10 Coisas que aprendi depois de várias viagens a Londres
Grande, mas acolhedora; barulhenta, mas cheia de lugares tranquilos: antiga e moderna ao mesmo tempo, assim é Londres. Além dos lugares famosos há outras coisas na capital britânica que vão atraí-lo ou distanciá-lo, mas que fazem da cidade sobre o Tâmisa ser o que é. Ah, e tem outra coisa, para se divertir não é necessário gastar muito.
Uma autora do Incrível.club visitou Londres várias vezes e te oferece uma história sobre as peculiaridades da cidade que, sem dúvida, será útil para aqueles que planejam visitá-la.
Uma combinação orgânica do antigo com o moderno
"Nessa cidade, os arranha-céus modernos não perturbam a paz dos edifícios antigos. Tudo se vê como se houvesse sido pensado assim desde o começo, e nenhum progresso técnico evitará que Londres respeite as tradições. Por exemplo, manter os corvos na The Tower of London, a Torre de Londres; acredita-se que, se eles forem embora, a Grã-Bretanha como país deixará de existir. Atualmente, há seis corvos, e são diferenciados pela cor de uma fita amarrada a uma das suas patas.
Essas aves de grande inteligência, se sentem cômodas aos serem fotografadas todo o tempo e as pessoas fazem selfies com elas. Tocá-las não é uma boa ideia. Por mais que os corvos sejam dóceis, é bem pouco provável que gostem de ser acariciados por estranhos, e podem bicar aqueles que tentem. Eles são cuidados por um cuidador de corvos. Conforme seu twitter, ele está encantado com as aves e elas têm muita confiança nele.
Como muitos monumentos arquitetônicos, a Tower Bridge, um dos símbolos da cidade e inaugurada em 1894, não mudou quase nada. Mas há uma novidade: agora é possível fazer ioga nela. Você já deve ter adivinhado, na parte inferior não, porque aí passam carros. Sem mencionar o fato de que é uma ponte levadiça.
A ioga acontece na parte de pedestres superior da ponte, em um andar de vidro 42 metros acima do Tâmisa. Dá medo, mas há muitas pessoas dispostas a tentar. As aulas ocorrem duas vezes por mês (é preciso se inscrever com antecedência) e custam cerca de 25 libras, o que, de forma geral, não é um valor alto. O melhor é levar seu próprio tapete para o exercício, pois há risco de não haver suficientes disponíveis.
As filas mais disciplinadas do mundo
Nas ruas do centro de Londres, especialmente à noite, há multidões de turistas entusiasmados que fotografam tudo e fazem transmissões ao vivo pelo Instagram. Vale a pena mencionar as longas filas que se formam nas entradas dos museus gratuitos (falarei sobre eles más adiante), a London Eye e outros lugares de lazer cultural. Acontece que as filas britânicas são muito disciplinadas, como é possível reparar por esta foto. As pessoas não precisam de barreiras para respeitarem a ordem.
Ainda assim, se está em seus planos visitar qualquer atração turística, planeje a visita com antecedência para não ficar na fila. Temos de dar o crédito para os britânicos: eles fazem todo o possível para diminuir o tempo de espera. Por exemplo, se você ficar na fila na entrada do aquário de Londres, um funcionário virá, dirá quanto tempo de espera está previsto e aconselhará um horário que seja mais conveniente, ou, há, ainda, a opção de comprar as entradas online antecipadamente e entrar sem fila para o caixa.
Shopping para todos os gostos e orçamentos
Como em qualquer capital, Londres oferece muitas oportunidades de fazer compras. Não vou mentir, é uma cidade muito cara, mas isso não significa que um turista vai ter dinheiro apenas para comprar souvenirs. Os amantes de boutiques devem encontrar seu caminho sozinhos, eu vou contar sobre as opções mais econômicas, que também servirão para aqueles que não gostam tanto das compras, mas amam tirar um monte de fotos.
