Este texto emocionante sobre mulheres e filhos mostra como somos indiferentes com relação aos sentimentos das pessoas

Psicologia
há 4 anos

Às vezes, dizemos às pessoas palavras que não significam nada para nós, apenas como uma forma de preencher uma pausa em uma conversa. O problema é que sequer suspeitamos de como essas palavras podem ser sentidas pelo outro.

A escritora Nadira Angell publicou um texto comovente em seu blog sobre como podemos ferir sem perceber aquelas mulheres que vivem com dores ocultas. Nadira nos incentiva a sermos mais atentos e empáticos em relação às outras pessoas.

Incrível.club publica o texto da escritora, que provavelmente irá provocar fortes emoções em quem o ler.

Aqui está uma mulher de 30 anos, sem filhos. As pessoas perguntam: “Você ainda não tem filhos?” E ela, dia após dia, sorrindo gentilmente, inventa novas respostas. “Não, ainda não”, responde com um sorriso, sufocando a decepção. “Você não deve ficar esperando, o relógio avança”, dizem, felizes por tê-la orientado na decisão certa. Ela sorri. E chora quando está sozinha.

Ela chora porque suas 4 gravidezes terminaram em abortos espontâneos. Porque ela e o marido tentam há 5 anos, sem sucesso, conceber um filho. Ela chora porque o marido já tem filhos de um casamento anterior e não quer ter mais nenhum. Chora porque quer desesperadamente tentar a fertilização in vitro, mas não tem dinheiro suficiente para isso. Chora porque a fertilização in vitro já foi feita, mas nada aconteceu. Chora porque sua amiga não quis ser ’mãe de aluguel’. “Isso seria estranho”, disse ela. Chora, enfim, porque os medicamentos que precisa tomar são incompatíveis com uma gravidez.

Ela chora porque o marido é estéril e se culpa por isso. Porque suas irmãs já têm filhos, exceto a irmã que não quer tê-los de jeito nenhum. Chora porque sua melhor amiga está grávida. Chora porque foi novamente convidada para uma festa em homenagem a um recém-nascido. Porque sua mãe nunca se cansa de perguntar: “O que você está esperando?” Porque seus sogros querem netos. Chora porque seu vizinho tem gêmeos e ela se sente muito mal por isso. Porque as garotas de 16 anos engravidam na primeira tentativa, embora não precisem. Porque ela é uma tia maravilhosa. Porque já escolheu os nomes dos filhos. Porque “o quarto do bebê” em sua casa ainda está vazio. Chora porque o vazio está dentro dela. Chora porque seria uma ótima mãe. Seria, mas não pode.

Aqui está outra mulher, 34 anos, 5 filhos. As pessoas dizem para ela: “Meu Deus, espero que você pare agora!” E riem, porque é uma espécie de piada. A mulher também ri, mas não com muita vontade e muda de assunto. E, no dia seguinte, quando está sozinha, ela chora. Chora porque está grávida de novo e sente que deve esconder sua alegria. Chora porque sempre quis ter uma família grande, e não entende por que os outros pensam que isso é tão ruim. Porque ela não tem irmãos e se sentiu profundamente sozinha em sua infância. Porque a avó dela tinha 12 filhos e ela gostaria de ter a mesma quantidade.

Ela chora porque não consegue imaginar a vida sem seus filhos e, para os outros, isso parece uma punição. Chora porque não quer que sintam pena dela. Porque ela e o marido são perfeitamente capazes de sustentar a família, mas isso não parece importar. Ela chora porque todo mundo a considera irresponsável. Chora porque está cansada dessas piadas e da necessidade de proteger sua escolha pessoal. Ela chora porque às vezes pensa que não seria necessário ter mais do que 2 filhos. Porque ela está cansada de se defender. Chora pelo comportamento rude das pessoas que entram em sua vida pessoal.

Aqui está outra mulher, 40 anos, apenas um filho. As pessoas dizem: “Apenas um? Você nunca quis mais?” “É assim que me sinto feliz”, ela responde calmamente. E ninguém suspeita que, quando ela está sozinha, também chora. Porque o nascimento de seu único filho foi um milagre. Porque seu filho pede um irmão ou uma irmã. Ela chora porque sempre quis pelo menos 3. Ela chora porque sua segunda gravidez teve de ser interrompida para salvar sua vida. Porque o médico disse que outra gravidez seria um risco muito grande. Chora porque não é fácil para ela cuidar de uma criança.

Chora porque o marido morreu e ela nunca se apaixonou por outro homem. Porque sua família considera que um filho é suficiente. Ela chora porque agora está concentrada em sua carreira e não se permite pensar em crianças. Porque sua depressão pós-parto foi muito forte e ela não consegue imaginar como sobreviver a isso novamente. Ela chora porque tiveram de tirar seu útero. Ela chora porque quer ter outro filho, mas não pode tê-lo.

Essas mulheres estão entre nós. Elas são nossas vizinhas, amigas, irmãs, colegas, parentes. Elas não precisam da nossa opinião e do nosso conselho, a menos que elas mesmas peçam. Sua vida pessoal não nos diz respeito. Respeite essas mulheres!

Comentários

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Essas mulheres dão muita importância a opinião alheia ?. Já daria um fora bem dado logo de cara.

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Muitas pessoas nem se dão conta de suas relações, mas é isso aí, vivendo e aprendendo

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