7 Mitos sobre a solidão que devemos esquecer
Existem muitos estereótipos sobre a solidão. Muita gente acredita, por exemplo, que é uma doença ou que escolher ficar só é como enterrar-se vivo e abandonar a própria existência. Entretanto, um pouco de análise científica é capaz de derrubar esses mitos. O neurologista John Cacioppo, da Universidade Estadual de Ohio (EUA), acreditava que a sensação de solidão é uma habilidade adquirida. Já o sociólogo Eric Klinenberg, da Universidade de Berkeley (EUA), diz que o mundo moderno se tornou ideal para uma vida solitária.
No Incrível.club, reunimos 7 mitos sobre a solidão nos quais todos deveríamos deixar de acreditar.
Mito 1. Nos sentimos sós estando longe das pessoas
Há muitos livros e ainda filmes que mostram pessoas solitárias que, no entanto, vivem rodeadas de gente. Em primeiro lugar, a solidão é uma condição mental. Viver só e sentir-se só são duas coisas um tanto diferentes.
Outro estereótipo: o período da vida mais propício para a solidão é a velhice. Entretanto, segundo estudos dos psicólogos europeus, as pessoas se sentem mais solitárias na adolescência, quando há muitos amigos ao seu redor.
Mito 2. No mundo atual há uma epidemia de solidão
Tendemos a acreditar que, no mundo de hoje, a solidão tem crescido. Porém, segundo um estudo realizado por Cristina Victor, da Universidade de Brunel, em Londres, a porcentagem de pessoas idosas que experimentam a solidão crônica segue sendo o mesmo que nos últimos 70 anos (de 6% a 13% admitiram sentir-se sozinhos sempre ou a maior parte do tempo). Ou seja: a quantidade de pessoas que se sentem totalmente sozinhas não aumentou com o tempo.
Mito 3. A solidão existe desde que o mundo é mundo
O já mencionado neurologista John Cacioppo acreditava que uma sensação de solidão é uma habilidade adquirida. Desenvolveu-se para que as pessoas quisessem manter relações com os demais. E surgiu só porque é muito mais fácil vivermos juntos.
Ele comparava esse sentimento com a sede. Quando você tem sede, vai em busca de água. Quando você está sozinho, vai em busca da companhia. Resumindo, a solidão é um mecanismo de sobrevivência. Agora, quando a vida não requer que estejamos em um grupo, essa habilidade pode transformar-se em algo desnecessário.
Mito 4. Solidão significa sofrimento
Nos dias de hoje, a Internet e as redes sociais permitem estarmos virtualmente rodeados de amigos o tempo todo, mesmo que, fisicamente, estejamos sozinhos. Porém, para alguns esse tipo de relacionamento pode não fazer bem. “Pessoas que não desenvolveram completamente a personalidade, que não podem começar uma relação com o mundo real e ficam apenas no virtual, realmente sofrem com a solidão. Perdem laços com outras pessoas e não encontram nelas mesmas um interlocutor digno”, diz o psicólogo russo Dmitry Leontiev, da Universidade de Moscou. No entanto, pessoas com certos perfis intelectuais (escritores, artistas e cientistas, por exemplo) apreciam a solidão como um recurso importante para desenvolver a criatividade.
Mito 5. O ser humano não é adaptado para viver só
Fosse há alguns séculos, esse tipo de afirmação faria sentido. Mas hoje, por conta de revoluções como as tecnológicas, essa afirmação torna-se arcaica.
O já mencionado Eric Klinenberg, explica que o conceito de santidade da família esteve condicionado durante séculos aos desafios da sobrevivência. Em sua obra, ele fala de 4 fatores que contribuíram para que, nos dias de hoje, a vida solitária se tornasse algo positivo:
1. O papel da mulher mudou: agora elas podem trabalhar e não estão destinadas a procurar uma família apenas para procriar.
2. A revolução nos meios de comunicação: o telefone, a televisão e a Internet, permite que não nos sintamos tão sós.
3. Urbanização massiva: sobreviver só em uma cidade é muito mais fácil que longe da civilização — estamos falando de acesso a alimentos, por exemplo, que estão ao alcance da padaria da esquina.
4. Aumento da expectativa de vida: muitas viúvas e viúvos de hoje escolhem casar de novo a ter de viver com os filhos e netos, preferindo levar uma vida independente ativa.
Mito 6. Solteiros são inúteis para a sociedade
As pessoas que vivem só mais frequentemente vão a bares, museus e visitam eventos culturais. Em cidades onde há muitas pessoas solteiras, a vida é muito ativa. É graças a eles que a cultura urbana torna-se mais diversa: pessoas com famílias numerosas quase sempre acabam se fechando nesse grupo social. Além disso, é comum prevalecerem os desejos e as necessidades dos filhos.
“Há muitas razões para afirmar que as pessoas que vivem só estão compensando sua condição mediante uma maior atividade social que excede a atividade daqueles que vivem em uma relação”, afirma Klinenberg.
Mito 7. O medo de ficar só depois de velho
Sim, muita gente tem medo de ficar sozinha na velhice. Mas, como dissemos anteriormente, é cada vez mais comum idosos viúvos se casarem de novo e terem uma vida ativa. E, sim, com o aumento da expectativa de vida da população e uma mudança na pirâmide etária (aumento da proporção de idosos), a tendência é de que haja mais serviços e infraestrutura para a chamada ’melhor idade’. Portanto, mesmo que a opção seja por ficar sozinho, não haverá grandes problemas.
Mas, claro, nem todos podem ser felizes vivendo sozinhos. Depende do caráter de cada pessoa, seu temperamento e muitos outros fatores. Se você não for uma pessoa que se adapte bem à vida solitária, isso pode levar a uma série de consequências negativas. Por exemplo, um estudo da Universidade de Chicago (EUA) sugere que o cérebro das pessoas que experimentam um sentimento de solidão responde mais forte aos estímulos negativos. Entretanto, somos livres para escolhermos se somos felizes sozinhos ou em família.
Como é a vida ideal para você? Nós, do Incrível.club, entendemos que todos temos o direito de escolher como viver, desde que sejamos felizes:)