Garota desafia a medicina ao (sobre)viver com o coração fora do peito
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Hoje em dia as relações entre pais e professores mudaram radicalmente. Frequentemente os pais acompanham de perto o processo de aprendizado de seus pequenos, e cada vez mais apontam sugestões ou correções nele. Certamente existem diversos tipos de professores, mas a maioria ainda ama o seu trabalho. Porém, quando de um lado há pressão dos pais para dar atenção especial para seu filho, e do outro, as exigências da escola por relatórios mensais quilométricos, só resta uma coisa a fazer: desabafar.
A autora deste post do Incrível.club é professora do ensino fundamental, e ela e seu colegas têm algumas recomendações a fazer aos papais e mamães dos alunos.
Não é incomum que os pais queiram dar um direcionamento e moldar os interesses de seus filhos, às vezes até sendo intransigentes. Eles anseiam por ver seus pequenos como vencedores do Prêmio Nobel na área da Neurobiologia, juiz da Corte Internacional de Justiça da ONU ou medalhista olímpico de natação. E, como resultado, a criança, com toda essa pressão, acaba por negar tudo aquilo que a traria prazer para poder corresponder às ambições dos pais.
Os pais frequentemente não percebem os primeiros sinais de fadiga e esgotamento nervoso da criança: irritabilidade, súbitas alterações de humor, má qualidade do sono. Eles não se preocupam com isso, especialmente se o aluno continua tirando notas boas.
Quando a criança tem quadros de irritabilidade ou está de mau humor, ela pode aparentar ser mal-educada ou desrespeitosa. No entanto, os médicos já deixaram bem claro que os pequenos podem desenvolver quadros reais de depressão clínica.
Preocupados com as conquistas e dificuldades de suas crianças, os pais nem sempre entendem que os professores têm uma vida própria. A disponibilidade de aplicativos de mensagem como o Viber, WhatsApp e Telegram criam a ilusão de que o professor está sempre disponível para contato. E se ele não responder a uma chamada ou mensagem fora da sua hora de trabalho, corre o risco de ser considerado “desatencioso”.
Frequentemente, comparecem às reuniões apenas os mesmos pais e mães, e ainda assim em pequeno número. É compreensível que depois de um longo dia de trabalho os pais não consigam reunir forças suficientes para ir à escola e ouvir os assuntos da pauta. Porém, sem a participação deles, simplesmente não é possível resolver as questões que surgem.
Muitas vezes, os pais poupam os pequenos e não delegam algumas tarefas básicas. Como resultado, alguns alunos não conseguem nem sequer se servir direito. Para o adulto é mais fácil gastar um minuto para arrumar a mochila, do que diariamente ensinar e incentivar a criança a ter que arrumar suas coisas e ter uma atitude responsável.
A situação em relação à educação física nas escolas é lamentável. Muitos pais decidem por si próprios se o seu filho irá ou não participar das atividades da aula, e, para faltar de uma maneira “oficial”, mandam recados para os professores ou atestados médicos sem uma razão concreta aparente. Como resultado, observa-se que as crianças em idade escolar têm um déficit de atividade física: zero destreza e zero resistência, e, no entanto, todas elas têm uma prédisposição para escoliose.
Alguns pais, por alguma razão, encorajam seus filhos a responderem aos seus professores. Mas entre “não fique envergonhado na frente do seu professor” e “confronte o professor” existe uma grande diferença. Essa criança não tem medo de dizer na cara do professor: “Não enche!”; porque mesmo sabendo que vai receber uma severa repreensão, ela será vista como “valente” por seus colegas de classe. Esse comportamento é mais comum entre os alunos dos últimos anos do ensino médio, afinal, eles vão deixar a escola para sempre, e, portanto, como eles mesmos dizem, podem correr esse risco.
Uma professora de física disse: “Um aluno do 9º ano com raiva de mim, por sua nota baixa na última prova, gritou comigo na frente de todo mundo: ’Sua idiota!’. Todos os alunos riram bastante. Quando convidei o pai desse aluno para uma conversa, ele disse bem diretamente: ’Não se ofenda, o menino está crescendo’”.
As crianças estão sempre tentando imitar aqueles, cuja autoridade elas reconhecem, e que lhes parecem ser muito legais. Hoje em dia, geralmente, são os blogueiros adolescentes, com os quais elas podem aprender insultos e até mesmo palavrões. Os pais lavam suas mãos e dizem que não podem controlar tudo o que as crianças assistem na internet.
Por causa do intenso currículo escolar, dos círculos de amizade em desenvolvimento, e até das interações pessoais terem sido substituídas por gadgets, as crianças de hoje praticamente não têm infância. Não há tempo, forças ou desejo (e esse é preciso enfatizar) para correr para a rua e brincar com os amigos. Por outro lado, isso também acontece porque os amigos estão também ocupados com seus gadgets.
Provavelmente, se um professor tivesse falado tudo isso a alguns pais cara a cara, poderia ter criado uma situação desagradável. Mas e você, concorda com alguma das opiniões acima?