O asteroide foi ainda pior do que pensávamos

Curiosidades
há 8 meses

Sol está nascendo, iluminando árvores, pântanos e plantas enormes da Península de Yucatán. Estamos a 66 milhões de anos antes de hoje. São os últimos dias da Era Mesozoica. Esse mundo tranquilo ainda não sabe que uma rocha do tamanho de uma montanha está vindo em direção à Terra a uma velocidade de mais de 64.300 quilômetros por hora. Parece uma bola de fogo. E ela está crescendo cada vez mais a cada minuto que passa. Logo parece maior que o Sol. Os dinossauros que andam pela Terra pré-histórica ainda não sabem que precisam correr, se esconder, se salvar! Não que isso vá ajudar.

asteroide se choca com o planeta. A força da colisão é tão forte que o visitante espacial não para até atingir a crosta terrestre em uma profundidade de vários quilômetros. O impacto deixa uma cratera com mais de 161 quilômetros de diâmetro. Milhares de quilômetros cúbicos de rocha sólida se transformam instantaneamente em vapor. O impacto desencadeia uma série de desastres naturais que acabam com 80% da vida na Terra. Mas vou contar tudo isso depois. As criaturas que estavam próximas o suficiente para ver o acidente não sobrevivem por mais de alguns segundos. Ainda mais perto da cratera do impacto, o solo está coberto com milhares de metros de cinza quente, cascalhos e escombros. Vários segundos depois, tudo, em muitos quilômetros ao redor, pega fogo: grama, árvores, arbustos... O que não queimou nos minutos após a colisão enfrenta um problema diferente, ainda mais terrível...

Acontece que o asteroide que dizimou os dinossauros da face da Terra também produziu um monstruoso tsunami, o maior de todos os tempos. Um estudo recente afirma que ele era milhares de vezes maior do que qualquer onda que as pessoas já viram. Acredita-se que o asteroide Chicxulub, como o conhecemos agora, tenha vindo das profundezas do Sistema Solar. Esse corpo espacial tinha pelo menos 9,6 quilômetros de diâmetro. Ele caiu nas águas rasas do mar perto da Península de Yucatán. O impacto foi tão forte, que deixou sua marca na superfície do planeta. Em 2021, os pesquisadores descobriram que a colisão havia esculpido “megaondulações” na crosta terrestre na região onde hoje fica a Louisiana central.

Um estudo ainda mais recente sugere que o asteroide também provocou um tsunami tão devastador, que erodiu os sedimentos do fundo do mar a meio mundo de distância! A equipe de cientistas até remodelou os acontecimentos dos primeiros 10 minutos após o impacto. E o modelo mostrou que o asteroide produziu ondas até 30 mil vezes maiores do que um dos maiores tsunamis já registrados. Estou falando do tsunami do Oceano Índico que atingiu a Indonésia em 2004. A colisão deslocou tanta água, que formou uma onda de quase um 1,6 quilômetro de altura! E, claro, todo aquele lugar vazio não ficou assim por muito tempo. O oceano voltou a encher a cratera. Mas, no processo, apenas ricocheteou na borda da cratera, o que produziu ainda mais ondas.

Depois disso, ondas de tsunami com mais de 10 metros de altura viajaram ao redor do mundo a uma velocidade de 1 metro por segundo, atingindo todas as linhas costeiras pelo caminho. Não é de admirar que as maiores e mais rápidas ondas em movimento ocorreram perto da área de impacto nas águas abertas do Golfo do México. Elas alcançaram mais de 100 metros de altura e se moveram a uma velocidade 10 vezes maior do que as ondas mais distantes do tsunami.

Se falarmos dos maiores tsunamis da história da humanidade, vale a pena mencionar a erupção vulcânica de Krakatoa, em 1883. Ela produziu o som mais alto já ouvido na superfície do planeta. Também formou uma onda de tsunami tão alta quanto a Estátua da Liberdade.

Outro desastre natural devastador foi o tsunami Boxing Day, que aconteceu na Indonésia em 2004. Ele foi causado por um terremoto submarino que começou pela manhã. Seus tremores geraram uma série de ondas de tsunami. E a maior atingiu a altura do Arco do Triunfo de Paris.

O megatsunami do vulcão Unzen começou depois que uma forte erupção vulcânica provocou um deslizamento de terra de uma cúpula de lava de 4.000 anos. Ela atravessou a cidade de Shimabara e atingiu o mar, provocando um megatsunami. Sua maior onda tinha metade da altura da Space Needle em Seattle.

