8 Contos infantis que muitas pessoas achavam ser amáveis e ingênuos — mas elas não sabiam como estavam enganadas

Psicologia
há 2 anos

Na infância, os contos infantis são a porta para o mundo mágico de ideias, por isso quase ninguém pensa sobre os significados originais de suas amadas histórias. Na verdade, até mesmo contos para crianças podem falar sobre como as pessoas viviam antigamente ou ainda tocar tópicos profundos como a psicologia humana.

Nós, do Incrível.club, lemos estudos de filólogos e psicólogos, que nos permitiram olhar para contos infantis populares com outros olhos e um pouco mais a fundo. Por isso, decidimos compartilhar com você essas ideias. Acompanhe!

O enredo de Rapunzel mostra como as meninas eram tratadas quando estavam no período da menstruação

No conto Rapunzel, é possível que a heroína tenha sido trancada na alta torre por estar nos dias de menstruação. Antigamente, havia um costume bastante curioso: as mulheres menstruadas eram proibidas de ver outras pessoas, por isso eram levadas à floresta. E a Rapunzel tinha justamente 12 anos na época, quando foi escondida da vista do povo, sendo aprisionada em uma torre. Portanto, tudo o que ocorre com a Rapunzel está relacionado à clássica história da puberdade.

A história do Barba Azul remete a uma dura tradição

Alguns historiadores viram no conto do Barba Azul um antigo rito de passagem para adolescentes — em que saíam da juventude para a idade adulta. O que acontece é que, nos tempos primitivos, jovens não viviam com seus pais na fase da puberdade. Até o casamento, eles moravam nas chamadas “casas para homens”, onde aprendiam ensinamentos básicos da vida adulta: danças de rituais, caça, entre outras habilidades. Mulheres eram estritamente proibidas de entrar nesses locais e, se alguma violasse a regra, seria severamente punida.

João e Maria faz referência aos tempos atribulados da Idade Média

O folclorista Jack Zipes argumenta que a trama do conto se refere a um problema real que existia na Europa medieval. Devido à falta de controle da natalidade e à constante falta de alimentos, crianças indesejadas eram muitas vezes largadas perto de igrejas ou nas florestas, para que depois tivessem de se virar sozinhas para sobreviver.

O percurso do Pinóquio faz referência à história de Odisseu e dos camponeses italianos

O que o menino de madeira e o herói mitológico grego Odisseu têm em comum? Segundo alguns literários, Pinóquio é um verdadeiro herói épico. Assim como Odisseu, ele desce ao submundo e, após passar por uma metamorfose, renasce.

Outros estudiosos apontaram que a estrutura da trama do Pinóquio é refletida nos contos populares italianos sobre camponeses que se aventuram para além do seu “mundinho”, mas estão totalmente despreparados para aceitar o novo, por isso se metem em enrascadas.

O sapatinho de cristal da Cinderela é um símbolo da jornada individual de vida

Você já se perguntou por que, em todo o reino, o sapatinho de cristal cabe apenas na Cinderela? Psicólogos encontraram uma explicação. Quando a heroína recebe um novo status social, ela troca os sapatos velhos de madeira por lindos e belos sapatinhos de cristal. Consequentemente, esses sapatinhos representam o caminho percorrido e as mudanças pelas quais a protagonista passou. E como a experiência adquirida não pode ser perdida, o sapatinho cabe perfeitamente apenas nos pés da Cinderela.

O conto de Rumpelstichen fala sobre a tradição de fazer oferendas aos espíritos em troca de boa colheita

Na história do anão astuto, do pobre moleiro e de sua bela filha,  um detalhe interessante — a capacidade de transformar palha em ouro. A palha em si não tem valor: ela não pode ser ingerida. O ouro, por outro lado, pode ser usado para comprar alimentos. Portanto, segundo um pesquisador, a conclusão é que Rumpelstichen faz referência aos povos que ofereciam sacrifícios ao “poder superior” na esperança de terem uma boa colheita.

Mas por que a rainha consegue se desvencilhar dessa criatura sobrenatural no final da história? Bem, é simples: dessa forma, indica-se que, em alguma etapa do desenvolvimento, tais povos conseguiram superar sua dependência dos espíritos.

O conto A Bela e a Fera encorajava as noivas a não perderem a esperança

A Bela e a Fera é um conto voltado para meninas, cujos pais estavam prestes a mandá-las embora de casa por conta da extrema pobreza familiar. A escritora queria encorajar aquelas que tinham um casamento arranjado pela frente. A protagonista, nesse caso, serviria de modelo para inspirar outras meninas a fazer o mesmo. A Bela se sacrifica para salvar sua família e seu comportamento mostraria às leitoras que tal autosacrifício é um gesto muito nobre.

Segundo a pesquisadora Maria Tatar, a história mostra pelo que muitas meninas passam quando pensam em casamento: o medo de sair de casa para sempre e perder a si mesmas, assim como o medo do próprio parceiro.

Chapeuzinho Vermelho é uma história sobre o ciclo natural da vida e sobre se tornar mulher

O conto da Chapeuzinho Vermelho não é para nos ensinar a ficar longe de estranhos. Folcloristas e antropólogos veem na famosa história infantil uma menção ao ciclo da natureza. A heroína do capuz vermelho representa o sol brilhante, que é absorvido pela terrível noite, isto é, o lobo. E a libertação da menina do ventre do vilão simboliza o tão esperado amanhecer.

A psicoterapeuta Yulia Pirumova acredita que quase toda mulher vive a trama desse conto infantil na vida real — quando se transforma gradualmente de jovem em mulher madura: “Todas nascemos em uma família, e cada uma de nós tem um legado com o qual nossos pais nos conduzem à vida adulta. Saímos da casa dos pais. Encontramos nossos ‘lobos’, quem quer que sejam: homens, chefes, trabalho indesejado. E nos salvamos, como a Chapeuzinho Vermelho, ao escapar do ventre do lobo”.

E você imaginava que tais contos populares poderiam conter significados mais profundos? Concorda com as opiniões dos antropólogos e psicólogos acima? Comente!

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