A caverna mais perigosa da Terra é cheia de cristais gigantes

Curiosidades
há 7 meses

“A primeira regra é não entrar em pânico!”, o guia diz. Ele entrega uma roupa grossa para o Marcos. O clima está escaldante e a roupa parece ser quente demais. “Você não conseguirá sem ela”, ele pontua. Então o Marcos veste o macacão e sente calafrios por todo o corpo. “Por que ele é tão frio?” O guia explica que a roupa é feita com um tecido especial de resfriamento e impedirá a hipertermia dentro da caverna. Ele dá um tanque de oxigênio e uma máscara. “Vamos mergulhar?”, o Marcos pergunta. “Não, mas seus pulmões podem se encher de água se você não usá-lo”. Os joelhos do Marcos estão trêmulos de medo, mas agora não dá mais tempo de desistir. “Seja bem-vindo a uma das cavernas mais perigosas do planeta,” o guia diz, enquanto entra no espaço escuro que fica no pé de uma montanha.

Este lugar é chamado de Caverna dos Cristais e fica no México. O magma vazou ali, proveniente das profundezas do nosso planeta 26 milhões de anos atrás. Ele vinha e resfriava, muitas vezes. Havia tanto que acabou formando uma montanha. E junto com o magma, uma água rica em minerais chegou também. Ela passou por túneis de rochas e formou uma caverna debaixo da montanha. Aí, uma coisa estranha surgiu nessas águas quentes. Algo que parece ser de outro planeta. O Marcos está descendo pela corda, iluminando a escuridão sem fundo com uma lanterna. O ar se torna quente e... pesado. Partículas microscópicas de água estão pairando no ar. Junto com o guia, o Marcos desce 300 m. Isso é mais que a altura do edifício Empire State, nos EUA. A temperatura do ar sobe. A sensação é de que estão chegando perto do núcleo da Terra. Por fim, a descida acaba, e eles saltam em solo firme.

O guia coloca uma máscara de oxigênio e diz ao Marcos para fazer o mesmo. “Você não consegue respirar sem ela neste ar úmido e ácido. Seus pulmões podem se encher de água, causando consequências desastrosas”. Para o visitante, o ar dali se parece com uma névoa grossa. A temperatura chega a 58 graus. Isso é mais quente que os desertos mais escaldantes do mundo. O Marcos ilumina o próprio caminho e vê uma coisa grande, branca e brilhante. É um feixe enorme de cristal que brota do chão e quase alcança o teto. A caverna toda é cheia dessas coisas grandes. Elas esticam para direções diferentes e descansam no teto e nas paredes. Em alguns locais bloqueiam o caminho e, em outros, servem como pontes. O Marcos sobe em um dos cristais e caminha sobre ele. O guia explica que cada coluna é feita de gesso, aquela substância usada em construções para fazer revestimentos e paredes.

O Marcos toca na superfície dura de um dos cristais. Parece até que alguma civilização antiga é que construiu aquele cenário. O guia diz que tudo dentro da caverna é natural. O lugar foi descoberto por dois mineradores, no ano de 2000. Desde então, os cientistas vêm conduzindo pesquisas ali e descobriram que alguns cristais têm 500 mil anos. No local também é possível encontrar um dos maiores cristais naturais do mundo, um feixe de aproximadamente 11 metros de comprimento e 55 toneladas. O lugar já foi cheio de água rica em sulfato de cálcio, elemento capaz de formar minerais, e onde prevalece uma variedade de gesso sem cor. A água e o ar quente ajudaram a formar os cristais. A umidade e a temperatura não mudaram com o passar dos séculos, então as colunas continuam a crescer até hoje.

Este local é fascinante. O Marcos quer ficar mais tempo para explorar, mas infelizmente é perigoso. Eles podem se perder ou escorregar nas rochas de gesso. Além disso, já estão ficando sem oxigênio, então precisam voltar à superfície. Quando saem da caverna, encontram... a polícia. Acontece que os turistas estão proibidos de entrar ali. Até os cientistas precisam de uma autorização especial para ir lá. E não é à toa: trata-se de um dos locais mais perigosos da Terra. O Marcos e o guia pagam uma multa e deixam o México. A próxima parada é a Itália.

