Uma autora do Incrível conta por que decidiu congelar óvulos e como foi sua experiência

Mulher
há 4 anos

Hoje, mais e mais mulheres decidem adiar a maternidade. Os motivos de tal decisão são vários: priorizar a carreira profissional, esperar até que um certo grau de estabilidade econômica seja alcançado ou simplesmente o desejo de viajar e conhecer outras culturas antes de focar grande parte da vida em um filho. Por tudo isso e muito mais, várias mulheres optam por congelar seus óvulos para usá-los anos depois.

Olá! Meu nome é Gilda e trabalho no Incrível.club. Há alguns meses congelei óvulos e agora quero compartilhar minha experiência com você.

Por que tomei a decisão

Tenho 36 anos, três empregos, não tenho filhos e, neste momento, não quero tê-los. No entanto, há pouco tempo, comecei a pensar: “O que aconteceria se em alguns anos eu mudar de ideia e meu corpo não puder mais me permitir?” Atualmente, a menopausa ocorre mais tarde em muitas mulheres, mas e se esse não fosse o meu caso? Por causa disso, comecei a procurar informações sobre o congelamento de óvulos, também chamadas de criopreservação de oócitos.

Como me informei

A primeira coisa que fiz foi consultar a médica que me atende há 20 anos, e ela não apenas apoiou minha decisão, como recomendou uma clínica especializada em congelamento de óvulos e fertilização assistida. O próximo passo foi marcar uma consulta com o diretor do local, que mais tarde viria a ser o médico encarregado do meu tratamento, para explicar as etapas a serem seguidas. Como primeira medida, tive que fazer exames gerais (ultrassom, hemogramas e eletrocardiograma) para descartar possíveis problemas. Tudo correu bem, então comecei com o tratamento.

Como foi o tratamento

Antes de o médico realizar a extração do óvulo, tive que injetar entre dois e três medicamentos de estimulação ovariana por dia. Isso é feito para que, no momento da extração, o maior número possível de óvulos tenha sido formado. Precisei aplicar os medicamentos por conta própria, em casa, e foi muito mais fácil do que eu pensava (nunca havia me aplicado uma injeção antes).

Então, por cerca de duas semanas, duas coisas foram adicionadas à minha rotina: injeções diárias de hormônios e uma visita diária à clínica para exames de controles: de sangue e ultrassonografia. Dessa forma, o médico verificava se a estimulação ovariana estava funcionando. Um dos principais medos gerados pelo tratamento foi a grande mudança emocional que envolveria as injeções de hormônios: eu acreditava que ficaria chorando e emocionalmente intratável, mas não foi assim. A principal mudança que notei foi física, não emocional: me senti muito inchada e meus joelhos, cintura e tornozelos doíam um pouco. Isso foi tudo.

A intervenção e o que aconteceu depois

Após essas duas semanas de tratamento, chegou o dia da operação. A extração do óvulo é feita sob anestesia geral, mas é um procedimento rápido e a recuperação é mínima: fui para casa no mesmo dia da intervenção, após algumas horas, e no dia seguinte consegui trabalhar normalmente. A única indicação do médico era não pegar peso ou fazer esforços físicos por alguns dias.

Uma vez extraídos, os óvulos foram congelados até que eu decida usá-los. Segundo o médico especialista, posso usá-los até os 52 anos, independentemente da minha fertilidade.

E, se com o passar dos anos eu não usá-los, seja porque tenha um filho da maneira usual ou porque decida não ter filhos, posso descartá-los ou doá-los.

Coisas a considerar se quiser fazer o tratamento

  • Embora o tratamento e a operação sejam simples e não exijam muito tempo, é preferível que você os faça quando tiver algumas semanas tranquilas, sem grandes compromissos ou viagens, pois precisará ir até a clínica com frequência

  • Se não houver imprevistos, o tratamento dura aproximadamente duas semanas. Mas se contarmos as análises anteriores e a espera pelos resultados, todo o processo leva cerca de dois meses (pelo menos, foi assim no meu caso).
  • As injeções para estimulação ovariana são sempre feitas em um horário específico, não podem ser aplicadas um dia pela manhã e outro à noite, por exemplo. Os medicamentos devem permanecer em ambiente frio, portanto devem ser armazenados na geladeira até o momento da aplicação.

  • Trata-se de um tratamento caro e, no momento, não é coberto pelo sistema público de saúde, pelo menos na Argentina (meu país). As opções são: se você tiver um plano de saúde, descubra se ele o cobre. Caso contrário, é preciso pagá-lo integralmente.

Você já passou por esse tratamento? Qual sua opinião a respeito? Compartilhe sua experiência ou seus pensamentos conosco na seção de comentários.

Ilustradora Alena Tsarkova exclusivo para Incrível.club

Comentários

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Eu tenho uma dúvida. Os óvulos são congelados e guardados do jeito que sairam ou precisam estar fertilizados?

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Legal, eu não sabia que durava tão pouco tempo, achei que durasse tipo uns 30 anos

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