Este professor provou que podemos ver o futuro

Histórias
há 7 meses

“Estou chamando os poderes superiores de outra realidade para me mostrarem o seu futuro! Agora olhe para esta bola mágica e você o verá! Booooo!”, diz uma senhora vestindo uma fantasia estranha. “Sinto muito, mas como funciona a sua precognição? Existe alguma abordagem científica? Eu só quero entender o algoritmo”, você responde. “O algoritmo é muito simples, meu garoto... Você me dá 10 dólares e eu vou falar sobre o seu futuro”, responde a cartomante. “Mas e o método científico?” “É magia! Não existe um método científico!”
Na verdade, existe! O professor de psicologia Daryl Bem conseguiu provar que a predição é real. Em 2011, ele publicou um artigo científico sobre esse tópico, mas outros cientistas o ridicularizaram, classificando o trabalho do colega como uma vergonha e dizendo não podiam acreditar que uma revista científica respeitável o tivesse publicado. Mas essas pessoas estavam certas? Vamos tentar descobrir a verdade!

Em 1946, o estudante da Universidade de Oxford, John Godley, teve um sonho em que lia uma lista de cavalos vencedores em um jornal. No dia seguinte, ele comprou o jornal. E descobriu que dois cavalos chamados Bindal e Juladin participariam das próximas corridas. Foram esses nomes que o rapaz viu em seu sonho. Então contou aos amigos sobre isso, e eles decidiram apostar muito dinheiro nos dois cavalos. No final, ambos os animais venceram. Nesta história, vemos a previsão como algum tipo de dom ou magia, algo bizarro que não podemos entender. Mas e se olharmos para isso do ponto de vista científico? Para tanto, precisamos mudar um pouco a nossa maneira de pensar. Precognição é a capacidade de ver eventos futuros antes que eles aconteçam. Mas e se não considerarmos o tempo linearmente? Como seres com cinco sentidos, percebemos o tempo como um fluxo avançando. Mas, na verdade, ele pode dobrar e mudar.

Em sua teoria da relatividade, Einstein provou que o tempo diminui em condições de velocidade extrema ou gravidade colossal. Uma pessoa voando em uma nave espacial a uma velocidade próxima à da luz experimenta dilatação no tempo. Ela não sentiria nada incomum. Mas o tempo dela desacelera em comparação com o daqueles que não se movem tão rápido. Ao lado de um buraco negro, o tempo também se move mais lentamente. Imagine que nossa mente pode percebê-lo de forma consistente, como agora, enquanto você assiste a este vídeo, e também na direção oposta ou em câmera lenta. Nossos sentimentos e percepção do mundo podem avançar no tempo e voltar. Dessa forma, podemos sentir o que vai acontecer no futuro. Mas talvez ainda não dê para entender esse conceito. Então, vamos dar uma olhada nos experimentos de Daryl Bem — parte de um estudo chamado “Sentindo o Futuro”.

Ele conectou vários sensores à cabeça e ao braço de uma pessoa — eles leem o pulso e as mudanças magnéticas no cérebro. O dispositivo funcionou com base no princípio do detector de mentiras. Em seguida, o sujeito assistiu a uma apresentação de slides de imagens regulares na tela. Por exemplo, uma paisagem montanhosa, uma fogueira, um cavalo, um jornal, um livro aberto e, em seguida, — BAM! — a tela mostra uma imagem realmente chocante. Como uma avó assustadora com cabelos despenteados, olhos brancos e braços longos. Nesse momento, o dispositivo registrou uma explosão emocional — a reação da pessoa a uma imagem inesperada. Em seguida, a tela mostrou algumas imagens novamente — uma TV desligada, uma xícara de chá, uma nuvem e — BAM! — outra imagem chocante. E o cérebro reagiu a ela novamente.

