Por que as pessoas que economizam de verdade dão o seu melhor para ganhar mais em vez de restringir-se

Psicologia
há 4 anos

De acordo com pesquisas da Universidade de Princeton, quanto maior for a energia gasta para economizar recursos, mais rapidamente a dificuldade financeira tomará conta. Ou seja, apertar o cinto não ajudará a combater a falta de dinheiro. No texto abaixo, nós iremos compartilhar algumas informações que mostram por que a maior parte das dicas de economia é uma armadilha. Veremos em qual momento você deixa de ter consciência financeira, e passa a ser exagerado, economizando demais.

O texto não trata de situações extraordinárias nas quais a renda diminui devido a problemas intransponíveis. Estamos falando de situações comuns em que as pessoas se esforçam para o salário chegar até o final do mês. Isso não reflete alguém que está esperando a crise acabar, mas alguém que aceitou a dificuldade como algo habitual. Nós, do Incrível.club, descobrimos que essa tendência é perigosa por várias razões.

1. “Apertar o cinto” é um processo longo; enquanto isso sua renda mal atenderá às suas necessidades básicas

Vamos voltar às publicações da Universidade de Princeton. Segundo os cientistas, satisfazer as necessidades básicas com um orçamento baixo é um trabalho mentalmente cansativo. Quase todos os recursos são gastos para combater as consequências da necessidade, mas não a causa. Ou seja, a pessoa fica exausta e, no fim das contas, não consegue levantar a cabeça e seguir em frente. A pobreza aumenta a pobreza. É um círculo vicioso.

Além da fadiga, existe outro problema que é a falta de experiência. Por exemplo, uma pessoa pode administrar sua energia e tempo de formas diferentes:

  1. Eliminar a raiz do problema, que é a falta de dinheiro, e ganhar o suficiente para escolher se quer sair para jantar ou ficar em casa.
  2. Adaptar-se à situação, transformando as sobras em algo gostoso para comer.

As duas opções dão o mesmo trabalho, mas a segunda irá causar alguns problemas no futuro. Ao se adaptar à situação, uma pessoa não tem a oportunidade de se desenvolver e é improvável que considere essa habilidade relevante o suficiente para incluí-la no currículo. Isso leva ao esgotamento emocional e à falta de perspectivas para o futuro. Assim você volta ao círculo vicioso.

  • Por onde começar? É recomendável passar algum tempo planejando estrategicamente as mudanças importantes. Por exemplo, procurar um negócio mais lucrativo ou uma maneira de ganhar uma renda extra.

2. Economizar para fazer uma compra cara tendo pouco dinheiro é um suicídio financeiro

Quando não há dinheiro para uma alimentação saudável ou um tratamento médico de boa qualidade, a decisão de poupar para comprar um apartamento (ou um carro, ou um celular) é o caminho para chegar ao fundo do poço financeiro.

Por exemplo, vamos imaginar a seguinte situação: “Para que gastar 10 anos de sua vida resolvendo sua questão de moradia?”.

Opção № 1: comer miojo durante 10 anos, para então se orgulhar de ter seu apartamento. Depois disso, será possível comer em uma cantina de vez em quando. Porém, quem sabe se não surgirá o desejo de poupar para o futuro casamento de seus filhos? Nesse caso, é melhor adiar o jantar na cantina até o grande evento. Mas isso é outra história...

Opção № 2: investir na sua experiência e conhecimento nos primeiros 5 anos e procurar a solução da questão da moradia só nos últimos 5 anos. Ou ainda mesmo esquecer a compra do apartamento, e continuar alugando, ou aproveitar o verão em uma casa de frente para o mar.

O importante é que, após 10 anos, a opção número dois proporciona a oportunidade de trocar seus conhecimentos por um salário mais alto e pelo direito de escolha. Enquanto no primeiro caso, a pessoa continuará reduzindo os seus gastos e se privando das alegrias da vida.

  • O que fazer se você quiser comprar um apartamento, mas sua renda for muito baixa? Primeiramente, use todos os seus recursos para ter melhores condições financeiras. Por exemplo, dominar uma nova área de conhecimento, sair de uma cidade que não possui nenhuma perspectiva para você, ou adquirir dispositivos e ferramentas que aumentariam sua produtividade.

3. Economizar exige um investimento inicial

“Investimento” e “economia de recursos” são conceitos que devem ser conhecidos não só por economistas, mas por qualquer pessoa. Por exemplo, a compra de uma máquina de lavar louça faz de uma pessoa um investidor: ela investe em eletrodomésticos para economizar seu tempo e energia. O projeto chamado “Família” será vantajoso.

Os investimentos na vida cotidiana também trazem benefícios materiais. Coisas como um ar-condicionado, um freezer ou até mesmo uma frigideira antiaderente compensam os gastos, mas todos precisam de um investimento inicial. Em qualquer caso, aplica-se o princípio de “para poupar, prepare-se para gastar mais”.

