O que acontece com seu corpo se você andar em uma montanha-russa todos os dias

Curiosidades
há 7 meses

Eeeeee... Pare bem aqui. Sim, olhe, sou eu, em uma montanha-russa. Totalmente sem emoção, como se eu estivesse andando numa bicicletinha de criança, e não na montanha-russa mais rápida do mundo. Mas vamos começar do início. Volte lá para dois meses atrás. De novo não! Estou atrasado para o trabalho pela terceira vez esta semana e desta vez com certeza vou ser demitido. Ok, de qualquer maneira, eu nem gostava mesmo daquele trabalho chato que eu tinha no escritório.

Sabe do que eu mais amo? Montanhas-russas. Então, quando vi a oferta de emprego para ser um testador de montanha-russa, liguei imediatamente. E meu novo trabalho era fazer um test drive em todas elas nos parques de diversões ao redor do mundo. O trabalho era por 60 dias e eu andaria de montanha-russa todos os dias durante esse período.

Dia 1
Eu não fui o único a conseguir o emprego. Acontece que contrataram pessoas diferentes para testar as montanhas-russas: homens e mulheres, velhos e jovens, baixos e altos.
Deveríamos apenas andar nelas e então relatar como nos sentimos. O trabalho começou em New Jersey com a Kingda Ka, a mais alta do mundo. Ela tem 139 m de altura, que é mais do que a Estátua da Liberdade, e tão alta quanto a Grande Pirâmide de Gizé.

Dia 2
Fomos então para o sul e andamos nas da Pensilvânia, Ohio e Virgínia. Algumas delas não foram tão divertidas, e eu realmente preciso de algo mais emocionante. Estou me sentindo cheio de energia e feliz, e quando volto para o hotel depois de um longo dia de trabalho, não fico nem um pouco cansado e até mesmo pratico esportes de noite. De qualquer forma, por mais divertidas que as montanhas-russas sejam para nós, o cérebro vê tudo isso como uma ameaça, ao se ver pendurado a centenas de metros acima do solo, não sendo capaz de prever para onde será levado.

Quando você enfrenta uma situação que parece perigosa, seu cérebro libera adrenalina, que lhe dá um impulso de energia para ajudá-lo a lidar com isso e também com estresses menores. Há apenas três dias, eu estava bem sobrecarregado com minha vida, preocupado em ter que procurar emprego e um novo lugar para morar. Agora, não me sinto mais estressado e corri 16 quilômetros à noite.

Quando você está em uma montanha-russa, sua frequência cardíaca e a pressão arterial aumentam. Além disso, há uma melhor circulação sanguínea, o que permite um ótimo fluxo de oxigênio. Talvez seja por isso que me sinto tão bem. Seja qual for o motivo, andar de montanha-russa funciona como mágica.

Dia 8
Hoje passamos parte do dia no Six Flags, o parque temático mais famoso da América Latina. Meu local favorito lá foi a “Superman El Ultimo Escape”. Ela atinge a velocidade de 120 km/h e tem duas hélices de 360 ​​graus. Agora, terminamos a América do Norte e vamos para a América do Sul, onde passaremos uma semana.

Eu nem mesmo me sinto cansado, embora literalmente viva em trens e aviões agora, viajando de um parque de diversões para outro. E ainda corro aqueles 16 quilômetros todos os dias, o que é surpreendente. Além disso, recebemos um livreto para estudar a história das montanhas-russas. Certo, elas foram inspiradas nos escorregadores russos de gelo do século 18. Eles tinham cerca de 24 m de altura e uma descida de 50 graus. Mas a primeira foi feita na França em 1804 e era uma carroça com rodas. Ok, não era grande coisa.

Dia 15
Já visitamos parques de diversões no Brasil, na Argentina e no Chile. Como profissional, notei que a Katapul, do Hopi Hari no Brasil, foi muito legal. Ela tem um loop vertical onde você vai primeiro para a frente e, de repente, para trás.
Estamos finalmente indo para a Europa! Nunca estive lá antes e agora estou prestes a testar todas as melhores montanhas-russas da França, Espanha e muitos outros países.