Nada de anormal à primeira vista, mas o professor descobriu que o cérebro humano começou a reagir a imagens chocantes antes mesmo que elas aparecessem na tela. Em algum nível de intuição, o corpo do sujeito parecia prever essas imagens antes que o computador decidisse qual delas mostrar. Talvez você tenha passado por algo parecido. Porque sabe quando a sua intuição diz que algo está errado. Aí se sente desconfortável e espera que algo ruim aconteça. E este foi o resultado de apenas um experimento. Em outro, Daryl Bem mostrou que a memória poderia funcionar em uma direção diferente. Imagine que você está se preparando para uma prova sobre a história da literatura mundial, por exemplo. Primeiro, lê artigos sobre este tópico e escreve as datas e os nomes dos escritores. Afinal, está tentando memorizar e estruturar essas informações em sua cabeça. Aí treina sua memória para que mais tarde, no dia da prova, possa mostrar o resultado dessa preparação. Quando você escreve, no papel, o seu cérebro se lembra dos eventos do passado — quando você estava se preparando para a prova. Agora imagine que ele pode tirar informações do futuro.

Primeiro, você vai à prova e no dia seguinte começa a se preparar para ela. Isso é incompreensível, mas o professor provou que a capacidade do cérebro de tirar conhecimento do futuro pode ser possível. Ele mostrou a um grupo de várias pessoas uma grande lista de palavras completamente diferentes. Elas olharam para a lista por alguns segundos. Em seguida, o professor pediu que escrevessem em suas folhas de papel de quantas palavras se lembravam. Quando terminaram de escrever, elas entregaram as suas anotações ao professor. Depois, um computador escolheu aleatoriamente de 10 a 20 palavras daquela grande lista que as pessoas tinham visto no início. Então, todas começaram a fazer exercícios com essas 10-20 palavras escolhidas, como escrever textos ou fazer tarefas lógicas. Então, os participantes se lembraram de todas depois de fazerem os exercícios. Em seguida, o professor olhou para as folhas que lhe deram no início. E viu que a maioria havia escrito as próprias palavras com as quais havia trabalhado durante os exercícios. Ou seja, o cérebro dos participantes parecia saber de antemão quais palavras usariam mais tarde.

Sim, pode ter sido uma coincidência. Ainda assim, o professor calculou que as chances disso acontecer eram de cerca de 74 bilhões para um! Na verdade, isso provou que a memória poderia funcionar na direção oposta. Memorizar no futuro melhoraria o resultado no presente. Mas isso não significa que, se você aprender a jogar xadrez no futuro, poderá vencer uma partida agora. Ou que poderá dirigir um carro antes de obter sua carteira de motorista. Essas ações são muito grandes. Além desses dois experimentos, o professor conduziu vários outros e publicou os resultados em uma revista científica oficial. O mundo científico começou a debater a questão. Muitos médicos e psicólogos não levaram o trabalho a sério. Mas, ainda assim, cerca de 270 cientistas de 17 países decidiram repetir os experimentos do Professor Bem. Então, realizaram o teste de memorização reversa três vezes. E todas as tentativas mostraram que o cérebro humano não poderia ser precognitivo. Em seguida, repetiram todos os experimentos e, em 2015, publicaram um relatório. Descobriu-se que apenas 36% dos testes repetidos foram bem-sucedidos.

Mas isso não lançou dúvidas sobre o trabalho do professor. Esses experimentos repetidos levaram a comunidade científica à chamada Crise da Replicação. Imagine que você conduziu um experimento compreensível e publicou seus resultados. Fez tudo corretamente e ninguém pode discutir com os resultados. Mas então, outra pessoa o repete e os resultados acabam sendo diferentes. Por que isso acontece? Por que muitos experimentos psicológicos conhecidos não podem ser replicados? Alguns cientistas culpam a incompetência de outros participantes. Às vezes, os especialistas não cumprem as condições do experimento. Mas muitos cientistas concordam que a razão está nas pessoas. Os ocidentais têm uma mentalidade. Os habitantes dos países do sul são bem diferentes. Diferentes visões do mundo e percepção da vida formam diferentes maneiras de pensar. Toda essa diversidade lança dúvidas sobre muitos trabalhos científicos a respeito de psicologia.

Se você é um cientista e quer realizar algum tipo de pesquisa, primeiro precisa fazer um “pré-registro”. Antes de iniciar o experimento, deve descrever o que vai fazer, fornecer hipóteses e anotar como vai analisar os dados que receberá. Então relata os resultados que provam a sua teoria, mas eles o privam da oportunidade de parecer mais amplo. Esse método parece desatualizado na atual Crise de Replicação. Agora, cientistas e médicos devem criar algo novo e uma nova base para a pesquisa científica. Enquanto isso, vou sonhar hoje à noite e tentar receber uma mensagem sobre quem vai ganhar o próximo jogo!

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