você parasse de mexer suas pálpebras, todas essas impurezas ficariam presas em seus olhos, causando sérios danos.

A gente nunca dá a devida importância à mastigação, você não acha? Mas pense comigo: esse é o primeiro estágio da digestão. Mastigar ajuda seu estômago a processar com mais facilidade o alimento que você come, quebrando-o em pedaços menores.

Mastigar menos (ou não mastigar de forma alguma, caso você opte por uma alimentação totalmente líquida) pode causar danos não só ao sistema digestivo, mas, surpreendentemente, aos músculos de suas mandíbulas também. Sem os movimentos regulares da mastigação, seus traços faciais mudariam em pouco tempo!

Mastigar também permite que seu estômago saiba quando é hora de aumentar a acidez para processar melhor a comida.

Seus sentidos são muito importantes para sua vida cotidiana. E aqui está um truque que o cérebro humano consegue fazer: quando um sentido é perdido ou danificado, outro pode se tornar mais aguçado.

Quem tem uma visão ruim pode conseguir ouvir melhor, enquanto quem tem problemas de audição pode enxergar mais. Pesquisas recentes mostraram que o cérebro pode se reprogramar, dando mais poder a outros sentidos quando um deixa de funcionar apropriadamente.

Eles notaram isso em lombrigas microscópicas. Elas apresentavam um comportamento peculiar quando tinham o sentido de tato prejudicado. Aí, o sentido de olfato delas se tornava supersensível, e elas conseguiam encontrar fontes de alimento que tinham cheiro muito fraco.

Da mesma forma, pessoas com deficiência visual têm algo em comum com os morcegos. Ficou surpreso? Pois eu fiquei! Essas pessoas aprendem a usar sua audição aguçada para navegar por aí com mais eficiência.

Elas fazem uma série de ruídos em cliques rápidos — que é exatamente como os morcegos usam sua sonda para encontrar o caminho quando não há luz.

Seu cérebro abriga 86 milhões de neurônios. Então não deveríamos nos surpreender quando descobrimos que ele tem uma espécie de plano B para o caso de alguma de suas partes falhar, né?

Mas aí há outra pergunta: “Por que nossos sentidos não são aguçados desde o começo? Quer dizer, já nascemos com essa capacidade, então por que não a ativamos sem que algo deixe de funcionar?”

A explicação é um pouco complexa. Sobretudo por causa da incapacidade do nosso corpo de trabalhar muito por longos períodos de tempo.

Para ser mais preciso, seu corpo está sempre procurando obter — e manter — certo equilíbrio para funcionar apropriadamente.

Quando um sentido é retirado, outro precisa se tornar mais forte. E mais: todas essas mudanças em nossos sentidos, dependendo das circunstâncias, parecem ser reversíveis. E isso ilustra novamente a necessidade do corpo humano de funcionar em harmonia.

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