Uma comissária de voo compartilhou conosco as curiosidades sobre como é trabalhar nas alturas

Mulher
há 1 ano

Muitas pessoas assistem pela TV ao trabalho das aeromoças, sempre simpáticas e elegantes, e acabam nutrindo uma vontade de entrar para a profissão. Todavia, algumas mal sabem por onde começar, ou não têm com quem conversar para se decidir se o trabalho é mesmo aquilo que se pensa.

Afinal, para se decidir por uma profissão, nada melhor que ter uma conversa franca com alguém que já atua na área e saber todos os detalhes possíveis. E de quebra, quem sabe ouvir algumas histórias sobre o dia a dia de quem trabalha com aquilo, não é mesmo?

Por isso, o Incrível.club conversou com a Ana Paula Leme de Souza, que foi aeromoça por muitos anos, para trazermos algumas informações e, principalmente, curiosidades sobre a profissão.

O primeiro contato da Ana Paula com a profissão foi na sua adolescência

Ana Paula nos contou que a primeira vez que ouviu falar da profissão foi em um panfleto, ainda no ensino médio. Mesmo nunca tendo viajado de avião, ela “enfiou na cabeça” que queria trabalhar com isso e foi contar à mãe. Assim como a escola, sua mãe também deu o maior apoio para Ana concluir o ano letivo e, no ano seguinte, se mudar para São Paulo e fazer o curso para comissária de voo. Foi o que aconteceu!

É preciso estudar para ser comissário de voo — e não é estudar pouco — e cumprir alguns requisitos

Para trabalhar como comissário de voo, Ana explica ser necessário passar por um desses cursos, oferecidos pelos Centros de Instrução de Aviação Civil (CIAC). Além disso, a ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil, também exige o Ensino Médio Completo, ter no mínimo 18 anos e sido aprovado em exames teóricos e médicos.

Ana ainda nos conta mais. Na época em que trabalhou como aeromoça, as empresas pediam outros requisitos. A postura profissional era considerada importantíssima, além de ser desejável estar totalmente disponível para viagens. Em certas épocas do ano, como temporada de férias e feriados, tal disponibilidade era ainda mais requisitada.

Ana nos contou sobre o uso pelas pessoas dos termos “Aeromoça” e “Comissária de Voo ou de Bordo”

Ana nos explicou que na época em que apenas mulheres trabalhavam nessa profissão era normal chamá-las aeromoças, e ninguém nunca se importou com isso: “Sempre fomos chamadas de aeromoça, e isso é normal. Mas ficava esquisito para os homens, né? Como se chamaria os homens, aeromoço?”.

Foi justamente o aumento de homens na profissão que popularizou o nome correto da ocupação: comissário de voo ou comissário de bordo. Hoje em dia, muitas pessoas ainda usam o termo aeromoça, mas a maioria já conhece a denominação oficial.

O que faz uma aeromoça, além de servir lanches e demostrar os procedimentos de segurança?

Os comissários de voo são responsáveis pela segurança e bem-estar dos passageiros. Por isso, na sua rotina, antes mesmo de os passageiros entrarem, eles precisam fazer uma série de verificações nos equipamentos de segurança, como portas, cilindro de oxigênio, extintores de incêndio e até a validade e a quantidade dos alimentos e bebidas.

Depois de tudo verificado, eles confirmam com a comissária ou comissário-chefe, que comunica ao comandante do voo. Se houver algum problema, é o comandante quem toma a decisão do que será necessário fazer. Do contrário, os comissários estarão prontos para receber os passageiros.

Ana explica sobre os padrões físicos e exigências para se tornar um comissário de voo

Ana nos contou que atualmente já não há um padrão para ser aeromoça, como antigamente. “Eu já vi comissárias com 50 anos iniciando”, além do aumento da contratação de homens. Quanto a saber outro idioma, é sim um diferencial, quem conhece mais línguas tem maiores chances de conseguir trabalho.

O povo quer saber: é verdade que os parentes podem viajar de graça?

“Quando entrei na aviação, nossa, era muito bom. A minha família tinha 90% de desconto nas passagens”, relembra e acrescenta que podia cadastrar até seis beneficiários. Com o tempo, como a demanda por voos aumentou, as companhias passaram a reduzir desses decréscimos. Hoje em dia, o mais comum é que apenas os pais, ou o cônjuge possam usufruir dessa vantagem.

Viajando de avião todos os dias, uma aeromoça acaba tendo muitas histórias para contar

Quando trabalhava como aeromoça, Ana Paula sempre notava que os passageiros ficavam muito confusos para encontrar seus assentos. Então, ela dá uma dica para ninguém se perder: ao entrar, leia as plaquinhas. Os assentos comumente estão organizados com letras, por exemplo: de um lado A, B, C, do outro D, E, F.

Outra dica importante dada por Ana Paula é na hora de desembarcar. Procure sempre sair pela porta onde tenha algum comissário ou comissária auxiliando. Além de receber uma simpática despedida, isso reduzirá os riscos de acidentes. Muitas pessoas querem sair pela porta que não tem ninguém, para evitar fila, mas isso não é aconselhável.

É claro que pedimos para Ana nos relatar alguma história curiosa. Ela nos contou que uma vez estava no serviço de bordo e ouviu um estouro no motor. “Seria cômico se não fosse trágico, pois nós tivemos de manter a pose e o sorriso, mesmo sem saber o que havia acontecido”.

Depois, calmamente, ela foi perguntar na cabine de comando o motivo do barulho. Informaram-na que o estouro veio de uma das turbinas, e eles estavam voando com apenas uma. O piloto pousou o mais rápido possível, e nada de grave aconteceu, além do susto.

Em outra ocasião, já era noite e os passageiros estavam dormindo. Ana e os outros comissários sentiram um cheiro de queimado e não sabiam de onde vinha. No entanto, não podiam acender as luzes para procurar, sem acordar e alarmar os passageiros.

“Até que uma cliente a chamou e disse: ‘Aeromoça, estou sentindo cheiro de queimado’. Eu, sorrindo, disse ‘vou verificar’, e então fechei a cortina e esperei até que a passageira voltasse a cochilar. Não tínhamos uma resposta plausível, não sabíamos o que estava acontecendo.” Só depois que pousaram, ela soube que um fiozinho se soltou na cabine de comando e provocou um pequeno curto. Não era nada grave, afinal.

Você já pensou em trabalhar como comissário de bordo? Depois das histórias da Ana Paula, sente-se mais motivado a perseguir esse sonho, ou prefere ficar com os pés no chão mesmo? Conte nos comentários!

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