9 Autores que conseguiram entrar para a história da literatura com apenas um livro
Há certas obras literárias que fizeram tanto sucesso que mudaram completamente a vida de seus autores. Mas nem todas as mudanças são para melhor: alguns romancistas viraram reféns de tamanho sucesso e se tornaram — para os leitores — escritores “de um livro só”.
Escritores “de um livro só” (ou Homo unius libri, em latim) são aqueles cujo patrimônio e fama devem-se apenas a um livro, enquanto as outras obras do mesmo autor permanecem um mistério. Talvez o revés mais desagradável tenha ocorrido com Alan Milne após escrever os livros sobre o Ursinho Puff. Leia o post abaixo para descobrir alguns fatos curiosos do mundo literário.
Nós, do Incrível.club, pesquisamos a fundo alguns escritores, que foram vangloriados por conta de uma só obra. Porém, encontramos outros trabalhos deles que poderiam facilmente ganhar um espaço na sua estante. Acompanhe!
1. Emily Brontë — O Morro dos Ventos Uivantes
Ao contrário de sua irmã, Charlotte, a poetisa Emily Brontë escreveu apenas um romance, que foi publicado em 1847. No entanto, ele quase não teve repercussão durante a vida da escritora. Somente no final do século XIX, o romance gótico ganhou popularidade e conquistou seu espaço no corredor da fama da Literatura Inglesa. A autora faleceu aos 30 anos de tuberculose.
No século XX, o romance teve várias adaptações para a televisão e para o cinema. A mais referenciada é a versão de 1939, protagonizada por atores famosos de Hollywood, como Lawrence Olivier no papel de Heathcliff. Outra popular adaptação é a com Juliette Binoche no papel principal.
O que mais ler:
- Poemas
2. Oscar Wilde — O Retrato de Dorian Gray
A obra O Retrato de Dorian Gray foi o único romance publicado pelo dramaturgo Oscar Wilde.
O livro foi escrito em apenas três semanas, e foi lançado — pela primeira vez — em 1890 como uma história periódica na revista americana mensal Lippincott’s Monthly Magazine. Trouxe grande fama ao escritor. Depois de um ano, a história foi publicada como um livro separado. Depois da publicação, porém, um escândalo repercutiu: o livro foi considerado amoral e quiseram bani-lo. Oscar Wilde respondeu as críticas dizendo que cada um vê na obra os próprios pecados e vícios.
O que mais ler:
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O Fantasma de Canterville
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Livro de poemas (1881)
3. Bram Stoker — Drácula
A bibliografia do escritor irlandês Bram Stoker inclui diversos contos curtos e alguns romances. Mas ele é mais conhecido por ser o autor do livro sobre um vampiro aristocrata: o conde Drácula. O trabalho foi longo — quase 8 anos — e o livro foi publicado em 1897.
Bram Stoker é o responsável pela popularização da “lenda do vampiro” e pelos inúmeros filmes e seriados produzidos sobre o mesmo tema mais tarde. No entanto, embora a reação dos críticos tenha sido positiva, o romance não teve muito sucesso nos primeiros momentos. No fim de sua vida, o autor sofreu diversos derrames cerebrais e faleceu em 1912.
A adaptação cinematográfica de 1922 foi a que trouxe grande popularidade à imagem do Drácula.
O que mais ler:
- A Lady do Sudário
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A Toca do Verme Branco
4. Venedikt Yerofeyev — Moscow-Petushki: a última estação
O poema em prosa Moscow-Petushki: a última estação foi escrito de forma autobiográfica. Não foi a única obra do autor, mas certamente a mais significativa.
Yerofeyev o escreveu em 1969, mas a publicação ocorreu somente depois de quatro anos e no exterior: em Israel. O vocabulário do poema é muito variado — como se fosse uma mistura de histórias bíblicas, citações de clássicos e palavras um tanto quanto obscenas.
O trabalho foi muito elogiado pelos amigos do escritor em uma oficina literária. Também fizeram adaptações da obra em diversos teatros.
O que mais ler:
- Noite Walpurgis
- Notas de um Psicopata
5. J. D. Salinger — O Apanhador no Campo de Centeio
Na segunda metade da década de 40, J. D. Salinger era considerado um romancista muito habilidoso. No entanto, o verdadeiro sucesso veio à tona após o lançamento do livro O Apanhador no Campo de Centeio em 1951.