Parece legal, mas por algum motivo não estou tão animado com isso. Sim, elas são divertidas, mas estou ficando um pouco cansado disso. Ok, talvez seja apenas jetlag. Depois da América do Sul, notei que o que eu tanto adorava deixou de ser tão emocionante. Não me sinto com energia, pelo contrário: quando o dia de trabalho acaba, estou exausto como nunca antes. Meu cérebro deve ter se acostumado com algo estranho acontecendo comigo o tempo todo, e os passeios estão ficando bastante previsíveis.

Além disso, meu pescoço e minhas costas doem um pouco. Todos esses movimentos bruscos colocam muita pressão. E, embora a maior parte do corpo esteja presa contra o assento, a cabeça não está. O pescoço força muito para apoiá-la e mantê-la firme enquanto a montanha-russa me leva em direções aleatórias. Então, não é à toa que começou a doer. Também o cérebro e os órgãos internos realmente se movem um pouco. Mas isso é só um fato aleatório. Então, meu corpo está começando a sentir que precisa de uma pausa. Mas tenho um contrato assinado e ainda faltam seis semanas.

Dia 30
A Europa foi super divertida, com várias montanhas-russas muito legais. Particularmente, minha favorita foi a Der Schwur des Kärnan no Hansa-Park na Alemanha. Ela começa totalmente no escuro, e você anda ouvindo uma música épica sem ter ideia do que está por vir. Fiquei até impressionado. Mas eu definitivamente teria gostado mais dela se não fosse meu teste de número 300 naquele mês.

Minhas costas e pescoço ainda doem. Até tive que comprar uma pomada para me sentir melhor. Mas não ajudou. No dia seguinte, de volta ao trabalho. No hotel, a única coisa que faço é me deitar, para tentar adormecer. Pegar no sono tornou-se realmente desafiador. Isso é o que a adrenalina fez comigo. Eu apenas relaxo e assisto a alguns filmes. Eu gostaria de poder parar a viagem e voltar para casa pra descansar um pouco depois de ser arrastado para lá e para cá o dia todo, mas não posso. A próxima parada é na Ásia Ocidental. Uhu. Mais um mês pela frente.

Dia 45
Estivemos nos Emirados Árabes, Japão, China. Países com alguns dos melhores parques temáticos do mundo, e onde nunca havia estado antes. Andamos na montanha-russa mais rápida do mundo. O nome dela é “Fórmula Rossa” e fica nos Emirados Árabes. Ela atinge a velocidade de 240 km/h, o que é muito mais do que qualquer limite das estradas. Há dois meses eu estaria gritando como um louco se tivesse ouvido falar dessa oportunidade. Mas agora me preocupo mais em não desmoronar. Nem me lembro da última vez em que meu pescoço não doeu.

Sinto como se a minha cabeça fosse logo cair fora. Cada vez que uma pessoa está em uma montanha-russa, ela fica cerca de cinco vezes mais pesada, e o pobre pescoço é tudo o que a sustenta. Isso é tudo por causa da gravidade puxando para baixo em direção ao centro da Terra. Quando se está em uma montanha-russa, a gravidade é muito maior do que no chão. E ela exatamente o que faz as montanhas-russas funcionarem. Elas são projetadas de forma a tirar vantagem disso.

Na subida, acumulamos energia. Então, na descida a energia é liberada. Portanto, toda volta na montanha-russa é uma combinação de subidas e descidas, ou seja, acumulação e liberação de energia. Mas, à medida que subimos, a força da gravidade aumenta. Portanto, 1G é a força normal que sentimos quando estamos no chão. Em média, uma pessoa pode suportar até 5G, e é isso que experimentamos em uma montanha-russa.

Quando você sente a força gravitacional de 5G, passa a pesar cinco vezes mais. Portanto, se o seu peso é 68 kg, em uma montanha-russa será 340 kg. E sua cabeça pesará cinco vezes mais também. Então, sim, é por isso que meu pescoço dói. Eu vou superar isso. Faltam apenas duas semanas.

Dia 61
Finalmente estou em casa e nunca me senti tão bem. Recebi meu salário e tive a experiência de andar nas melhores montanhas-russas do mundo, o que é legal, mas estou tão cansado que só quero saber da minha cama e ficar em paz. Pelo lado bom, não me importo com os momentos difíceis da vida pelos quais passei. Mas, embora eu esteja me sentindo cansado, foi uma temporada saudável, por mais louco que pareça. Acho que vou ficar longe das montanhas-russas por um bom tempo. Foi o suficiente!

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