A história de como é difícil encontrar o homem ideal, mas é possível criar seu filho para se tornar um

Crianças
há 4 anos

Não é fácil sobreviver à traição de uma pessoa amada, não cair no desânimo e ainda se manter a melhor mãe para seus filhos. Tatiana Grishina, autora do canal “Notes of the evil one” (“Notas da malvada”) do site “Yandex”, traz provas convincentes de que essa etapa ruim é apenas passageira. No final, a vida colocará tudo de volta no seu lugar para aqueles que passarem pelo teste.

Depois de ler essa história, o Incrível.club se perguntou: “Quem são os homens de hoje? Como educá-los desde crianças?”

Meu mundo relativamente pequeno, mas tão familiar e aconchegante, desmoronou quando eu fiz 34 anos. Antes tudo estava bem: tinha uma casa própria e uma linda família. Hoje, no entanto, tudo se transformou em mentira e frustrações.

Meu próprio marido deu entrada nos documentos para o divórcio sem avisar e continuou a morar comigo na mesma casa, sorrindo para mim e para as crianças durante o jantar. Mais tarde recebemos os documentos do divórcio pelo correio, com uma intimação e data marcada.

— Eu queria te dizer isso há muito tempo — disse a pessoa mais importante do mundo para mim até aquele momento — vai ser melhor assim. Eu não aguento mais mentir.

— E o que você vai fazer agora? — perguntava minha mãe desesperada quando soube do nosso divórcio. — Como você vai fazer agora, com dois filhos, sem emprego e sem casa? Seu avô e sua irmã mais nova estão morando comigo.

Os lamentos da minha mãe sobre essa amargura da minha vida foram dirigidos diretamente ao meu ex-marido e a mim e fizeram eu me sentir mais culpada: “você não conseguiu”, “você foi fraca”, “tinha de ter lutado pela família”.

Mas lutar pelo quê? Contra quem? Tudo estava ótimo entre nós até hoje à noite. Até eu encontrar a carta no correio.

— Se ainda tivesse algum motivo para brigar! — disse o meu avô na cadeira de rodas. — Não era uma batalha, linda! Não fique chateada, vai dar tudo certo. Meus netos vão crescer e não vão desaparecer.

Mas eu ainda não estava pronta para escutar que as coisas ficariam bem.

— Você não precisa trabalhar, — disse meu marido, 3 anos antes, quando estávamos saindo do hospital com nosso filho de 4 anos, — nosso filho precisa de você, fique em casa cuidando e educando ele. Pelo menos até o início da escola.

E eu fiquei em casa. Cuidei e eduquei nosso filho e também levava nossa filha, Nika, ao conservatório de música. Logo, nosso filho havia começado a escola, nossa filha tinha quase 15 anos, mas eu não tinha emprego e o apartamento, que estava no nome do meu marido antes do casamento, teria de ser desocupado até o final da semana.

— Você tem aquela nossa casa velha de campo, — disse meu ex- marido, Kolya, — eu posso ajudar a levar suas coisas e você pode levar os pratos, talheres, máquina de lavar, geladeira etc.

— Nossa, muito obrigada, meu querido marido. Claro que eu vou levar. A geladeira e a máquina de lavar. Numa casa velha que não tem tubulação de água e nem espaço para uma geladeira.

Quando recebi essa casa, depois que meus avós faleceram, ele se recusou a fazer qualquer obra dizendo que nós já tínhamos um bom apartamento e que essa casa seria apenas uma casa de campo para visitarmos de vez em quando. Bom, essa casa seria, a partir de então, o lugar em que eu teria de viver. Com meus filhos.

— Ai, cheira a umidade, — disse Nika ao entrar na casa. — Eu não quero morar aqui, mãe. Quero voltar para casa.

Kolya foi embora rapidamente para não ter de explicar à filha que esse seria seu lar a partir de então. Depois de uma semana, ao chegar da escola, Nika começou a arrumar uma mala com suas coisas.

— Eu tenho direito de escolher, — exclamou ela, — vou viver com meu pai. Não quero ficar aqui catando lenha e sem água quente. Você não conseguiu manter o papai, então por que eu seria obrigada a sofrer?

