8 Razões pelas quais os piores alunos da escola às vezes se dão melhor no futuro do que os mais estudiosos

Psicologia
há 3 anos

Durante a infância, muitos já ouviram as seguintes frases de seus pais: “Só pode tirar nota 10” ou “Você precisa se esforçar mais”. E quando voltavam para casa com alguma nota mais baixa, como 7 ou 8, escutavam sermões intermináveis de como deveriam ter estudado mais. Como a vida muitas vezes mostra, no entanto, notas altas na escola não dizem muita coisa sobre qual será o futuro daquela criança. Quantas vezes você já encontrou pessoas — que eram alunos muito estudiosos — que agora estão trabalhando em uma empresa liderada por aquele estudante que só fazia bagunça na última fileira?

Nós, do Incrível.club, resolvemos consultar psicólogos para tentar entender por que esse fenômeno acontece e com o que estaria relacionado. No final do post, preparamos um bônus: uma história sobre como tirar notas baixas nem sempre deve ser visto como uma desvantagem. Acompanhe!

Não almejam apenas notas altas

Para a maioria dos alunos estudiosos, as notas são um indicador de sucesso e sinônimos de conquista. Essa mentalidade, no entanto, não permite entender que qualquer resultado é subjetivo e depende não só da quantidade de conhecimento, mas também de outros fatores, como a relação com determinado professor ou, até mesmo, do humor dele no dia da correção. Os “menos estudiosos” não esperam comprovação na forma de notas escolares. Em busca de seus objetivos, são guiados muitas vezes não pela aprovação de pessoas alheias, mas sim pela satisfação interior proporcionada por determinada atividade.

Não tentam agradar demais

Alunos muito esforçados acham importante causar uma boa impressão nos professores. Por isso, muitos tentam bajular e levantam a mão até nas aulas mais entediantes. Por outro lado, crianças que não tiram boas notas não têm essa mesma necessidade de impressionar. Elas devem, claro, respeitar os superiores, mas não mais do que isso.

Como mostra a experiência, depois de se tornarem adultos, os dois tipos de alunos vão demonstrar os mesmos respectivos comportamentos com seus possíveis chefes e colegas de trabalho.

Não querem fazer tudo sozinhos

Muitos dos chamados “nerds” — mesmo depois de terminarem a escola ­— continuam a ser guiados pela regra “se quiser fazer algo bem, faça você mesmo”. Desde os tempos escolares, tais estudantes buscavam se dedicar ao máximo e controlar tudo o que estivesse ao alcance, enquanto os outros alunos — os preguiçosos, não esforçados ou desleixados — buscavam usar as habilidades dos outros de acordo com a necessidade (“vou colar na prova de matemática do Pedro, e na de química da Aline”).

Na idade adulta, ambos mantêm o mesmo princípio: alguns acreditam que conseguem fazer tudo sozinhos até se esgotarem. Outros delegam tarefas a seus subordinados ou colegas sem muito esforço.

Permitem-se agir de forma imperfeita

Em psicologia, o termo “perfeccionismo” é um distúrbio no qual muitas pessoas constroem suas vidas com base no princípio “se não for para fazer perfeito, melhor nem fazer”. Viver dessa forma é bastante difícil, pois é impossível atingir a perfeição em absolutamente tudo. Quem tem essa mentalidade pode acabar em empregos sem nenhuma perspectiva, apenas tentando executar melhor suas tarefas, ou, mais ainda, corre o risco de nunca fazer aquilo de que realmente gosta por medo do fracasso.

Um exemplo: “Um rapaz estudou comigo na escola de arte. Ele desenhava bem, mas não se esforçou muito nos últimos anos e, consequentemente, foi expulso sem ganhar nenhum diploma. Nem esse acontecimento, nem as críticas que recebeu pelos primeiros trabalhos, o impediram de se tornar um dos grafiteiros mais famosos da Rússia. Hoje ele recebe pedidos do mundo inteiro. Se fosse um perfeccionista — sempre preocupado com as notas — o talento dele poderia nunca ter sido explorado”.

Não esgotam todas as energias

Alunos que não tiram boas notas geralmente não se forçam para fazer coisas desagradáveis e que — para eles — não fazem sentido. Focam, portanto, naquilo que realmente lhes interessa. Por outro lado, estudantes “nota 10” muitas vezes esgotam suas energias para sempre manter o desempenho no máximo.

