Deveria ter lido melhor. 5 fotos para documentos. E 1 foto (não é para documentos, subentende-se)
“Mudei para Portugal e estas foram as 8 coisas que mais estranhei”
Meu nome é Kamila, tenho 22 anos e mudei para Portugal em setembro de 2019. Sou a primeira da minha família a sair do Brasil, porque acreditava que qualquer lugar na Europa e, principalmente, no exterior, seria um mar de rosas. Nesse caminho, tenho acumulado experiência e algumas histórias para contar.
Decidi, então, dividir com o Incrível.club e seus leitores algumas delas, para quem já morou em Portugal ou para quem ainda não conhece. Confira só!
8. Confusão para tirar uma foto 3×4
Eu precisava de algumas fotos para levar à faculdade. Não encontrei nenhum estúdio fotográfico, apenas máquinas automáticas. Na máquina havia duas opções: “8 fotos para documento, 5 euros” e “1 foto por 2 euros”.
Pensei que não precisaria de 8 fotos e mesmo desconfiando da discrepância de preço, escolhi a opção para 1 foto. Pois bem, este foi o resultado. A opção para 1 foto não era do tamanho 3×4.
Fiquei sem foto e sem dinheiro.
7. Intervalos no cinema
A maioria dos cinemas não têm intervalo. A não ser que seja uma longa metragem de mais de 2 horas.
Eu já sabia que estranharia o cinema porque só tinha duas opções:
- Filme dublado com o português de Portugal;
- Legenda com o texto em português de Portugal;
Ok, posso lidar com isso, então escolhi o legendado.
No geral, eu estava conseguindo entender a legenda mas perdia algumas expressões por ainda não ter dominado o novo idioma. No meio do filme, eu estava superconcentrada, a tela congelou, as pessoas começaram a se levantar e eu fiquei completamente perdida.
Pensei: “Ué, gente, será que está acontecendo algum problema no cinema? Será que é uma emergência?”
Alguns segundos depois um cronômetro apareceu na tela e eu supus que poderia ser algum tipo de intervalo. Teimei em ficar sentada e sim, os cinemas dão intervalos no meio do filme.
6. As carnes
Eu peço bife de alcatra sem problema. Entendem perfeitamente. A não ser que, com a pronúncia do Brasil, o vendedor se confunda.
O Brasil é um país recordista em exportação de carnes, então nem preciso explicar o quanto somos abençoados com as nossas carnes. E eu nunca valorizei isso até sair do País. Queria comprar um bife para fazer no almoço e pensei:
“Vou comprar alcatra para economizar”.
Peguei a minha senha, fui para fila, já com a cebola em mãos para o meu “bifinho acebolado” e pedi:
— Dá licença, eu preciso de meio quilo de alcatra.
— Precisa de que?
*Pensei* Será que alcatra tem outro nome? Porque eu já tinha passado por outra situação constrangedora em que o abacaxi se chamava ananás.
— Ah, desculpa! Eu sou nova por aqui. O senhor tem alguma carne boa para bife?
*Uma alma caridosa me interrompeu e me tirou da fila*
— Olha, aqui não é igual ao Brasil. Recomendo você pegar um bife já cortado na geladeira porque essa é a sua melhor opção.
Resumindo: as carnes em Portugal são “diferentes”. Essa foto mostra o maior “bife” que consegui comprar no dia, bem caro e com o sabor muito diferente.
5. Secar roupas
Para quem mora em apartamentos o melhor é comprar máquina de secar roupa.
Eu não sei como é nos outros estados do Brasil, mas onde eu morava (RJ) sempre fez (muito) calor. Cheguei em Portugal no final do verão, lavei e sequei minhas roupas normalmente. Mas quando o inverno foi se aproximando, as roupas não secavam mais e o cheiro ficava estranho.
Fui a uma dessas lavanderias e achei o máximo. Parecia com as cenas que eu sempre via nos filmes. Aí pensei: “Nossa, que incrível, agora sim parece que estou na Europa. Vou vir aqui sempre”.
Na semana seguinte, o tempo mudou radicalmente, chovia e ventava muito. Esperei chegar o fim de semana porque estaria livre das aulas. Adivinhem? Toda a cidade teve a mesma ideia. Como eu não pensei que outras pessoas estariam passando pela mesma situação? Ingênua.