  • Isso significa que com um salário baixo, a economia de recursos deixa de existir? Não, porque seu dinheiro, tempo e esforço não devem ser desperdiçados. Qualquer gasto está incluído nesse conceito. Assim, para fechar o “poço sem fundo”, é necessário aumentar a sua renda.

4. Quando você chama de consumo racional a recusa de algo que já seria dispensável, você está mentindo para si mesmo

Poupar é ser capaz de transformar as sobras de comida em uma refeição saborosa, mesmo que seu orçamento permita gastar mais. Quando a geladeira fica vazia, é outra história, e o desânimo se instala. O mesmo se aplica a qualquer trabalho doméstico ou tentativa de reciclagem.

Talvez você possa se perguntar: “Mas ter prazer em inovar na culinária é algo vergonhoso?” Não. Estamos simplesmente falando do direito de escolha, mais uma vez. O dinheiro permite que você abra mão da sua paixão pela cozinha, eventualmente, e vá para um restaurante se você não estiver inspirado ou estiver com uma dor de cabeça. Contudo, quando sua carteira está sempre vazia, você não tem esse direito de escolha.

  • Quando avaliar a sua habilidade de poupar, é importante não confundir o que é a causa e o que é o efeito. Você pode se orgulhar da sua habilidade de cozinhar algo delicioso usando apenas sobras. Porém, a falta de esforço para ganhar mais dinheiro para uma comida gostosa não é a melhor solução para essa situação.

5. Quanto menor for a renda, menores serão as oportunidades de economizar com produtos em promoção

Claro que evitar as compras por impulso é uma decisão correta. É sempre melhor comprar apenas os produtos da sua lista, que deve ser feita com antecedência. Mas alguns itens extras podem ser comprados, se eles estiverem em promoção. Entre eles estão os produtos de limpeza e os que têm um longo prazo de validade.

Porém, quando você tem uma renda baixa, a dica de aproveitar as promoções e economizar na compra por atacado não serve tanto. Não há possibilidade de “congelar” o dinheiro sem prejudicar outras despesas. Eventualmente, temos de escolher entre grandes pacotes de produtos e coisinhas domésticas, porque um salário baixo não será suficiente para tudo.

6. Ao mesmo tempo, uma renda alta permite evitar promoções

Uma coisa é quando produtos de boa qualidade estão com um preço bom, e outra é quando as prateleiras parecem uma roleta-russa. Quanto menor for a renda, mais frequentemente os clientes correm riscos. Por exemplo, eles compram os peixes menos frescos e com menor prazo de validade.

A probabilidade de ser enganado também aumenta: em vez de produtos saborosos e saudáveis, acabamos comprando gato por lebre. “Camarões” feitos de peixe picado, caviar falso e pedaços pintados de arenque vendidos como salmão, são mais baratos do que os produtos verdadeiros. Não há dúvida que o barato acaba custando mais caro.

7. Às vezes, optar por economizar pode acarretar problemas para a saúde

Muitas ideias ruins vêm à cabeça por causa da falta de dinheiro. Por exemplo, substituir produtos saudáveis por salsichas feitas de pele de frango e aromatizantes, ou um tratamento médico de alta qualidade por métodos alternativos contraditórios. Na maioria das vezes, o corpo não responde imediatamente a essas privações: ele acumula os desgastes por anos, e depois “cobra a conta”.

Cientistas confirmaram que o impacto na saúde causado pelas dificuldades financeiras não é apenas devido à qualidade dos alimentos ou ao tratamento médico. Em primeiro lugar, a falta de dinheiro é um estresse que aumenta a probabilidade de desenvolver diabetes, doenças infecciosas e cardiovasculares. O estresse afeta até mesmo o DNA, criando pré-condições biológicas para a depressão, por exemplo.

  • A fartura na geladeira não aparece de uma hora para outra, e a ansiedade acomete tanto pessoas ricas quanto pobres. Porém, você deve ser prudente e não prejudicar a sua saúde. As visitas de rotina ao médico e o princípio de “menos, mas melhor” aplicado à alimentação, ajudarão a evitar muitos problemas.

8. Dicas tradicionais de economia não garantem um bom resultado

Quando você precisa diminuir seus gastos, começa a prestar mais atenção em dicas como “Faça você mesmo!” ou “Encontre um substituto barato para esse ou aquele produto”. Elas são úteis, até que não desafiem o senso comum. Na descrição dessas dicas, os possíveis riscos são raramente mencionados, e podem fazer você perder dinheiro ou (na melhor das hipóteses) o seu tempo.

  • As dúvidas são esclarecidas quando colocadas na ponta do lápis. Basta comparar os números em duas colunas: “economizo” e “posso estragar”.

