Tive gêmeos há 9 meses e não entendo por que todos têm medo da maternidade

Mulher
há 4 anos

Olá, chamo-me Polina, e há quase 9 meses tive gêmeos. Durante toda a minha gravidez perguntavam-me se eu tinha medo do parto. Não, não era do parto que eu tinha medo, mas sim do que viria a seguir. Por um lado, planejamos a gravidez e os gêmeos eram um sonho, mas por outro constantemente ouvia comentários do tipo: “Coitada, vais sofrer tanto com eles!”, “O primeiro ano será um inferno”, “Vai esquecer o que é dormir” etc.

Muitas pessoas que recentemente haviam se tornado pais garantiram que a minha vida mudaria drasticamente, e não para melhor. Na Internet, centenas de jovens mães falam das dificuldades causada por todas essas mudanças e admitem sentir saudades das suas vidas sem filhos. Ouvindo e lendo isso tudo, preparava-me psicologicamente para os desafios da maternidade.

Já passou quase um ano e o inferno ainda não começou. Embora ainda tenha 100 dias para cumprir as expectativas dos meus “simpatizantes”. Mas nos últimos nove meses percebi algumas coisas que queria compartilhar com os leitores do Incrível.club.

1. Sim, é possível dormir bem

Se é possível dormir com dois bebês, então é possível apenas com um. Não imediatamente, mas é possível. No primeiro mês, por alguma razão, eu saía da cama a cada 3 horas e acordava os bebês para alimentá-los. Depois eles habituaram-se e começaram a me acordar. A seguir começaram a ter cólicas e não deixavam os vizinhos dormir. Um pouco mais tarde, uma pediatra incrível aconselhou começar a desmamar os bebes à noite, para melhorar a digestão deles e facilitar meu sono.

Não foi fácil, mas há 5 meses toda a família dorme bem. E quando a pessoa dorme suficientemente torna-se mais produtiva. Posso arrumar a casa, fazer cheesecakes, tomar um banho quente, escrever um artigo para o Incrível.club — enfim, parece que meu tempo aumentou!

2. Com gêmeos é mais fácil do que com apenas um bebê

A pergunta que eu ouvi mais vezes nos últimos nove meses é se é complicado ter dois filhos. Sinceramente, não tenho com que comparar, mas tenho certeza de que é mais fácil do que com um. Cada uma das minhas filhas entende que não é a única e que a mãe nem sempre consegue responder rapidamente ao choro e pegá-la no colo, especialmente se já estou ocupada com a irmã. Portanto, elas têm de ser mais calmas. Talvez os pais com apenas um bebê devam tentar tratá-los como se não fossem os únicos.

3. Antes do nascimento das minhas filhas eu não sabia o que era ciúme

Se depois de ler o parágrafo anterior pareceu-lhe que os pais dos gêmeos amam os seus filhos menos que aqueles que têm apenas um bebê, você está enganado. Às vezes acho que nunca mais vou ter filhos só porque é fisicamente impossível amar mais alguém assim.

Antes, não me considerava ciumenta, mas agora a raiva surge sempre que minha bebê se acalma nos braços da tia e não nos meus, ou quando a minha começa a sorrir para um neurologista, sendo que chorava na entrada do hospital comigo. Até mesmo o meu querido gato começa a me irritar quando as minhas filhas querem pegar nele enquanto eu leio para elas um conto de fadas. E até quando gostam de “A Lanterna dos Afogados” mais do que da música inventada por mim sobre uma coruja. Chego a um ponto que estou pronta para me recusar ir aos shows dos Paralamas do Sucesso. Não é justo, elas devem amar só a mim! Bem, e ao pai, claro. Bem, e talvez os avós.

Não, eu consigo lidar com as minhas emoções, tenho ótimo relacionamento com a senhora neurologista e o gato não sabe nada sobre os meus pensamentos. Tenho certeza que a maioria dos pais sente algo semelhante, mas os que estão ao redor não estão cientes disso, porque ...

4. Mães histéricas não existem

Quando eu estava grávida tinha imenso medo de certas mães histéricas por superprotegerem seus filhos. Afinal, teria de visitar todos os locais aonde elas vão: maternidades, escolinhas e maternais, etc. Mas não encontrei nenhuma mão superprotetora e histérica nesses lugares. Havia, isso sim, mães cansadas que caíram na realidade; mulheres assustadas com as doenças dos filhos; jovens carinhosas, mas um pouco descuidadas com seus filhos. Mas todas cientes da responsabilidade materna. Não consigo chamar nenhuma delas mãe histérica por causa dos filhos.

Aparentemente, mães tensas e superprotetoras são algo que só existe na Internet. Claro que entre as mulheres que acabaram de se tornar mães, há algumas que chegam a ser mal-educadas em nome de um suposto bem-estar de seus filhos. Mas educação (ou falta dela) não depende de ser mãe ou não. A maior parte de nós sabe se controlar apesar dos ataques hormonais.

5. Sim, as pessoas gostam de crianças

Volta e meia vemos posts nas redes sociais reclamando de pais que supostamente não conseguem controlar seus filhos em ambientes como restaurantes e aviões. Mas aparentemente, essas pessoas que não gostam das crianças simplesmente não existem fora da Internet. A rigor, o meu carrinho de bebê não incomoda ninguém, os gritos de choro não provocam os surtos da raiva nem olhares de reprovação. As pessoas sempre oferecem ajuda, seguram a porta, deixam passar à frente a até dão parabéns. Também sempre ouço exclamações emocionantes e felizes e confesso que já tive de pedir às pessoas para se afastarem do carrinho.

Sinceramente não percebo que em nosso país haja childhaters, pessoas que odeiam crianças.

Quando compartilho as minhas descobertas com conhecidos que já têm filhos, alguns respondem: “Isso não interessa, espere até eles começarem a...falar, ir para o jardim da infância, à escola. Aí é que começa!” Mas, por alguma razão, não acredito que comece, simplesmente porque ainda não começou. Então, que tal parar com essa história de assustar futuras mães com esse papo de que “a vida muda completamente e para pior?” Ou vocês possuem algum tipo de clube secreto que não aceita novos membros?

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