Resumindo: confusão, piso molhado e 14 horas de muita luta para tentar secar 2 sacolas de roupas. Toda semana é a mesma coisa e ainda não descobri como não passar mais por isso.
4. Absorventes higiênicos
Disso não percebo nada.
Quando precisei de um absorvente, me espantei com as opções: com e sem abas. Ok, não preciso de muita coisa. Quando cheguei em casa e abri o pacote, levei um susto: ele aberto era maior do que o meu próprio rosto. Logo gritei: “Amor, tira uma foto dissooo”. Nunca me acostumei.
3. “No frio as pessoas são chiques”, eles diziam...
No frio não somos chiques. Agasalhamo-nos ou ligamos o aquecimento.
“No frio as pessoas são chiques”. Ah, tá. É chique quem tem dinheiro ou já está acostumado a morar em lugar frio.
O tempo foi ficando cada vez mais cruel comigo e as roupas que eu tinha já não estavam dando conta. O chão, mesmo com sapato e meia, congelava os meus dedos. Então fiz o que deu e esse foi o resultado.
2. Água filtrada
Há muitos pontos de água nos edifícios públicos sem ser nos banheiros. E também há bebedouros, não sei é se nessa faculdade haveria falta.
No primeiro dia na faculdade levei minha garrafinha de água (vazia) para encher no intervalo de aula. Sempre fiz isso, mesmo fora do RJ. Andei, andei, andei. Nada de achar um bebedouro. Perguntei para a primeira pessoa que vi:
— Dá licença, sabe me dizer onde tem um bebedouro?
— Sei.
Se virou e saiu ?
— Dá licença, onde eu posso encher a garrafa para beber água?
— Na casa de banho (banheiro)
Ah, ótimo, vou beber água do banheiro, pensei. Fiquei chateada, estava o dia todo com sede. Então passei no mercado para comprar um filtro mas não achei. Comprei uma garrafa de água e no outro dia procuraria o filtro em outro lugar.
Resumindo: eles não têm o costume de usar filtro e os lugares não tem bebedouros comunitários. A maioria das pessoas bebe direto da pia, mas eu não gostei do sabor. Depois de muito tempo achei essa garrafa da foto acima: você coloca água normal e ela sai filtrada. Agora até que gosto, achei bem prática e ela filtra bem rapidinho.
1. Faixa de pedestres
Em Portugal, chama-se passadeira para peões. Quando alguém manifesta intenção de atravessar os automobilistas são obrigados a parar. É para isso que as passadeiras lá estão, caso contrário, se tivéssemos de esperar que o carro passasse, de nada valeria a passadeira.
Eu estava em Faro, uma cidade relativamente pequena, no Algarve. Vi poucos sinais de trânsito. Um belo dia atendi uma ligação no celular, depois continuei mexendo nele na beira da calçada. Um carro parou e esperou, eu olhei e continuei no celular. Alguém colocou a mão para fora e começou a fazer sinal.
Eu não estava perto de uma faixa e nem de um sinal de trânsito. Comecei a ficar nervosa, virei e saí correndo. Sim, eu fiz isso. Qual é? Eu vim do RJ. Rio de Janeiro. Se alguém parar o carro perto de você e olhar por mais de 3 segundos, você corre!
Depois, fizeram a mesma coisa. Então resolvi perguntar e me disseram que lá, se alguém aparecer na beira na calçada, eles sempre param o carro para a pessoa passar. Agora me sinto na obrigação de atravessar a rua toda vez que um carro para (mesmo que eu não queira).
E você, conhece alguém que saiu do Brasil e se mudou para Portugal?
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Comentários
Muito pelo contrário ,para mim apenas descreveu aspectos diferentes da cultura,não de forma depreciativa,e sim elucidativa!
Bem fresca essa menina. Falou da sua experiência com tom de desconforto. Já vi relatos de experiência em Portugal com humor, mas na boa ela aparenta está bem incomodada com a mudança.
Quem não está habituado com civismo estranha mesmo kkkkk, Tenha em mente você não está no Brasil!!
Sou português, lisboeta, e vários dos posts colocados sobre os nossos hábitos ... estão errados !!!
Simplesmente desrespeitoso, todos xingando meu país, não se esqueçam que Portugal tem 10 Milhões de habitantes!