9. O bem-estar emocional está em perigo

Recusar-se a descansar a mente no intuito de aumentar sua riqueza material ou juntar dinheiro parece algo natural. Mas não é! Os planos de negócios e as boas ideias só surgem em uma mente descansada. Em condições desfavoráveis, o cérebro se concentra na rotina. Segundo cientistas, esse estado nos impede de identificar e aproveitar as oportunidades de desenvolvimento pessoal. Para ter inspiração, você precisa de motivação.

O que fazer? Tire da sua mente os piores cenários. Por exemplo:

  • “Eu brigo com a minha sogra todos os dias. Devo me mudar? Estamos juntando dinheiro para um apartamento. Não temos como dar esse dinheiro para um aluguel!”
  • “Os preços nos restaurantes em pontos turísticos são altíssimos! Vou levar um sanduíche.”
  • “Nós crescemos sem tablets e patinetes elétricos. Deixe o nosso filho fazer uma espada de madeira para desenvolver a criatividade dele.”

10. Ao recusar a “compra dos sonhos”, acabamos recompensando nosso “sofrimento moral” com outras compras

As necessidades humanas são ilimitadas, por isso sempre vamos querer mais. No entanto, isso não justifica a privação contínua dos seus desejos, porque isso leva a problemas psicológicos.

Por exemplo, digamos que uma pessoa não tira férias há muito tempo. E parece que é possível tirar uns dias de férias, mas ela se sente culpada em dar adeus a certa quantia de dinheiro que havia economizado. O descanso acaba sendo adiado. A insatisfação afeta o bolso através do coração: “Estou tão triste! Olha, as camisetas estão em promoção, isso irá recompensar o meu sofrimento. E não posso me esquecer das joias, das lingeries e dos sapatos”.

No fim das contas, a pessoa compra alguma coisa barata em vez de algo realmente necessário, mas caro. Essas compras geram uma alegria momentânea, mas não satisfazem a necessidade principal.

  • Se esse cenário se repete com frequência, é melhor colocar a mão na consciência, para então conseguir o que quer e proteger-se de futuras tentações.

11. Quanto mais baixa for a renda, mais você dependerá dos outros

A assistência mútua é uma coisa boa. No entanto, isso não compensa nos casos em que a ajuda acaba custando mais do que um serviço de alta qualidade. Por exemplo, digamos que uma pessoa não irá contratar uma equipe de carregadores, mas conta com seu amigo João, que ajudará a carregar os móveis. Não importa se o João irá se lembrar dessa dívida moral mais tarde, no momento mais inadequado possível, o importante é que nenhum dinheiro foi gasto com carregadores, não é?

Quanto mais baixo for o seu orçamento, mais nítido será o princípio de “chame um amigo e economize o dinheiro que gastaria com especialistas”, mas assim é mais difícil de evitar pessoas desagradáveis no seu círculo de convivência.

O “desejo” e a “necessidade” dos outros podem ser ignorados se você não passar seus próprios problemas para eles. É por isso que é melhor pagar por um bom serviço, do que continuar uma sequência de dívidas mútuas.

  • “Como se fosse tão fácil encontrar alguém que faça um bom trabalho!” Com certeza, esse pensamento surgirá na cabeça de muitas pessoas. Realmente, não é fácil. Mas esqueça o pensamento: “Mas e o que os outros vão dizer?”, e pague pela ajuda. Pagando pelos serviços do amigo João, você conseguirá manter sua liberdade moral. E quando João pedir para colocar um papel de parede na casa dele, você pode recusar ou cobrar um valor definido para o seu trabalho.

A nossa conclusão é que, para economizar dinheiro, primeiro você precisa aumentar sua renda. O controle rigoroso das despesas só será relevante se isso for uma medida temporária. Ao se privar das grandes e pequenas alegrias durante toda a sua vida, você corre o risco de permanecer dependente das circunstâncias e viver na infelicidade e frustração.

Nós entendemos que abordamos um tema complicado, que pode ser considerado de várias perspectivas, mas a seção de “Comentários” também foi criada para ideias diferentes. Ou seja, fique à vontade para expressar sua opinião.

Ilustrado por Yekaterina Ragozina exclusivo para Incrível.club

Comentários

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Na número 2,tem uma situação completamente estúpida. "NO futuro pode surgir desejo de economizar para o casamento dos filhos ".Porquê não incentivam os filhos para economizarem para o próprio casamento ?Se querem brincar de casinha que brinquem com o próprio dinheiro.

Além do mais,acho que deviam aconselhar os filhos a juntarem grana para uma festa modesta e usar o restante para iniciar a vida a dois.

Uma matéria ensinando a economizar sem se privar sugerindo gastar em festa em vez de fazer um pé de meia...

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