Provavelmente procuramos Atlântida no lugar errado

Curiosidades
há 10 meses

Você provavelmente já ouviu falar sobre a misteriosa Atlântida. Era uma utopia de alta tecnologia onde as pessoas viviam felizes. Mas então algo aconteceu, e Atlântida desapareceu da face da Terra. Muitos acreditam que essa cidade fica no fundo do Oceano Atlântico. Mas e se estivéssemos procurando no lugar errado todo esse tempo? E se ela estiver em algum lugar diferente de onde estão tentando encontrá-la?

E se por todo esse tempo Atlântida estivesse no meio do Deserto do Saara? Bem, essa teoria inesperada tem algumas evidências. Mas, para estudar essa versão, é preciso primeiro entender o que era Atlântida e como ficamos sabendo dela. A primeira menção à misteriosa cidade foi em 360 antes de Cristo. O antigo filósofo Platão escreveu sobre Atlântida. Sua obra “Diálogos” descreveu Atlântida como uma terra rica com tecnologias avançadas. Seus habitantes eram poderosos, inteligentes e belos, como os super-humanos.

Ele descreveu em detalhes a estrutura da cidade. E essa foi a principal razão pela qual muitas pessoas acreditavam na existência da Atlântida. De acordo com seus registros, os atlantes construíram esse lugar em vários círculos concêntricos de pedra preta e vermelha. Depois cobriram os círculos com latão, estanho e metais preciosos. Na cidade, havia canais de água sobre os quais os navios navegavam. Os atlantes eram marinheiros, por isso construíram uma passagem de sua cidade para o mar aberto.

Na Internet, você pode encontrar muitos desenhos de Atlântida, criados com base nas descrições de Platão. Veja esses desenhos e uma foto real do Olho do Saara. Esse lugar no Saara tem a forma de vários círculos concêntricos. Parece que uma cidade destruída deixou um rastro na areia. Na internet, muitas pessoas escreveram que a cidade perdida estava localizada ali, mas ninguém conseguiu provar isso.

Era uma vez, num tempo muito distante, um Saara cheio de rios e lagos. Nos tempos pré-históricos, aqui só havia água. Até agora, tudo combina. O olho do Saara foi descoberto pela primeira vez na década de 1930. Esse lugar era considerado uma cratera de um meteorito caído. Mas, em meados do século 20, os cientistas fizeram uma análise do solo e refutaram a versão da rocha espacial caída. No final, todos concordaram que se tratava de uma cúpula de rochas derretidas sob a qual o magma estava em fúria.

Durante milhões de anos, o vento e a água estavam destruindo a paisagem formada e acabaram fazendo com que ela parecesse um círculo perfeito. Mas e se os atlantes chegassem a esse lugar e usassem círculos naturais para construir uma cidade? Nesse caso, teríamos muitos vestígios e artefatos dessa civilização desenvolvida. E, sim, os arqueólogos encontraram algumas pontas de flecha, lanças, remos e outras coisas lá.

Mas isso não tem nada a ver com Atlântida. No Olho do Saara, encontramos uma multidão de artefatos de Acheulean, uma antiga tribo que frequentava esse lugar. As ferramentas de Acheulean apareceram há mais de um milhão e meio de anos pela primeira vez. Alguns dos itens encontrados ali podem ter 130 mil anos de idade. De acordo com os registros, Atlântida existiu há cerca de 12 mil anos. Arqueólogos não encontraram estruturas artificiais nesse lugar. Também não havia escombros ou vestígios de uma grande cidade. O mais lógico seria ter encontrado algumas coisas se uma grande cidade com tecnologias avançadas tivesse existido ali.

O principal divulgador dessa ideia foi um canal do YouTube. Ele alcançou um milhão de views e atraiu a atenção de muitos historiadores e antropólogos. A teoria de que o Olho do Saara é Atlântida foi rapidamente refutada. As pessoas encontraram demasiadas discrepâncias entre esse lugar e a descrição de Atlântida. Esse canal tentou chamar a atenção dos espectadores apresentando semelhanças externas entre a paisagem natural e a cidade antiga fictícia.

Outra teoria popular afirma que a Atlântida era um continente real localizado ao largo das Bahamas. Mas a cidade foi engolida pelo Triângulo das Bermudas. De acordo com essa lenda, as ruínas da cidade ainda estão no fundo do triângulo. Mas também não há confirmação dessa teoria. O escritor Charles Berlitz a inventou. Quem apoia essa teoria afirma que os muros e as ruas da parte ocidental das Bahamas podem ser as ruínas de Atlântida. Mas os cientistas não concordam. Eles provaram que esses muros são formações naturais de rochas costeiras. Há também rumores de que a história de Atlântida foi inspirada por uma catástrofe real: a inundação do Mar Negro.