Ainda que você faça questão das roupas caras, não esqueça de dar atenção especial à cadeia de lojas Primark, onde por cem libras é possível se vestir dos pés à cabeça, literalmente. Não posso afirmar que a qualidade dos produtos seja a ideal, mas, para jeans que custam oito libras, ou uma bolsa por cinco, é mais do que aceitável. Os fãs de Harry Potter, Star Wars, Nickelodeon e Disney, certamente vão apreciar produtos com os símbolos dos seus filmes e séries favoritos a preços muito atrativos.
Se viaja com crianças ou apenas ama Lego, não deixe de ir à sua loja no Leicester Square. Claro que é possível comprar os bonequinhos da Lego em qualquer lugar, mas não é em qualquer lugar que vai poder tirar uma foto com a Torre de Elizabeth, o Big Ben, de fundo, sentar no vagão de um trem de brinquedo e admirar o painel mais detalhado com a vista de Londres. Toda essa beleza montada em pecinhas de Lego atrai mais atenção do que o sortimento de brinquedos da loja, em si.
Quando sair da loja de Lego, vai se deparar, bem na frente, com outra que também agrada adultos e crianças: a M&M's World. É incrivelmente grande, e não vende apenas doces (certamente eles vão presenteá-lo com algumas guloseimas na entrada), mas também uma variedade enorme de souvenirs e roupas. Também é possível não comprar nada e somente tirar uma foto com o Vermelho, Amarelo e seus amigos, que parodiam a capa do álbum dos Beatles Abbey Road.
Se seu interesse não se dirige a roupas, doces e brinquedos, mas não consegue viver sem um bom chá, visite a loja do chá Twinings com 300 anos, na Strand Street. Os preços começam em 8,50 libras por pacote e por 30 libras é possível comprar um pacote de deliciosas pérolas de jasmim. Também é possível visitar um pequeno museu do chá e provar vários tipos da bebida de graça.
Transporte público cômodo
As linhas do metrô de Londres só parecem confusas à primeira vista. Na realidade, tudo é muito claro, bastante conveniente e o subway vai ajudá-lo a economizar dinheiro em viagens. Por exemplo, no lugar de deixar uma pequena fortuna para um taxista no aeroporto de Heathrow, é possível pegar a linha Piccadilly sem sair do terminal.
É certo que os motoristas dos táxis pretos levam muito tempo para obter uma licença, devem passar por um exame para conhecer todos os cantos da cidade e devem saber dizer qual a melhor rota a se escolher se uma determinada rua está bloqueada. Pareceria inútil exigir tanto conhecimento na era da tecnologia, mas, por outro lado, o GPS pode falhar no momento mais inoportuno.
Os ônibus também são muito confortáveis, mas não esqueça que em algumas áreas opera a Hail and Ride Section, que só para quando o passageiro pede. Isso significa que você deve apertar um botão especial para que o condutor não passe do seu ponto. O transporte, tanto o de superfície como o subterrâneo, é pago com o cartão Oyster. Viajar em Londres (como em toda Europa) não é barato, mas há uma regra que permite que a pessoa viaje de graça de ônibus ou bonde uma vez, se por acaso faltarem créditos no cartão.
Pubs acolhedores
Os pubs de Londres têm nomes curiosos: The Blind Pig (O Porco Cego), The End of the World (O Fim do Mundo), The Carriage and the Horse (Carruagem e Cavalos; o da foto), Royal Oak (Carvalho real), Old Cheshire Cheese (Velho Queijo Cheshire). Não são apenas lugares para beber; as pessoas vão aos pubs para conversar, ver futebol ou simplesmente ler o jornal e relaxar no caminho de casa.
Em alguns pubs também é possível almoçar, por exemplo os tradicionais fish & chips, prato que é relativamente barato, e bem saboroso. Diferentemente dos restaurantes, não é usual dar gorjeta, e é preciso pagar após fazer o pedido. Conselho: quanto mais distante o pub está do centro da cidade, menor será o preço e, às vezes, a atmosfera dos lugares mais econômicos não deixa nada a desejar aos mais caros.
Iluminação de festa
Aproximadamente um mês e meio antes do Natal, o centro de Londres se transforma. Nas ruas e nas vitrines aparecem decorações fantásticas: pássaros, flores, esferas resplandecentes, e tudo o que nasce da fantasia dos organizadores. Os lugares mais bonitos nessa época do ano são Carnaby Street (na foto), Oxford e Regent Street.
