Como lidar com o fracasso: as vantagens da derrota e como transformá-la em oportunidades de crescimento

Psicologia
há 1 ano

Muitas pessoas dividem a humanidade entre “ganhadores” e “perdedores”. Essa filosofia está tão enraizada na sociedade ocidental que é bastante fácil encontrar exemplos dela em filmes, livros, empresas e círculos sociais. Mas será que o julgamento sobre o que pode ser considerado uma vitória e o que deveria ser uma derrota é igual para todos? Neste artigo, mostramos que os fracassos e as derrotas podem ter uma função muito importante, além de trazer algumas vantagens para quem está disposto a aprender com eles. Confira!

1. A sensação de fracasso nos faz humanos

Quem nunca sentiu a frustração de um grande fracasso na vida? Seja no relacionamento familiar, na escola, em relacionamentos amorosos ou no trabalho, uma hora ou outra, a “sombra” do fracasso pode pairar sobre sua cabeça em um piscar de olhos. Ela tem um gosto amargo e pode nos causar verdadeiros arrepios, mas, por outro lado, também pode ser generosa e nos ensinar mais sobre a vida e sobre nós mesmos.

Para Pier Paolo Pasolini, intelectual italiano conhecido por seus poemas, ensaios e filmes, o fracasso e as derrotas têm uma função social muito importante: nos colocar em contato com a nossa própria humanidade. “Acho necessário educar as novas gerações para o valor da derrota. Para que elas aprendam a lidar com isso e com a humanidade que emerge da derrota. Para que elas construam uma identidade capaz de construir uma comunidade na qual se pode falhar e recomeçar sem que isso afete o valor e a dignidade de cada pessoa”, disse.

2. Errar honestamente é melhor que vencer de forma injusta

AF Archive / Mary Evans Picture Library / East News

Em um mundo que se concentra em forjar “vencedores” e “fracassados”, todos saem perdendo. Os “vencedores”, quando ensinados a negar os fracassos e a perseguir a vitória a todo custo, podem se transformar em pessoas desprovidas de senso ético e moral, capazes de passar por cima de tudo e de todos, a fim de atingir seus objetivos. Os “perdedores”, por outro lado, podem desenvolver uma série de fatores psicológicos e emocionais, como falta de autoestima e insegurança.

Entre um e outro, Pasolini é categórico quando afirma preferir os fracassados: “Não queremos alpinistas sociais e não queremos pessoas capazes de passar por cima dos outros para chegar primeiro aos seus objetivos. Diante desse mundo de especuladores vulgares e desonestos, de oportunistas falsos, de todos os neuróticos do sucesso e do fingimento. Diante dessa antropologia, prefiro aquele que perde. É um exercício que me parece bom e que me reconcilia comigo mesmo. Sou um homem que prefere perder a ganhar de forma injusta e cruel. Grave falha minha, eu sei. O melhor é que tenho a insolência de defender essa culpa, e considero-a quase uma virtude”, explicou.

3. Ninguém aprende novas habilidades sem o erro

O fracasso e a derrota podem ser experiências dolorosas e desanimadoras, mas são oportunidades valiosas para aprender e crescer. Quando tudo corre bem, muitas vezes ficamos presos em nossas rotinas e não exploramos novas possibilidades ou interesses. No entanto, quando enfrentamos uma situação difícil, falhamos ou somos derrotados, também somos forçados a refletir sobre o que deu errado e pensar em maneiras de melhorar. É nesse momento que começamos a aprender novas habilidades e estratégias que nos ajudarão a lidar com desafios futuros.

O medo do fracasso, muitas vezes, nos impede de tentar coisas novas e desafiadoras, mas a verdade é que ele é uma parte inevitável do processo de aprendizagem. É através dessas experiências que podemos desenvolver a resiliência, a criatividade e a perseverança que podem nos levar ao sucesso. Portanto, se você deseja desenvolver novas habilidades para alcançar seus objetivos, é importante lembrar que o fracasso não é o fim do mundo — é apenas o início de uma jornada de aprendizagem e crescimento.

4. Fracassar em algo não significa ser um fracasso

Muitas vezes, associamos alguma derrota com a ideia de que somos um fracasso como pessoa. No entanto, isso está longe de ser verdade! Fracassar em algo é uma parte natural da vida e faz parte do processo de aprendizagem e crescimento de todos. Quando nos permitimos fracassar, entramos em contato com nossas vulnerabilidades, por isso, é importante lembrar que o fracasso, muitas vezes, nos leva a encontrar novos caminhos e oportunidades que nunca teríamos considerado de outra forma.

