Por que as pessoas acabavam sendo presas por vestirem isso na era Tudor

Curiosidades
há 7 meses

Hoje temos vários tecidos a nossos dispor, mas na era Tudor havia uma “hierarquia de tecidos”. Trocando em miúdos: nem todos tinham permissão para usar roupas feitas de seda — já que esse tecido era reservado aos membros da realeza. Os cavaleiros podiam optar pelo veludo. Outra coisa: as pessoas comuns tinham que tomar cuidado com as cores — era proibido usar roxo, por exemplo. Por mais absurdo que isso pareça hoje, nos séculos XV e XVI, na Inglaterra, usar tecido e cor errada era quase um crime.

Mesmo assim, era praticamente impossível ser um fora da lei das roupas, pois elas eram caras demais. Para conseguir comprar algumas peças de roupa, era preciso ter vários empregos. Então, as pessoas cuidavam muito bem delas. Para os reles mortais, as roupas eram usadas para suportar o clima severo.
Houve quem se metesse em encrenca com a lei não por causa das cores proibidas para pessoas comuns, mas por usarem roupas que não eram socialmente aceitas.

Quanto aos dentes, a moda era bem estranha comparada aos dentes branquinhos que todos querem ter hoje em dia. Muitas fontes afirmam que dentes pretos eram extremamente estilosos na época, já que provavam um status social alto. Os nobres da Inglaterra na dinastia Tudor consumiam açúcar em quantidades obscenas. Na época, o açúcar só era acessível para os mais ricos, pois era importado de países distantes, como os territórios britânicos do Caribe. A logística era complexa, então o açúcar na Inglaterra acabava custando uma nota. Quanto mais açúcar as pessoas consumiam, mais pretos eram seus dentes. Então, dentes pretos eram vistos como um indício de estilo de vida extravagante, assim como as bolsas de grife hoje em dia.

Porém, as pessoas tinham algum tipo de cuidado com os dentes, mesmo no século XVI. Pra começar, havia palitos de dente para retirar qualquer resto de comida. As pessoas comuns também usavam pós improvisados feitos com fuligem. A melhor opção era a a fuligem limpa de velas de cera. As pessoas coletavam esse material segurando a chama da vela contra uma superfície limpa e polida. Qualquer espelho era uma ferramenta excelente para coletar fuligem. Uma vez coletada, a fuligem de vela era esfregada nos dentes. Ela removia mesmo as placas e eliminava o mau hálito. Quem quisesse uma limpeza mais profunda podia esfregar giz e sal nos dentes.

Quanto à higiene pessoal, lavar o corpo era algo como uma barbárie e um atentado contra a saúde. Muitos médicos da época acreditavam que a água poderia infectar as pessoas através dos poros, então, em vez de tomarem um banho descente, as pessoas esfregavam linho na pele. Na época, tudo que precisavam para ter um corpo limpo era um tecido de linho. Sem gel de banho, sem hidratante — apenas esfregadas vigorosas! Isso é um banquete para piadinhas, mas vou deixar passar.
Ei, a água era considerada ruim para beber também — o que era parcialmente verdade: a água das cidades grandes era mesmo contaminada. Então, nem ricos nem pobres a bebiam. Em vez disso, para manter a hidratação do corpo, os pobres tomavam cerveja ou hidromel feito com mel fermentado, enquanto os ricos bebiam vinho.

Hoje o café da manhã é a principal refeição do dia e esse conceito foi criado na era Tudor. Antes, era recomendado pular o café da manhã e esperar o jantar. Não, na era Tudor eles não jantavam às 8 da noite — muitas casas faziam o jantar às 10 da manhã. Mas em meados dos anos 1530, o jantar foi deixado para mais tarde por causa do clima — as pessoas precisavam colocar alguma coisa no estômago para ser produtivas.
Assim, o café da manhã ao estilo Tudor surgiu. Como as pessoas acordavam por volta das 4 da manhã, acabavam tomando o desjejum por volta das 6. Na verdade, nada mudou muito desde o século XVI — pão, ovos fritos e bacon ainda são o desjejum preferido de muita gente.

