e como seria se fosse ao contrário, ou seja noite eterna?
Como seria o nosso corpo se fosse sempre de dia
Você sabia que existem lugares no mundo onde não anoitece por semanas? Principalmente próximo aos polos norte e sul, próximo do solstício do verão, o sol é visível no céu 24 horas por dia. Esse fenômeno se chama Sol da meia-noite e pode durar até seis meses, dependendo do local.
O que nos faz pensar: e se nós vivêssemos em um lugar onde não houvesse noite permanentemente? Como o nosso corpo se adaptaria à presença do sol o tempo todo? Alguns cientistas já se dedicaram a responder a essa questão, e os resultados são, no mínimo intrigantes.
Por isso, nós do Incrível.club reunimos tudo o que a Ciência afirma que aconteceria com o nosso corpo se não houvesse mais noites. Ah, e não se esqueça de conferir nosso bônus no final do artigo.
“Nunca mais eu vou dormir”
Para regular os períodos em que ficamos acordados e dormindo, o nosso cérebro produz um hormônio chamado melatonina. Esse hormônio é liberado em maiores quantidades no nosso organismo de acordo com a entrada de luz pelos olhos, ou seja, na ausência de luz a produção aumenta. Expostos à luz o tempo todo, nossos corpos começariam a sofrer a deficiência da melatonina. Por consequência, ficaríamos praticamente impossibilitados de adormecer naturalmente, e passaríamos os dias inteiros terrivelmente cansados e irritantemente acordados.
Joey não divide comida
Um artigo publicado pela National Library of Medicine comprovou que a privação do sono pode causar hiperfagia, ou seja, o aumento do apetite. Isso porque outro hormônio que produzimos à noite é a leptina, que tem um pico de produção à noite e pela manhã. Ela controla a nossa sensação de saciedade, ou seja, sem ela teríamos dificuldade em saber quando estamos cheios. A leptina também regula o gasto energético para manter o peso corporal. Por isso, animais que não a produzem, tendem a ser obesos.
Sem noite, sem saúde
Como você pode ver, a maioria das consequências percebidas pela inexistência da noite seriam relacionadas à falta de sono. Os estudos do Richard Stevens, um epidemiologista da University of Connecticut, revelaram os impactos no nosso corpo pelo excesso de luzes artificiais durante a noite, chamados de poluição luminosa. Os efeitos diretos são principalmente depressão, câncer e obesidade.
Randy Nelson e Laura Fonken, da Ohio State University, notaram os mesmos efeitos em ratos expostos à luz durante a noite, tanto em animais de hábitos diurnos quanto noturnos. Aliás, o ganho de peso nos ratinhos aconteceu mesmo que eles estivessem ingerindo a mesma quantidade de calorias diariamente. E os testes foram feitos com luzes excessivas e com o equivalente a uma TV ligada: os efeitos foram os mesmos.
Sem pupilas
As nossas pupilas servem para controlar a entrada de luz nos olhos. Elas se dilatam em ambientes mais escuros, para captar mais luz e permitir que enxerguemos melhor, se contraindo em ambientes muito iluminados. Se não tivéssemos mais noites e os dias fossem sempre claros, as pupilas ficariam constantemente contraídas.
Tomando por base o que acontece quando os olhos são submetidos à escuridão prolongada, podemos apenas imaginar o que seria da nossa visão com luz o tempo todo: nossos olhos evoluiriam para ter pupilas minúsculas — ou uma solução natural ainda mais radical, não existiriam mais.
Tá chovendo passarinho
Algumas espécies de pássaros, quando chega o inverno, fazem a sua migração para o sul durante a noite, guiadas pela posição das constelações. Dessa forma, elas conseguem definir onde estão o norte e o sul e traçar a sua rota antes de alçarem voo. Assim como os filhotes de tartarugas que se guiam pelo reflexo das estrelas no mar para encontrá-lo depois que saem dos ovinhos.
De fato, em grandes cidades a iluminação excessiva confunde os pássaros à noite, que não conseguem enxergar as constelações e se perdem ou se chocam com edifícios e acabam morrendo. É bem provável que o mesmo aconteceria se não houvesse mais noite — sem enxergar as estrelas, eles se tornariam desorientados e muito provavelmente morreriam aos milhares antes de se adaptar a outras referências de navegação.
“Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: usem filtro solar!”
Por fim, passar tanto tempo exposto aos raios solares exigiria mais cuidados com a pele, para evitar o surgimento de melanomas, por exemplo. Quanto à vitamina D, a maior parte da sua obtenção vem tanto da alimentação balanceada como da ingestão de suplementos, sendo desnecessário depender do sol para obtê-la. Então fica combinado: caso chegue o dia de luz eterna, não se esqueça de viver besuntado de protetor solar fator 1000 para não virar uma fruta seca no sol, hein!
Bônus: como é a vida nas regiões em que ocorre o Sol da meia-noite
Edson Vandeira, um fotógrafo brasileiro que participa de expedições à Antártica, conta como foi sua experiência de presenciar o Sol da meia-noite. “A luz é mágica, incrível, dura muito tempo, dá para aproveitá-la ao máximo possível”, ele relatou. Edson ainda disse que quem vê uma foto do horizonte de lá, não consegue diferenciar se o sol é nascente ou poente.
Além disso, Edson confirma: é muito difícil dormir ou mesmo saber se é dia ou noite. Nas barracas, os exploradores costumam usar tapa-olhos para dormir melhor. O sol chega a se pôr, mas apenas por um momento. “É uma penumbra, o sol se põe e logo amanhece”, diz ele. “Está sempre claro”.
Mesmo com todas essas curiosidades, existem pessoas que sentem mais disposição para cuidar dos afazeres à noite. E você, é do tipo que gosta mais de fazer as coisas durante o dia ou a noite?