Esse é o Bósforo — um estreito na Turquia que liga o Mar Negro e o Mar de Mármara. Por volta de 5600 antes de Cristo, o Mar Negro era duas vezes menor do que é hoje e tinha muitas cidades em suas margens. Infelizmente, uma enorme inundação destruiu essa civilização. Em um ano, as cidades foram pra debaixo d’água e os habitantes sobreviventes mudaram-se para terras estrangeiras e espalharam histórias sobre a enchente. Talvez essas histórias tenham inspirado Platão a inventar Atlântida.

Nos anos de 1950, as pessoas chegaram a outra versão. Atlântida era o continente que hoje é a Antártida. Há dezenas de milhares de anos, um continente quente abrigando uma cidade desenvolvida deslocou-se para a parte norte do nosso planeta por causa do movimento da crosta terrestre. Os atlantes não conseguiram se adaptar às novas condições de frio, e Atlântida estava coberta de espessas camadas de gelo. Essa teoria foi refutada quando os cientistas começaram a estudar a natureza das placas tectônicas. Descobriu-se que a crosta terrestre não poderia ter se deslocado para um continente tão grande como a Antártida.

As placas tectônicas não se comportam assim. Mas a questão principal é: “Atlântida era real?”. Ninguém a havia descrito antes de Platão. Talvez o filósofo a tenha criado. Talvez ele tenha feito isso para enfatizar a correção de suas opiniões sobre a vida e para identificar suas teorias filosóficas. Em suas obras, ele escreveu muito sobre a natureza divina e humana e sobre como as pessoas podem destruir essa natureza. Ele falou de sociedades ideais que entraram em decadência por causa de comportamentos e vícios imorais.

Os atlantes já foram pessoas morais, espirituais, que criaram uma utopia. Mas depois se tornaram gananciosos e mesquinhos. Eles destruíram sua natureza interior e, por isso, tiveram que testemunhar a destruição de sua cidade. Certa noite, incêndios e terremotos atingiram Atlântida e mergulharam a cidade no mar. As forças superiores puniram as pessoas por seu comportamento imoral, e Platão também queria que todos tivessem medo da decadência moral. Mas, a julgar pelas descrições dos terremotos e incêndios, pode parecer que Atlântida foi destruída por uma erupção vulcânica, como aconteceu com a antiga cidade romana de Pompeia.

E tais destruições ocorreram com bastante frequência ao longo da história. Os desastres naturais arruinaram muitas cidades desenvolvidas. Um dos casos mais famosos se passou em 1100 antes de Cristo no Mar Mediterrâneo, quando uma erupção vulcânica destruiu uma sociedade minoica altamente desenvolvida. A civilização minoica existiu por cerca de dois mil anos. Essas pessoas viviam principalmente nas ilhas de Creta e Santorini, localizadas ao norte de Creta. Os minoanos tinham belas casas, um sistema de esgoto e uma economia desenvolvida. Eles se dedicavam à agricultura, cultivavam frutas e verduras, pintavam afrescos e faziam joias.

Foram as primeiras pessoas a fundar a talassocracia, um império baseado no mar. Eles viviam da pesca, da pirataria e do comércio marítimo. Ao mesmo tempo, realizavam rituais cruéis, e seu modo de vida estava longe de ser moral. Estavam acostumados com os terremotos na ilha de Santorini, por isso reforçaram as muralhas da cidade com vigas de madeira. Mas não sabiam o que era uma erupção vulcânica. E, ao sentir o cheiro de enxofre no ar, não suspeitaram da catástrofe iminente. Quando o vulcão derramou toneladas de lava e cinza, todos os moradores de Santorini abandonaram suas casas e tentaram fugir. Mas não conseguiram.

A erupção e o terremoto desencadearam um tsunami. Uma grande onda inundou a parte costeira da ilha de Creta, o que atingiu duramente a economia desse povo e destruiu seu porto. Então os estrangeiros atacaram Creta e destruíram a civilização ali desenvolvida. Alguns historiadores pensam que Platão poderia ter se referido ao Império Minoano ao descrever Atlântida. Usando seu exemplo, ele mostrou como ações imorais poderiam destruir as pessoas.

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