A principal refeição do dia, o jantar, surgiu muito cedo; o horário mais comum era por volta das 11 da manhã. Quanto ao que era servido — sim, o pão era o prato central de novo. Ele vinha em muitas variedades, e, dependendo de quão rica a casa era, o pão era comido sozinho ou com outros alimentos. Mesmo assim, o pão da época era muito diferente dos que temos hoje. O mais próximo do que comemos no mundo moderno era chamado manchet loaves: era feito com farinha de trigo branca e fermento fresco. Só que registros antigos afirmam que a crosta era mais crocante e o sabor mais cremoso...

À noite, as pessoas comiam a ceia. Quando nos sentamos para comer hoje, esperamos ter pratos e porções individuais, mas naqueles tempos eles partilhavam a mesma comida. E não se exigia tantos talheres ou louça. Quase ninguém, principalmente as pessoas comuns, usava garfo pra comer. Comia-se tranquilamente com facas e colheres levados para a ceia e até com os próprios dedos. Ugh, dedos é um pouco demais pra mim, espero que eles tenham usado desinfetantes ou lenços umedecidos! Brincadeirinha — na verdade, é pouco provável que eles lavassem as mãos antes de comer.

Imagine que você está ceando na Inglaterra da era Tudor. Aqui está a lista de coisas com as quais você não deve se escandalizar:

— Você leva seus próprios talheres, mas já falamos sobre isso.

— Você partilha sua porção, chamada de “a bagunça”, com cerca de 3 a 5 pessoas. Relaxa, a comida é pequena, parecida com canapés.

— Você tem que pegar a comida diretamente da mesa e colocá-la dentro da boca.

— Se sentir sede, prepare-se para compartilhar um copo com algumas pessoas de novo. Eles tinham uma regra de etiqueta: era preciso limpar os lábios antes de encostá-los no copo.

— Você não guarda um espacinho no estômago pra sobremesa, e sim pro queijo. Acreditava-se que o queijo era um excelente encerramento para qualquer refeição.

— Quanto a sobremesas, elas eram coisa de rico (lembra que o açúcar era uma iguaria cara?). Os mais pobres comiam pão de gengibre e mel como sobremesa e às vezes conservas de fruta em calda.

Vamos para o cardápio principal! Não espere ver muitos legumes durante o inverno — eles só existiam em épocas determinadas. Não havia frutas e legumes exóticos. Maçãs, peras, repolho, mandioquinha e provavelmente ameixas eram o máximo que uma pessoa da era Tudor poderia sonhar em comer. No fim do período dos Tudor, tomates e batatas surgiram — então, se alguém os visse na mesa, era sinal de que aquela casa era rica.

Hoje em dia a arquitetura antiga pode parecer magnífica, mas as pessoas não gostavam tanto da arquitetura dos Tudor quanto a gente. O motivo é simples: aqueles prédios maravilhosos ficavam sempre cobertos por uma lama fedorenta. Limpar a sola dos calçados era inevitável, então havia multidões na entrada das construções para tirar o barro dos calçados e absorver um pouco da umidade. Uma curiosidade: os tapetes eram mais usados para cobrir mesas. As casas mais ricas é que tinham condições de comprar tapetes de junco.

Hoje temos acesso a qualquer livro em questão de segundos, em nossos tablets — podemos até baixar uma biblioteca inteira e carregá-la dentro da mochila. Por falar nisso, o primeiro tablet foi inventado na era Tudor! Não, tô brincando. Mas voltando aos livros... havia uma escassez tremenda de livros na Inglaterra dos Tudors e os estudantes liam cartilhas. Era uma tábua coberta com uma folha transparente de chifre de boi para proteger o que se escrevia na tábua. Assim, mais estudantes podiam se beneficiar do “tablet” dos Tudor. A cartilha parecia mesmo um tablet, só que com uma página só.

Já se sabe que a maquiagem de antigamente não fazia bem à pele, mas a dos Tudor era considerada natural. Atores e mulheres da nobreza é que a usavam. Por ser natural, essa maquiagem tinha giz e ossos de rato em pó. Ah, e não podemos nos esquecer do chumbo! Pois é, nem sempre “natural” é sinônimo de “seguro”.
Agora tenho uma perguntinha para você: de que lado você dorme? Se você se deita do lado esquerdo, os médicos da era Tudor lhe repreenderiam, pois dormir do lado direito era considerado mais saudável! Pois é!

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