A iluminação alegra visitantes e residentes até os primeiros dias de janeiro, mas, se não deu tempo e você chegou a Londres depois desse espetáculo no Natal, não fique triste; no inverno, em Londres, tradicionalmente são celebrados os festivais de luzes, nos quais são apresentadas as instalações e os espetáculos de luzes do mundo todo.
Museus gratuitos
Provavelmente em nenhuma outra parte do mundo você verá a mesma quantidade de obras de arte sem pagar nenhum centavo. Entre os museus gratuitos de Londres encontram-se o Museu Britânico, a Galeria Nacional, o Museu de História Natural (na foto), o Museu de Ciências, a Galeria Tate e a Tate Modern, a Galeria Nacional de Retratos, o Museu de Londres, a Coleção Wallace e alguns outros, por exemplo, um pequeno museu no Castelo de Bruce (sobre este castelo falarei um pouco mais no final deste post).
Em todos os museus é permitido tirar fotos (com exceção de algumas salas), mas pode ser que alguém peça para que você desligue o flash. Também não é proibido desenhar, uma prática excelente para os artistas. Como eu já havia aconselhado antes, escolha os dias em que haja menos visitantes, para evitar ficar na fila durante muito tempo.
Talentosos artistas de rua
Como em qualquer grande cidade, Londres tem muitos músicos, acrobatas, comediantes, sósias de famosos (como este Mr. Bean de Chinatown), estátuas vivas, e outros artistas que têm seu cenário ideal na rua. Alguns deles são tão profissionais que você se pergunta por que motivo pessoas tão talentosas se veem obrigadas a atuar na rua quando deveriam fazer espetáculos para salas lotadas.
Porém, felizmente, os grandes talentos simplesmente não podem passar despercebidos. Um desses artistas é Rob Falsini, que é chamado, e com razão, de um dos melhores músicos independentes do Reino Unido. Desde que foi "descoberto" pelo compositor do Cirque du Soleil, Benoit Jutras, o cantor lançou três álbuns e realizou concertos nos Estados Unidos e Canadá.
Não posso deixar de mencionar outro músico de rua que, como Rob Falsini, há pouco tempo era visto com um violão no Covent Garden. James Bowen e seu ruivo gato Bob se transformaram em verdadeiras estrelas após o lançamento da sua autobiografia, e, em 2016 fizeram um filme, no qual o gato Bob representou seu próprio papel. Se você ainda não conhece a história de James e Bob, não deixe de lê-la e vai ter outra prova de que absolutamente qualquer pessoa pode mudar sua vida para melhor.
Uma fauna variada
Londres é uma cidade verde, tem muitos parques grandes, (na foto o Hyde Park), jardins botânicos e incontáveis parques e praças pequenas. Em muitos bairros da cidade (que por aqui se chamam "boro") há lugares lindos conhecidos como Recintos de Recreação, uma espécie de parques com campos de futebol, lagos, aparelhos de ginástica e centros públicos. Em cada zona verde, seguramente serão encontrados habitantes emplumados e macios. Falarei sobre alguns deles.
No Hyde Park, além de gansos, cisnes, patos e outras aves, vivem as caturritas monges sul-americanas. Ainda não está bem claro como chegaram até aqui. Há uma versão, que dá conta de que os papagaios foram libertados durante a filmagem de The African Queen, em 1951. Como resultado, as aves se estabeleceram em Londres e em algumas outras regiões do país. Surpreendentemente, se aclimataram e se multiplicaram tanto que as autoridades já estão pensando em reduzir sua população. Porém, não é proibido alimentá-las; elas gostam muito de sementes e maçãs. Não esqueça de tomar cuidado; às vezes elas bicam e têm garras bem afiadas.
Aqui há alguns pelicanos do parque St. James. No momento há três deles, mas havia mais. A tradição de ter pelicanos nesse parque começou no ano de 1664, quando um embaixador russo deu vários exemplares ao rei Carlos II. Qualquer visitante pode admirar os pelicanos e ver são alimentados com peixes (todos os dias das 14:30 às 15:00).