É como diz o ditado popular: “Quando uma porta se fecha, outra se abre”, e é através das nossas derrotas que podemos descobrir novas paixões, habilidades e oportunidades que podem nos levar a um caminho mais gratificante. Portanto, não deixe que o medo o impeça de perseguir seus sonhos e objetivos. Lembre-se de que fracassar em algo não significa que você é um fracasso — significa apenas que você está tentando, aprendendo e crescendo.

5. Foque no aprendizado e não se martirize demais

Uma das melhores maneiras de lidar com os nossos fracassos e derrotas é adotar uma mentalidade de crescimento. Em vez de ficar preso a pensamentos negativos e autocríticos, podemos nos concentrar em como aprender com nossos erros e melhorar. Isso envolve ser honesto consigo mesmo, além de desenvolver uma abordagem positiva para lidar com os problemas, erros e fracassos, ou seja, focar no aprendizado e não se martirizar pelos erros.

Também é importante buscar o apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde mental, se necessário, para aprender a lidar com as emoções difíceis que podem surgir após uma grande derrota. Ao adotar essas medidas, conseguimos usar essas experiências frustrantes para nos tornarmos mais bem-sucedidos no futuro.

6. Experimente métodos da psicologia que podem aliviar a culpa dos fracassos

Existem diversas abordagens da psicologia que podem nos ajudar a superar a frustração das derrotas ou, pelo menos, amenizar a sensação amarga do fracasso. Elas vão desde o desenvolvimento de habilidades sociais e identificação de valores, que podem ajudar na melhora da comunicação e relacionamento interpessoal, além de permitir que o paciente identifique e nomeie corretamente suas emoções, reações e “gatilhos”, até a utilização de técnicas mais avançadas.

Entre essas estratégicas avançadas, muitas são bastante conhecidas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental, que pode auxiliar na identificação e mudança de padrões de pensamento negativos ou autocríticos; o Mindfulness, que pode ajudar na redução da ansiedade e do estresse decorrentes de uma derrota; e o Reframing, que busca outras perspectivas das situações vivenciadas, com foco em identificar os pontos positivos ou oportunidades de aprendizado que podem surgir dos erros.

7. Lembre-se: você não está só

Mary Evans Picture Library / East News, Domenico Cippitelli / ipa / SIPA / East News, © Samuel Beckett / Roger Pic / Wikimedia Commons, © Public Domain

Se mesmo com todas essas estratégias e pontos de vista você ainda se sentir derrotado ou um fracasso, lembre-se: vivenciar essas experiências é natural e elas fazem parte da aventura humana. Muitas pessoas importantes, consideradas verdadeiros gênios em suas áreas, só alcançaram a notoriedade após uma série de fracassos e derrotas, e hoje são lembradas como imprescindíveis. Duvida? Aqui vão alguns exemplos:

  • Thomas Edison, inventor e empresário norte-americano, via o fracasso como uma parte fundamental do processo de criação e inovação. Ele também é conhecido por, supostamente, ter dito uma frase que se tornou célebre e que retrata bem como ele enxergava as derrotas no trabalho: “Não falhei 10.000 vezes. Encontrei 10.000 maneiras que não funcionam”.
  • Patti Smith: poetisa, cantora e escritora norte-americana, defende a ideia de que o fracasso pode levar a um maior autodescobrimento e, também, a novas formas de expressões artísticas. Em seu livro Só Garotos, ela analisa como os fracassos e as adversidades em sua juventude ajudaram a moldar sua carreira e sua arte, celebrada hoje em dia.
  • Samuel Beckett: o escritor e dramaturgo irlandês, é bastante conhecido por uma citação que exemplifica como ele encara o processo de aprendizagem decorrente dos erros e fracassos, que diz: “Tente. Falhe. Não importa. Tente novamente. Falhe novamente. Falhe melhor”.

Então, se o caminho das vitórias parece ser construído a partir das derrotas, se permita errar, fracassar e experimentar a derrota sem medo ou vergonha. Ela faz parte da vida — e pode ser uma boa companheira, desde que você se olhe com honestidade e compaixão.

Comentários

Receber notificações

Artigos relacionados