Um dos piores desastres naturais do mundo foi o megatsunami da barragem de Vajont, que aconteceu na Itália. Um deslizamento de terra arrastou 255 milhões de metros cúbicos de floresta, solo e rocha para dentro do lago. Uma parede escura de água gigante cobriu o céu sobre um pequeno vilarejo no fundo da barragem de Vajont. Depois, com um barulho ensurdecedor, a onda ultrapassou a borda da represa, levando tudo o que estava pelo caminho. A altura dessa onda era maior que a da Golden Gate Bridge!

Outro megatsunami ocorreu quando a parte superior do Monte St. Helens, nos EUA, desabou durante uma erupção, causando um enorme deslizamento de terra. Uma parte dessa avalanche foi parar no Lago Spirit. Isso agitou as águas do lago e formou uma série de ondas quase tão altas quanto a Torre Eiffel.

Um dos piores desastres desse tipo aconteceu na Baía Lituya, no Alasca, em 1958. Um deslizamento de terra causado por um terremoto formou uma onda que foi uma das maiores já registradas. Ela avançou pela costa e arrastou árvores, plantas e solo até o leito de rocha. A onda atingiu mais da metade da altura do Burj Khalifa, que é a construção mais alta do mundo.

E, é claro, quando falamos das ondas de tsunami mais altas de todos os tempos, temos que mencionar o megatsunami Molokai que ocorreu no Havaí em 1946. Um terço do Vulcão East Molokai cedeu e desabou no Oceano Pacífico. Isso causou um tsunami do tamanho do segundo edifício mais alto do mundo, a Torre de Xangai, com cerca de 610 metros! As ondas eram tão altas e fortes, que alcançaram o México e a Califórnia. Mas todos esses desastres não são nada perto do tsunami que atingiu a Península de Yukatan há cerca de 66 milhões de anos.

Enfim, vamos voltar a outras consequências da colisão. Pouco depois de o asteroide ter se chocado com nosso planeta, os terremotos começaram a sacudir a Terra como nunca antes. A força era equivalente a como se todos os terremotos que aconteceram no planeta nos últimos dois séculos ocorressem ao mesmo tempo! Um pouco menos de uma hora após a colisão, uma rajada de vento soprou sobre a área a uma velocidade de 1.000 km/h. Ela aplanou tudo o que ainda estava de pé e espalhou destroços por quilômetros ao redor. Um pouco mais distante da zona do impacto direto, os céus começaram a escurecer drasticamente. O que parecia ser estrelas cadentes era na verdade detritos caindo de volta no planeta. Com um brilho vermelho ameaçador, eles reentraram na atmosfera da Terra, emitindo radiação infravermelha.

Durante as primeiras horas após a colisão, o céu estava quase totalmente escuro. Mais tarde, começou a ficar mais claro, mas muito, muito lentamente. Nos dois anos seguintes, era parecido com algo entre um dia nublado e o crepúsculo. Muitas plantas não sobreviveram a essa penumbra e ausência de luz solar. Mais de 75% das espécies da Terra logo desapareceram. As cinzas ficaram no ar por meses. É por isso que, quando chovia, a água ficava altamente ácida. Os incêndios continuaram intensos. Eles produziram toneladas de toxinas que destruíram a camada de ozônio — pelo menos por algum tempo. Os gases e as partículas lançadas na atmosfera encobriram o Sol. Isso fez com que as temperaturas caíssem mais de 15 ˚C. Muitas espécies de plantas e animais que conseguiram sobreviver ao impacto não suportaram essas novas condições hostis. A Terra estava passando por tempos difíceis.

Curiosamente, algumas pesquisas afirmam que, após a catástrofe, o Hemisfério Sul conseguiu se recuperar duas vezes mais rápido que o Hemisfério Norte. O que poderia explicar esse fenômeno é a época em que o asteroide atingiu a Terra. Se tivesse acontecido na primavera do Hemisfério Norte, toda a flora e fauna estariam desabrochando, procurando parceiros e comida, enquanto no Hemisfério Sul os animais estariam se preparando para a estação fria, desacelerando e procurando abrigo para o inverno. Mas até agora isso é só uma teoria. Não existe uma explicação comprovada. Fique ligado aqui no canal para ver as novidades!

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