A obra — escrita na voz de um menino de 16 anos — teve uma popularidade estrondosa e conquistou o coração de muitos leitores em todo o mundo. Em pouco tempo, foram vendidas 60 milhões de cópias. Até hoje, cerca de 250 milhões de exemplares são vendidos anualmente.
O mais curioso? O autor proibiu adaptações de seu livro para televisão e cinema e estipulou observações para peças teatrais. J. D. Salinger acreditava que o romance era muito “literário”, cujo valor estava na voz do narrador. “É importante a visão de mundo dele, as relações que tem com as malas de couro e as caixas vazias das pastas de dente. Em poucas palavras, valorizo os pensamentos dele”, disse o autor em uma carta. “E ainda não mencionei o quão a atração é perigosa, me desculpem, atores! Na minha opinião, é impossível interpretar o Holden Caulfield”.
O que mais ler:
- Nove Histórias
- Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira
6. Alexandr Griboiedov — A Infelicidade De Ter Demasiado Espírito
À direita, Mikhail Lenin no papel de Chatskovo, 1915
Griboiedov é conhecido principalmente por sua peça A Infelicidade De Ter Demasiado Espírito, que até hoje é apresentada em diversos teatros. A comédia — escrita em versos — levou dois anos para ser finalizada e foi, posteriormente, publicada em 1824. A história descreve traços da sociedade russa pós-napoleônica — marcada pela secularidade e escravidão. A obra é cheia de citações e certamente representa um clássico da dramaturgia russa.
Alexander Griboiedov era um homem dotado também de outros talentos: diplomata, poeta, pianista e compositor.
O que mais ler:
- O Casal Jovem
- Uma Noite Georgiana
7. Edmond Rostand — Cyrano de Bergerac
O seu primeiro sucesso chegou em 1894 após a encenação de sua comédia Os Românticos. Mas o trabalho responsável por tornar o dramaturgo amplamente conhecido foi a peça Cyrano de Bergerac — história sobre um poeta e filósofo parisiense assim chamado.
Junto com a fama, veio o dinheiro. Edmond Rostand passou a morar em uma mansão elegante, realizava encontros, viajava e gostava de colecionar coisas. Em outras palavras, se tornou uma grande celebridade quase que da noite para o dia.
O que mais ler:
- A Princesa Longínqua
- Os Românticos
8. Colleen McCullough — Pássaros Feridos
A escritora australiana ficou famosa por seu romance Pássaros Feridos, que foi publicado em 1977. A obra ganhou imensa popularidade. Imagine só: a cada minuto são vendidos dois exemplares desse romance pelo mundo! A saga é baseada em uma lenda sobre um pássaro — que canta apenas uma vez na vida — mas que faz isso mais lindamente que todas as outras criaturas. Ao cantar a canção, ele se joga em um espinho agudo e comprido, sacrificando a própria vida. Até o lançamento do livro, não havia nenhuma menção sobre tal lenda.
O primeiro romance da autora, Tim, foi escrito quando ela tinha 37 anos. E o grande sucesso, com Pássaros Feridos, chegou aos 40 anos.
O que mais ler:
- Tim
- O toque de Midas
9. Alan Milne — Ursinho Puff
Antes do lançamento das aventuras do Ursinho Puff, Alan Milne já era um dramaturgo bastante famoso. Mas o sucesso dos livros do ursinho amarelo adquiriu proporções inimagináveis — de forma que os outros trabalhos do autor fossem praticamente negligenciados. Milne também era escritor de folhetim, cujos ensaios eram publicados regularmente.
Ele não estava feliz com o fato de que o sucesso dos livros infantis passou a ofuscar todas as suas conquistas em outras áreas. Passaram a considerá-lo um escritor exclusivo para o público infantil. Ele não soube lidar com tal repercussão e apenas disse que escrevia para crianças com tanta responsabilidade como escrevia para os adultos. Infelizmente, as obras infantis do autor se tornaram como o Frankenstein: a criação se virou contra o criador.
O que mais ler:
- O Mistério da Casa Vermelha
Você conhece obras de outros escritores, que também são famosos por apenas um livro? Comente!