Posteriormente, é possível que aconteça o seguinte fenômeno: alunos “exemplares” acabam se esforçando demais em coisas de que não gostam na idade adulta — seja no trabalho ou em relacionamentos tóxicos.

história de Ivan Meetin — fundador e proprietário do café “Ziferblat” — esclarece bem essa lógica: “Troquei de escola sete vezes e fui um péssimo aluno em todas elas. Não tinha prazer de estudar certas matérias, como todas as de exatas. Quando descobri no Ensino Médio que poderia falhar em uma matéria por ano, simplesmente parei de frequentar as aulas de Álgebra. Gostava de ler bastante por conta própria e estudava diversos assuntos que me davam prazer. Preciso dizer, também, que pude usar a internet somente a partir de 1994 — até então nenhum professor nem sabia o que era. Passava, portanto, a maior parte do meu tempo na internet, jogando, passeando e lendo”.

Focam em outras atividades além dos estudos

Enquanto muitos gastam horas nas páginas dos livros didáticos — para passarem nas provas com as melhores notas — os “piores” alunos gastam o tempo livre com outras coisas: leitura, esportes, música, dança.

Muitos psicólogos afirmam: crianças estudiosas demais têm dificuldade de relaxar, pois vivem em constante estado de tensão — tanto intelectual quanto psicológica. Infelizmente, esse comportamento é estendido para a vida adulta — quando pode gerar problemas mais graves — como a ansiedade e os medos irracionais de não alcançar as expectativas do meio em que vivem.

Sabem lidar também com perdas

Para muitas crianças, tirar nota “8” ou “9” seria sinônimo de fracasso, como se tivessem arruinado tudo. Pessoas assim geralmente lidam com frustrações de uma forma muito mais dolorosa e a mínima falha pode ser vista como uma grande tragédia. Em contraponto, estudantes que tiram notas mais baixas estão mais acostumados a lidar com esse sentimento, o que faz com que vejam o fracasso não como o fim do mundo, mas apenas como mais um obstáculo a ser superado. Isso os permite, portanto, se adaptar mais facilmente a situações de estresse.

Estão prontos para se arriscar

Aqueles que transitam entre as notas mais baixas aprendem a aproveitar os momentos e a assumir riscos com mais facilidade. O futuro deles não está decidido e, portanto, se permitem mais sonhar, viver sem muitos planos e aceitar os próprios erros.

Se estudantes com esse perfil decidirem, por exemplo, que querem mudar de curso na faculdade, provavelmente farão exatamente isso. Tal fato pode acontecer principalmente porque pessoas assim estão acostumadas a ouvir a própria voz mais do que a opinião alheia.

Bônus: história inspiradora sobre o que os mais estudiosos precisam aprender com os menos esforçados

“Queridos alunos que tiram notas baixas; queridos alunos que não têm muito êxito nos sistemas de ensino; queridos ’vergonhas da classe’, esta mensagem é para vocês. É hora de mostrar o que fazem melhor que os outros: cometer erros, quebrar os limites das imposições sociais estabelecidas e questionar o status quo. Até os melhores alunos podem aprender isso com vocês. Para todos nós, essas habilidades serão mais do que nunca necessárias.

O ano de 2020 mostrou que nem sempre as coisas saem como o planejado e, por isso, precisamos ser criativos e resilientes nas nossas soluções. Precisamos de novos métodos assim como precisamos de ar. Ideias inovadoras são fruto, muitas vezes, de erros — cometidos por aqueles que não têm medo de errar. Será apenas por meio de tropeços que chegaremos às soluções que nosso mundo tanto anseia.

Confúcio já advertiu: ’Que Deus não faça você passar pela era das mudanças’, mas o filósofo também era passível de erro. Não há melhor tempo que o de transformação. É nesse momento que as pessoas podem se realizar e mudar o curso dos eventos históricos. Não são minhas palavras, e sim do poeta Fiodor Tiutchev. Mas isso não é importante. Não importa saber, importa agir. Em resumo, eu diria que há apenas um erro imperdoável: jogar as mãos para o ar; desistir; não tentar nada e não fazer nada. Por isso, levantem a cabeça e sigam em frente!

Atenciosamente,
Natalya Vodyanova” — uma das supermodelos russas mais bem pagas do mundo e que não terminou o Ensino Médio.

O importante, na realidade, é não levar nada “a ferro e fogo”. Estudar é essencial, mas outras habilidades também são necessárias na vida adulta. Você sabe com o que está trabalhando hoje o aluno mais bagunceiro da sua turma da escola? Comente!

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