Por que os passageiros não entraram em pânico no Titanic

Curiosidades
há 7 meses

Na noite de 14 para 15 de abril de 1912, o transatlântico mais moderno e inafundável colidiu com um iceberg e naufragou. E isso foi incrivelmente assustador. Imagine um enorme navio de cruzeiro, com várias vezes o tamanho da Estátua da Liberdade, colidindo com um enorme pedaço de gelo e submergindo! Está escuro e frio. Tudo o que você consegue ouvir é o estrondo e o rangido de metais e madeiras quebrando. Ao seu redor, apenas as águas geladas do Oceano Atlântico sem fim. Quase não existe comunicação com o mundo exterior. Não há telefones nem Internet, ninguém mais em todo o planeta sabe que a embarcação está afundando. É um verdadeiro pesadelo.

Mas o mais chocante é que as pessoas que estavam no Titanic naquele dia não entraram em pânico. Elas estavam calmas, talvez um pouco preocupadas, mas não havia receio no rosto delas. Para entender por que não tiveram medo durante um dos maiores desastres do século 20, é preciso ver o que estava acontecendo pelos olhos delas. Então, você é um passageiro do infame transatlântico. Sua cabine fica localizada em um dos conveses superiores. E acabou de se divertir muito com seus amigos no jantar. Agora, os músicos estão tocando uma bela canção, os garçons estão servindo sobremesa. Você sai para o convés e desfruta da tranquilidade do imenso oceano. Neste momento, sente uma incrível sensação de segurança e conforto. Está orgulhoso de ser uma das primeiras pessoas no mundo a viajar na embarcação com a mais alta tecnologia do planeta.

Você vai para a cama na sua cabine e acorda porque um membro da tripulação bate suavemente na sua porta e lhe pede para ir até o convés. Aconteceu algum tipo de problema, mas não há motivo para pânico. Sem problemas! Você fica feliz em sair para olhar o céu à noite. (O momento em que o navio colidiu com o iceberg pareceu nada mais do que um leve empurrão, e alguns passageiros nem ouviram. Eles perceberam que algo estava errado apenas quando os comissários bateram em suas portas e pediram que fossem para fora.) Muita gente está no convés agora. Todos estão mais ou menos calmos. Os passageiros estão falando sobre o que pode ter acontecido. Ouvindo as conversas ao seu redor, você descobre que o navio está supostamente afundando. Essa ideia lhe parece um absurdo. E mesmo se for verdade, todos os passageiros serão evacuados em botes salva-vidas de qualquer maneira.

Naquela época, as pessoas não sabiam que havia apenas metade dos barcos de resgate necessários. Os passageiros tinham certeza de que todos seriam salvos. A evacuação começa. Mulheres e crianças vão primeiro. Ninguém entra em pânico ou tenta entrar no barco antes de chegar a sua vez. Todos os homens se comportam como cavalheiros e ajudam os membros da tripulação a evacuar as mulheres. Um passageiro quer entrar no barco com sua esposa. Mas não é porque tem medo de ficar no Titanic. O cara só está preocupado mesmo. Para ele, parece que é menos seguro dentro do barco do que no transatlântico gigante. E não quer deixar sua amada sozinha. Mas os tripulantes explicam a situação, e o homem recua sem qualquer resistência. Eles começam a lançar foguetes no ar. Ninguém presta atenção nisso. Todos pensam que este é um procedimento padrão para quando um navio quebra.

Se houvesse muitos viajantes experientes a bordo, eles teriam entendido que os sinalizadores foram disparados porque a embarcação estava em perigo. Talvez então as pessoas teriam entrado em pânico. Mas a maioria dos viajantes simplesmente não percebeu. Os botes são baixados um a um. As pessoas estão assistindo à evacuação, esperando pacientemente sua vez. Não há empurrões nem aglomeração. Ninguém grita. As ações da tripulação ajudam a manter a calma. A equipe minimiza deliberadamente a gravidade da situação para evitar o pânico. Alguém diz que os barcos estão sendo lançados simplesmente por precaução. Além disso, o pessoal afirma que um navio de resgate está em direção ao Titanic, a apenas alguns quilômetros de distância. Alguns passageiros dizem que veem as luzes dele. As pessoas que já estão sentadas nos barcos querem ficar mais perto do Titanic, pois assim se sentem mais seguras.