“Ainda bem que você trouxe uma boa câmera”, o guia diz. “Esta é uma das cavernas mais fascinantes do mundo. É preciso um bom equipamento para capturar toda esta beleza”. Os dois estão dentro de um pequeno barco, navegando ao longo da costa da ilha de Capri, na Itália. Por sorte, não haverá nenhum perigo desta vez. A dupla se aproxima de uma pequena fenda dentro da montanha. Esta é a entrada para a Gruta Azul. O buraco é tão pequeno que só um barco por vez consegue passar por ele.

O Marcos e o guia entram em outra dimensão. A caverna é cheia de água. As paredes estão brilhando com uma luz azul vinda das profundezas do lago. O Marcos fotografa tudo e percebe que a entrada pela qual passaram brilha com uma luz branca. São os raios de sol iluminando o lugar quando entram nele. Tem outro buraco debaixo d’água. A luz solar penetra, enchendo o lago com uma espécie de flor brilhante. Mas é hora de seguir viagem. A próxima parada é na Nova Zelândia.

Eles chegam na Ilha Norte. Há um local, nas profundezas do subterrâneo, com cavernas complexas e sinuosas, que surgiram cerca de 30 milhões de anos atrás. A dupla se aproxima da entrada para a caverna escura. O Marcos liga a lanterna. “Desliga isso”, o guia diz. “Você não vai vai precisar lá dentro”. Eles entram. O Marcos fica boquiaberto, de tanta surpresa. O lugar todo está cheio de lanternas! São criaturas vivas, vaga-lumes, que emitem uma luz azul. E a sensação é a de estar em outro planeta.

A entrada é controlada, para não prejudicar os vaga-lumes. Cientistas usam equipamentos automatizados para monitorar o local, medindo a temperatura e o nível de dióxido de carbono necessário para manter a vida dos insetos brilhantes. Se muitas pessoas entrassem, o nível de dióxido de carbono aumentaria. O tempo de visita também é limitado, então pedem que a dupla saia dali. “Agora vamos ver uma coisa assombrosa”, o guia diz. “Está preparado?” A próxima parada é na Califórnia.

O lugar se chama Moaning Caverns. A caverna parece comum vista por fora, mas o guia parece um pouco apreensivo e temeroso. Eles prendem a corda no cinto e começam a longa descida. O fundo fica 50 metros abaixo da superfície, a altura de um prédio de 15 andares. Não parece tão grande comparado à caverna de cristal. À medida que se desce, o frio e a escuridão aumentam. Em determinado ponto, todos os sons lá de cima desaparecem.

Eles começam a afundar lentamente em um silêncio sem igual. “O que é isso?”, o Marcos pergunta, assustado. “Acho que ouvi a voz de alguém aí embaixo”. O guia coloca o dedo sobre a boca, fazendo sinal para ficarem calados. Um gemido humano alto e prolongado vem das profundezas da escuridão. Nos primeiro segundos, o Marcos congela. Depois, sobe rapidinho pela corda. O guia ri da cara dele. Os dois escutam mais um gemido. O Marcos sai da caverna e puxa a corda do companheiro para tirá-lo de lá também. O guia explica que esta é uma das cavernas mais assustadoras do mundo. O ar e o vento circulam lá embaixo, criando um som parecido com o de um gemido. Os turistas geralmente descem ali para se assustar, mesmo. Também já foram encontrados cerca de 100 esqueletos de pessoas antigas no fundo. E ninguém sabe como eles foram parar ali. O Marcos não quer mais voltar para lá. Então pergunta ao guia como as cavernas se formam.

Tudo começa quando o solo absorve chuva ácida, que consiste em água e dióxido de carbono. O líquido penetra pelo solo e entra em contato com superfícies de rocha sólida. Quando a água toca o calcário ou a dolomita, os dissolve e ajuda a formar um espaço vazio, que vai aumentando a cada ano. A chuva continua a cair e se acumula nessa região aberta. Aí, a água forma um fluxo, ou um rio subterrâneo. Depois, a erosão das rochas sólidas começa. Após milhares de anos, há espaço suficiente para caber um humano. E este espaço acaba se tornando uma caverna. Quando a erosão se junta com estalactites e estalagmites, forma câmaras e pilares impressionantes. Por falar nisso, há uma diferença entre estalactites e estalagmites. As primeiras ficam penduradas no teto, enquanto as estalagmites surgem no chão. Leva cerca de um milhão de anos para desenvolver essas paisagens subterrâneas. Então, a cada vez que você caminha por uma delas, entra em contato com o passado muito antigo do nosso planeta.

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