E se você comer queijo mofado sem querer?

Muito bem. O sol já está alto lá fora, você acorda após farrear a noite toda com seus amigos, dá uma olhada no relógio... caramba, já é meio-dia! O supermercado já deve ter fechado... — ou pelo menos essa é a desculpa que você se dá quando não está a fim de sair para comprar alguma coisa.
Bem, hora de tomar uma café-da-manhã, mesmo sendo tão tarde! Você abre a geladeira — ah não, que cheiro estranho é esse? Isso é... queijo dentro de uma embalagem plástica? É a única coisa que restou na geladeira, e o mercadinho fica a quase quatro quarteirões de distância, então... não resta outra opção a não ser tentar.

O mofo geralmente é um sinal de que sua comida está estragada, exceto quando ele está no queijo. Se possível, apenas retire a parte mofada e coma o resto. Se acabar comendo um pouco desse mofo sem querer, não se preocupe — a maioria dos tipos de queijo já contêm algum tipo dele... essa é uma parte importante da fabricação do laticínio.

Há pouquíssimas exceções, como aquele mofo cinza-escuro, quase preto. Se vir isso em um queijo macio, jogue ele fora e compre outro.

Quem sabe você divide seu apê com um amigo sardenho cuja avó o presenteou com a especialidade da ilha deles: queijo podre, conhecido como queijo de larvas! Os produtores desse laticínio da Sardenha o deixam estragar muito, muito mesmo, e aí — prontinho! Você tem uma iguaria famosa com gosto de língua queimada. Na verdade, isso é até ilegal em alguns países! Então, antes de pegar um pedaço dessa comida infame na sua geladeira, veja se não tem nada se mexendo dentro dela.

Se estiver preparando um omelete e não tiver ingredientes suficientes para temperá-lo, pegue a casca do ovo (se ele for orgânico), ferva e depois asse a cerca de 200 graus. Quando tudo ficar sequinho, triture até que vire pó e jogue um pouco no seu omelete. As cascas de ovo são uma fonte boa e barata de cálcio, então vale a pena experimentar!

Se não tiver nada pra comer em casa, pegue uma barraca, um cobertor e uma lanterna — e corra para o mato. Pelo menos lá você terá um estoque inesgotável de casca de árvore, então não passará fome. Pois é, nossos ancestrais comiam casca desde sempre — e a de canela estava entre as preferidas deles.

Seria uma maravilha não precisar lavar louça após comer, né? Sim, estou falando dos pratos e talheres que a gente pode ingerir após usá-los. Isso não é um conceito novo: já existem pratos comestíveis, como as tortillas e os cones de sorvete. E tem uma empresa indiana que produz talheres comestíveis feitos de arroz, trigo e painço há mais de 10 anos. Bem que eles poderiam inventar uma lata de bolo comestível...

Aaah... lembra dos tempos de criança quando comíamos giz e terra e ninguém olhava torto pra gente? Isso acontecia com meu amigo... pois é... bem, em sua forma pura, o giz é apenas carbonato de cálcio — não vai melhorar a sua saúde, mas também não é tóxico e não vai prejudicar seu corpo. Quem come isso geralmente sofre de “alotriofagia”, uma condição que faz as pessoas sentirem vontade de ingerir coisas sem valor nutritivo.

O papel é também uma das coisas que as pessoas com alotriofagia sentem vontade de devorar. Uma das explicações para isso é que o papel é fibroso, e elas provavelmente estão com falta de fibra. O papel não tem nenhum valor nutricional... e além disso, é quimicamente tratado, então é melhor não comê-lo!

Não é tão incomum se alimentar de argila também. Em algumas partes do mundo as pessoas a ingerem para suprir a deficiência de zinco. Claro, precisa ser uma argila especial, que é purificada e própria para o consumo.

Terra — aah! Os bons tempos da infância, quando brincávamos no quintal, fazendo comidinhas de lama... não que essa terra deva estar no seu cardápio diário, mas se conversar com algum especialista em nutrição, você descobrirá que mandar pra dentro um pouquinho da terra certa não é tão ruim assim. Algumas argilas e lamas têm um monte de minerais, principalmente quando são livres de substâncias químicas.

Os dentes de leão são as flores comestíveis mais saudáveis que existem — vitaminas, ferro, antioxidantes... pois é, altamente nutritivas, e o melhor — é possível encontrá-las em qualquer lugar.