Muitas simplesmente não querem acreditar que algo sério está acontecendo. Mesmo quando são informadas de que o transatlântico está afundando, se recusam a admitir. Como é possível que o inafundável possa afundar? Mas é assim que a mente humana funciona. Em situações extremas, ela se recusa a acreditar que algo ruim vai acontecer agora. Você nem quer pensar sobre isso. Uma das passageiras diz que, para ela, parece que o perigo é exagerado. E afirma que todas as pessoas retornarão ao Titanic a qualquer momento. Alguns têm medo e, mesmo assim, não querem sair do navio. Cabines aconchegantes e a embarcação mais segura do mundo estão aqui. A alternativa é o oceano gelado e pequenos barcos instáveis de resgate. Alguém se recusa a deixar o Titanic porque não consegue encontrar sua bagagem. Alguns passageiros carregam todos os seus pertences, não querem deixá-los na embarcação que está afundando.

Existem muitos imigrantes a bordo, alguns nem entendem inglês. Os membros da tripulação não conseguem explicar a eles o que está acontecendo. Esses passageiros interpretam mal as instruções dos comissários durante a evacuação, não conseguem entender as placas. Muitos têm certeza de que houve algum tipo de problema no compartimento do motor, que será resolvido em breve, e o Titanic continuará sua viagem. As pessoas só começam a perceber que é um naufrágio quando ele começa a se inclinar para a frente e sua parte traseira se eleva acima da água. É quando aqueles ao seu redor começam a entrar em pânico. Alguns pulam na água, outros vão para os botes salva-vidas sem esperar na fila. Mas, em geral, não há caos e histeria. E isso apesar do fato de haver cerca de 1.500 pessoas a bordo.

Cientistas afirmam que algumas delas nunca saíram de suas cabines, se recusando a deixar suas coisas para trás e não acreditando que algo sério estivesse acontecendo. Durante a evacuação, a orquestra está tocando. Isso ajuda a manter a calma. A música faz parecer que tudo vai ficar bem. Ela continua tocando no Titanic quase até o fim. Por volta das 2h05, a tripulação baixa o último barco com passageiros. Quinze minutos depois, o navio afunda. Mesmo depois da tragédia, os passageiros sobreviventes não conseguem entender o que lhes aconteceu. Se lembram de entrar nos barcos e de se afastar do enorme transatlântico. E não esquecerão de vê-lo afundar. Mesmo depois de um tempo, ainda não conseguem perceber a terrível catástrofe que acabaram de vivenciar.

Algum tempo depois, as pessoas começaram a escrever livros sobre esses fatídicos acontecimentos. Documentários e longas-metragens foram produzidos. As notícias sobre o Titanic estavam em todos os jornais e espalhou-se por todo o mundo. Em qualquer descrição daquele dia, a tragédia pareceu um desastre terrível. Mas aqueles que estavam lá admitiram que não sentiram pavor. Simplesmente não podiam acreditar no que estava ocorrendo. É um acontecimento que pode parecer mais terrível para as pessoas que ouviram falar dele do que para as que o vivenciaram. Muita gente em todo o mundo recusou-se a embarcar em grandes transatlânticos após a catástrofe, com medo do que poderia acontecer. Ao mesmo tempo, muitos remanescentes da tragédia continuaram viajando em outros navios. Houve uma mulher que sobreviveu a três naufrágios, incluindo o do Titanic, e ainda assim continuou viajando.

E se as pessoas tentassem retirar o Titanic do fundo do mar? Isso aconteceu muitos anos após o acidente. Então, a operação de US$ 5 milhões falhou. Tiras de nylon foram presas em uma parte grande do navio naufragado. As outras extremidades das tiras foram colocadas em motores a diesel. Para toda a operação, foi utilizado um mini submarino. Um pedaço do Titanic, pesando 21 toneladas, estava sendo puxado quando uma das tiras se rasgou. E então, uma por uma, as outras começaram a se romper também. O enorme pedaço do navio caiu de volta no fundo do mar. Àquela altura, os participantes da operação de resgate já estavam sem comida. E como a costa mais próxima ficava bem longe, decidiram não tentar mais.

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