Em todas as cidades do mundo é possível ver animais e aves, mas não é em todos os lugares que estão tão bem alimentados, felizes e ativos como em Londres. Muitos deles têm seus lugares habituais de "trabalho", que consiste em pedir comida aos cidadãos compassivos e aos turistas. Por isso, onde quer que vivam as aves aquáticas, seguramente você encontrará um cartaz com uma descrição das espécies e de conselhos sobre como alimentá-las. Não é recomendável, por exemplo, dar pão a elas, em seu lugar, costuma-se dar aveia, grãos de milho e alface.
Conheci esta encantadora ave na margem sul do Tâmisa, perto da ponte de Westminster. Ela caminha pela orla com ares de importância, corre e grita, a toda voz, informando as pessoas que já é a hora de alimentarem-na. Dizem que gosta de batata frita, mas como não tínhamos, meu companheiro e eu demos nozes a ela. O pássaro deu umas bicadas nas nozes, nos olhou com reprovação, como quem diz: "O que me deram? Onde está a comida de verdade?". Por azar, não tínhamos nada mais para oferecer, e, como era de se esperar, a ave virou seu bico para o outro lado, com ar ofendido, e foi em busca de pessoas mais inteligentes, que sabem que não se pode sair de casa sem batatas fritas.
Por outro lado, os esquilos sempre ficam contentes com as nozes. Na verdade, é recomendado que não se alimente esses roedores peludos, considerados uma verdadeira praga urbana. Mas quem pode resistir a essas fofas criaturas eternamente famintas? Da mesma forma que outros animais de Londres, eles não temem os humanos e pegam a comida de suas mãos.
Outros habitantes típicos da cidade são as raposas. Podem ser encontradas principalmente à noite, quando saem para inspecionar os contêineres de lixo. Não temem as pessoas, mas nem por isso sentem muita simpatia por elas. Uma situação como esta da foto não é nada rara, alguns londrinos, especialmente os que acabam adormecendo nos pontos de ônibus depois de ter bebido de mais em uma festa, podem apresentar marcas de dentes de uma raposa curiosa nos sapatos.
Cemitérios pitorescos e... fantasmas
Em Londres, como em outras cidades europeias, os cemitérios não são apenas os lugares onde estão enterrados os mortos. Eles não são nada sombrios e têm muito mais vida do que se espera encontrar. No cemitério de Tottenham é possível ver os donos de cachorros passeando com seus pets e pessoas que simplesmente saíram para caminhar. Ao redor, florescem rosas, correm os onipresentes esquilos, e no lago estão os mesmos patos, gansos, cisnes e outras aves que nadam com seus filhotinhos. Trocando em miúdos, aqui não há rastro de tristeza. Gostamos dessa forma como os britânicos lidam com a morte.
Agora finalmente, um pouco sobre os fantasmas que não poderiam faltar em Foggy Albion. Acredita-se que a chance de ver algo de paranormal no Reino Unido é muito mais alta do que em qualquer outro país do mundo. Talvez isso se deva ao fato de que há muitos castelos antigos, e cada um deles associado a uma história ou lenda cheios de mistérios e assombrações.
Assim, os mais supersticiosos dos residentes locais contam que no castelo de Bruce, não muito distante do cemitério de Tottenham, mencionado anteriormente, uma vez por ano, na noite de Halloween, aparece o fantasma da desafortunada esposa de um dos donos do castelo. Ela sai na varanda debaixo da torre do relógio, onde a havia confinado seu tirano marido, e, com um grito, se atira para o vazio.
A decisão de acreditar nessa história ou não é sua, mas não dá muita vontade de verificar sua veracidade. E se for verdade?
Bônus: no fim, não encontrei nenhum fantasma no cemitério, mas conheci este lindo e gordo ganso."
Certamente isto não é tudo que se pode contar sobre Londres. Talvez você queira compartilhar sua opinião sobre a cidade e dar alguns conselhos ao que forem visitá-la. Estamos esperando suas histórias nos comentários!