O cacto parece ser uma planta da qual devemos manter distância, mas, se limpá-lo e prepará-lo do jeito certo, você pode incluí-lo em sobremesas, saladas, sopas, pão, bebidas... no que quiser! Ele tem gosto de... bem, de meleca, pra falar a verdade. Lembre-se de retirar todos os espinhos, hein?

Alguma vez você já deu uma volta por aí, olhou para o céu, viu alguns ninhos de passarinho e pensou “Nossa, isso poderia ser meu jantar de hoje”? Não mesmo, né, mas ninhos comestíveis são famosos em muitos países. Eles são nutritivos, têm um sabor inigualável, e sim, são feitos da saliva de um tipo específico de pássaro. Também são extremamente perigosos de cultivar e difíceis de preparar, então, se quiser provar essa coisa, não se esqueça de passar no banco primeiro. Ele pode custar até 4.000 dólares o quilo.

Existe mais uma coisa cara e pronta para consumo — o ouro. Não vá devorar o colar da sua mãe se estiver a fim de um lanchinho da tarde brilhante, mas os flocos ou folhas de ouro geralmente são usados para decorar comida, principalmente sobremesas. O ouro é inerte, então não causa nenhuma reação química no seu corpo, e passa direto pelo seu sistema digestivo, sem ser absorvido. Eu iria fazer uma piada aqui com a febre do ouro, mas é melhor deixar pra lá.

Algumas culturas costumavam ferver, amaciar e mastigar couro quando estavam sem comida. Bem, mesmo se quiser experimentar, você não vai conseguir. O couro de hoje é quimicamente tratado, então é prejudicial à saúde.

O que você faria se encontrasse uma tarântula pelo caminho? Se for na Camboja... em uma feira de tarântulas, coma! Isso é um clássico lanchinho empanado naquela região.

As tarântulas têm mais carne do que os gafanhotos, que também foram parar no cardápio da Ásia e de algumas partes das Américas. Tanto essas aranhas quanto os grilos são ricos em proteína e extremamente comestíveis. Todos esses carinhas precisam ser cultivados e preparados do jeito certo — não dá pra pegar um inseto aleatoriamente e comê-lo! Ah, dizem que os gafanhotos têm gosto de sardinha. Será?

É só mais uma tarde qualquer, você está sentado no sofá em frente à TV, pensando em qual lanchinho satisfaria sua vontade de comer alguma coisa... sim, ok, alguns cookies de chocolate não seriam má ideia, mas que tal de vespas? Sim, esses biscoitos são cheios desses insetos, qual a novidade, né... Essas iguarias de arroz, salpicadas de vespas, vêm do Japão. Os insetos são cultivados de forma especial, só para serem usados nos cookies, e não saem passeando sem rumo pela cidade...

Outro prato inusitado encontrado no Japão é o baiacu. É preciso muito treinamento profissional para preparar este peixe da maneira correta, já que ele é cheio de veneno tóxico. Uma porção pode custar até 120 dólares! Assim que o chef licenciado separa as partes venenosas, as joga em um recipiente de metal e o tranca com um cadeado! Depois, isso é levado a um mercado certificado de peixe para ser queimado. O veneno é forte demais para ir para um lixo comum!

Imagine que seu trabalho seja coletar ovos de formiga, e que você seja pago por quilo — quanto tempo levaria para juntar uma quantidade suficiente, hein? Bem, só se mudando para o Laos para saber. Lá eles têm uma das sopas mais incomuns do mundo — de ovo de formiga branca. Dizem que o gosto é parecido com o de camarão, então deve valer a pena experimentar! Ou talvez seja melhor fazer uma sopa de camarão por aqui mesmo... sei lá.

Os ovos centenários são encontrados na China, e não — sinto muito, eles não têm milhares, centenas ou nem mesmo dezenas de anos. Geralmente só leva dois meses para prepará-los, mas o jeito que isso é feito é super interessante: eles são imersos em argila ou lama. Essa técnica é praticada na China há séculos, e preserva todos os nutrientes dos ovos.

Mas o que acontece dentro do ovo? Basicamente, a amônia e o enxofre se acumulam na gema, enquanto algumas substâncias parecidas com flocos de neve e de cor âmbar ficam na parte externa. Parece que depois ele fica com um cheiro forte de amônia... ah, a beleza das comidas com cheiro apodrecido! Pois é...