Eu não segurei minha filha. Meu pequeno Misha, meu filho, se agarrou a mim como um urso e apenas me abraçou com suas mãos ainda miúdas.

Como eu e meu filho sobrevivemos ao nosso primeiro inverno na casa velha? Não sei como contar que eu acordava às 2 da manhã para catar lenha e manter o fogo para não estar frio quando meu filho acordasse. Depois da escola, Misha juntava madeira cuidadosamente em uma pilha para pudéssemos colocá-las no forno à noite novamente para aquecer a casa.

Não sei também como contar sobre os baldes que tínhamos de carregar juntos para tomar o banho do dia. Não sei como dizer sobre a pensão que não recebia e como não pagávamos ao caixa do mercado o que realmente devíamos. E havia ainda as repreensões da minha mãe:

— Sua filha fugiu para morar com o pai e uma mulher estranha, e você fica aí sentada sem fazer nada. Que mãe é essa? Fique de olhos abertos, você vai perder seu filho também.

— Ninguém vai me levar para lugar nenhum, — disse meu filho, sério, franzindo as sobrancelhas, — eu não saio daqui. Muito menos para ir morar com ELE. E eu já vejo a Nika na escola.

Depois de um ano aconteceu um milagre! Minha casa entrou na zona de reassentamento por causa da escola construída nas proximidades. Por isso, o poder público nos forneceu um apartamento novo, com um enorme parquinho e um centro esportivo. Não era muito grande, mas tinha espaço suficiente para nós dois.

— Mãe, — ligou minha filha, — posso ir morar com você?

— Claro! Venha, meu amor. ­­— eu respondi.

E novamente, minha mãe e amigos reprovaram minha atitude “leve” demais:

— Escolheu morar com o pai, então que fique com o pai. O que será que deve ter acontecido? Agora o apartamento da mamãe é novo e ela decide morar com você.

Nika chegou com as malas, sem graça e com a cabeça baixa. Depois começou a chorar na entrada. Chorava e sussurrava incoerentemente:

— Eu pensei que... ele disse que...mas o traidor foi ele... por que eles são todos assim? Eles brigavam todos os dias. E eu era a culpada. E a irmã mais nova chorava o dia todo. Aquela mulher contava quantas vezes já tínhamos lavado a louça. E reclamava depois que eu comia demais. E meu pai... que homem é esse?

— Ele nunca me defendeu... e dizia para eu chamá-la de mãe. Que mãe é essa?

Então, confortei minha filha, que pela primeira vez teve de lidar com a traição da pessoa mais próxima a ela naquele momento. Apenas acariciei seus cabelos enquanto enxugava suas lágrimas.

Nos sentamos no chão, no corredor, entre as bolsas que meu ex-marido tinha trazido à minha porta — sendo que sequer quis entrar para ver o próprio filho.

— Mãe, — minha filha levantou os olhos inchados e com um rosto ainda infantil, — eles são todos assim? Não há nenhum bom?

Nessa hora, Misha saiu do banheiro depois de instalar uma lâmpada, dizendo que falaria com todos do prédio caso não funcionasse e nos abraçou com aqueles seus pequenos bracinhos de um menino de 8 anos.

— Não há homens bons, foi o que você disse? — perguntei à minha filha. — Bom, eu conheço pelo menos um!

Nosso único homem, então, tentou pegar a bolsa pesada da irmã, fazendo barulho como se fosse um leão forte e perigoso, tentando enxugar as lágrimas estampadas no nosso rosto e ganhar um sorriso:

— Vamos acabar com a tristeza aqui! Não tem motivo para chorar, vai ficar tudo bem!

Comentários

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Tem que ter muita força e sabedoria pra seguir em frente.Imagina ,todo o teu mundo desabar de uma hora pra outra,sem tu entender por quê.

Claro que existem homens de verdade,que amam,protegem,respeitam...mas também existem uns filhos da puta que só na base do rebenque.

E há males que vem pra bem.Melhor extirpar o câncer de uma vez por todas .

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