Um dia na vida de uma mãe de família pelos olhos de uma artista que chama atenção para um importante problema

Mulher
há 3 anos

Emma, artista francesa, publica em seu blog comics bem divertidos. Suas criações não são meras imagens, e sim sérias reflexões sobre alguns problemas enfrentados pela sociedade atual. Resolvemos apresentar um dos quadrinhos mais impactantes da artista, batizado de “Você deveria ter pedido”. Ele descreve um drama que quase todas as mães de família conhecem bem.

O Incrível.club adverte: é provável que, depois de conferir esse comic, você tenha uma acalorada discussão em família. Inicialmente, ele causou reações tão inflamadas por parte de leitores (e particularmente de leitoras) do blog de Emma que a autora chegou a publicar um livro sobre os direitos e deveres das mulheres em família, chamado Sobrecarga psicológica: um comic feminista (tradução livre). Acredite, esse livro não tem nada de propaganda de um feminismo radical. Ele apenas chama a atenção para um problema sobre o qual muitas famílias evitam falar. Esperamos que, depois de ler este post, você e seu parceiro tirem as conclusões corretas, e que o vínculo familiar se torne ainda mais forte.

A história em quadrinho começa com uma cena pequena, porém reveladora. Certa vez, uma amiga de Emma a convidou para jantar. Quando Emma chegou à casa da mulher, foi recebida pelo marido da outra, enquanto ela estava preparando o jantar e cuidando das crianças.

Enquanto o marido da amiga e Emma conversavam alegremente na sala de estar, a anfitriã deixou algo queimar na cozinha. O marido e a convidada foram ver o que acontecia, e se depararam com uma imagem um tanto sombria.

Então, vem a resposta do marido, que Emma considera típica de muitos pais jovens.

“Quando um homem espera que sua parceira lhe peça para fazer algo, é porque a vê como uma espécie de gerente dos afazeres domésticos. Uma gerente que sempre sabe o que fazer e quando fazer. O problema é que o planejamento e a organização de todos os assuntos ligados ao lar exige o mesmo tempo que um expediente completo de trabalho num escritório”. escreve Emma. No fim das contas, a mulher acaba ficando responsável por organizar e executar quase todo trabalho doméstico.

O dia típico de uma mulher é mais ou menos assim.

Só que, geralmente, as mulheres não precisam dar conta apenas da casa e dos filhos, mas também de seu próprio trabalho fora de casa. Elas tentam fazer tudo que tinham planejado, sem esquecer nada. Emma chama isso de sobrecarga psicológica. “É um trabalho constante e muito cansativo, apesar de quase sempre invisível”, afirma a artista.

Em seguida, a autora reflete sobre a distribuição das responsabilidades na família, algo que não é nato, só que meninos e meninas são criados de maneiras muito diferentes. Desde muito cedo, as meninas ganham brinquedos em forma de bonecas, panelas, etc. Mas boa parte das pessoas achará estranho um menino brincando com esses objetos. Independentemente do quanto o mundo tenha avançado, na consciência das massas, a mãe de família continua sendo considerada a principal guardiã do lar, com responsabilidades entediantes, enquanto o homem é visto como um “herói” em busca de aventuras, cujas “façanhas” são realizadas sobretudo fora de casa.

E ainda que hoje em dia as mulheres trabalhem tanto quanto os homens, muitas vezes elas continuam sendo as únicas responsáveis pelos afazeres domésticos. Infelizmente, nem sempre os homens refletem sobre isso. “Vemos as mães que atuam como gerentes do lar, enquanto os pais apenas esperam as instruções”, diz Emma.

Emma chama atenção para o seguinte ponto: muitas vezes, o homem entende os pedidos de ajuda de maneira literal, fazendo exatamente o que foi pedido. “Quando eu peço para ele lavar a mamadeira do bebê que está na pia, ele lava apenas a mamadeira, deixando o resto da louça lá. Não percebe que é hora de trocar a fralda da criança até que que peça. E nunca prepara uma comida separada para o bebê, por exemplo”. Esses são alguns exemplos dados pelas amigas de Emma. Talvez os homens simplesmente não se deem conta de que estão cumprindo apenas uma pequena parte do que há a ser feito. Apesar disso, obviamente, muitas mulheres já se sentem satisfeitas por receberem qualquer tipo de ajuda.

“Conheço vários pais que não fazem ideia de como alimentar ou vestir uma criança, apesar de terem vários filhos”, diz a artista.

Aqui, a dica é uma só: não tenha medo de deixar a criança sozinha com o pai. Caso uma pequena catástrofe aconteça, os dois acabarão mais unidos e aprendendo um com o outro.

No final do comic, prevendo o descontentamento dos homens, Emma escreve: “Você pode dizer que na sua família as coisas são diferentes, mas o quadro geral é decepcionante. De acordo com o Instituto Francês de Estatística, as mulheres gastam 2,5 vezes mais tempo cuidando das tarefas domésticas do que os homens”.

Como mudar a situação?

  • Emma propõe que os pais jovens cuidem do bebê o máximo possível desde os primeiros dias de vida. Se possível, que tirem férias do trabalho durante os primeiros meses, que são os mais difíceis.
  • O mais justo é dividir o trabalho doméstico com a mulher ou realizá-lo em turnos. Em vez de criticar a esposa pela bagunça em casa, é preciso ajudá-la, pois não é fácil para ela. Além de que, muitas vezes, é mulher simplesmente não tem condições de fazer tudo.
  • Eduque seus filhos para que eles sejam tolerantes e não cresçam com estereótipos de que certas coisas devem ser feitas apenas por mulheres ou por homens.
  • As mulheres devem dar aos maridos mais oportunidades de controlar suas atividades de maneira independente, e não checar se eles passaram o aspirador nos cantos de parede ou como eles dão banho nas crianças. Assim, os homens ficarão mais dispostos a ajudar.

E na sua família, como as coisas acontecem? Há um acordo sobre a distribuição das tarefas domésticas?

Imagem de capa emmaclit.com

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