Um estranho sinal detectado na Lua de Júpiter

Curiosidades
há 7 meses

Ei, acorde! Rápido! Ouça isso... É um sinal de FM de 5 segundos vindo de uma das luas de Júpiter! Você corre para o seu telefone e informa seus colegas. Eles surtam com as notícias e correm para o laboratório. Você é cientista e trabalha com a sonda Juno explorando Júpiter há anos. Mas esta é a primeira vez que testemunha algo tão incomum!

Ganimedes é a maior lua de Júpiter e a maior do nosso Sistema Solar. Se esse corpo espacial não orbitasse ao redor de Júpiter, seria classificado como um planeta, ainda maior que Mercúrio e Plutão. O que faz esta lua se destacar entre as outras é o fato de ter seu próprio campo magnético! Ganimedes nasceu há cerca de 4 bilhões e meio de anos. Isso significa que é tão antiga quanto Júpiter. Com o tamanho de um planeta, leva 7 dias terrestres para orbitar o seu.

Todos se reúnem no laboratório, esperando impacientemente que você toque a gravação do sinal que vem do espaço. Seus colegas começaram a tentar descobrir qual a origem desse som misterioso. Cerca de 40% da superfície de Ganimedes é escura, com crateras espalhadas ao redor. E 60% é clara. Existem formações que provavelmente foram causadas por atividade tectônica ou liberação de água vinda de baixo da superfície.

Os cientistas conseguiram descobrir uma fina camada de oxigênio presa na atmosfera da lua. As temperaturas lá são extremamente baixas: entre menos 110 e menos 130 graus. Não há muitas informações sobre como a lua se comporta ou quais elementos químicos ela esconde em seu interior. Alguns dos seus colegas tentam criar as mesmas condições que existiam quando o som foi transmitido. Por horas, eles ficam sentados esperando — mas nada. Talvez tenha sido um acaso. Você chega ao sistema de controle e ativa a espaçonave Juno. O ponto principal dessa missão é observar a gravidade de Júpiter, os campos magnéticos, a atmosfera e a evolução do planeta.

A propósito, também há algumas evidências de que a maior lua de Júpiter também está evoluindo. Por ter um campo magnético ao seu redor, auroras surgem o tempo todo. Elas são gases brilhantes circulando os polos norte e sul do satélite. Se existisse vida num lugar assim, provavelmente estaria no fundo do oceano extremamente salgado de Ganimedes. Por muito tempo, os cientistas pensaram que o Sol era um componente crucial para o início da vida. Mas agora sabemos que existem organismos que vivem nas profundezas dos oceanos. E passam muito bem sem luz solar. Os oceanos no nosso planeta estão colaborando com algumas das criaturas mais bizarras de todas as formas e tamanhos.

Os lírios-do-mar vivem a cerca de 3.000 m debaixo d’água. Eles têm esse nome porque se parecem com flores. Porém, não são plantas, e sim animais. Não se deixe enganar pelos caules e folhas, que são partes do corpo equipadas com terminações nervosas para detectar comida ao redor. Os tubarões-duendes são provavelmente alguns dos tubarões de aparência mais esquisita que vivem no fundo do oceano. Eles podem crescer até 3 metros e meio de comprimento e têm um focinho muito incomum.

Agora, olhe para o tamboril! Ele tem uma bolha bioluminescente na cabeça para atrair a presa e navegar pelo fundo do oceano escuro. É como uma lanterna natural que nunca precisa de pilhas novas. No entanto, apenas as fêmeas são equipadas com ela. O peixe-bolha é outro animal bizarro que vive lá embaixo. Ele habita os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, 2.700 m abaixo da superfície.

De qualquer forma, mesmo que você tenha pedido a todos que mantivessem a notícia confidencial, de alguma forma ela vazou para a mídia e se tornou a mais nova tendência. Você recebe uma ligação de uma emissora de notícias. Eles dizem que querem entrevistá-lo sobre essa descoberta que pode provar que existe vida no espaço sideral. No dia seguinte, vai até a emissora para falar sobre a sua descoberta. Há todo um público no estúdio observando ao vivo cada movimento seu enquanto você estende a mão para pegar seu copo d’água. A equipe se apressa em fazer alguns ajustes de última hora antes de entrar no ar ao vivo. O maquiador dá algumas pinceladas finais, o engenheiro de som lhe pede para testar seu microfone mais uma vez. Vários dos produtores estão sentados nos assentos da frente. Luzes brilhantes estão inundando o estúdio. A contagem regressiva começa: 3, 2, 1 e...

O anfitrião o apresenta e lhe pede para explicar o que ouviu. Você conta sobre a sonda espacial Juno orbitando Júpiter. Depois de algumas perguntas, o anfitrião finalmente faz a pergunta mais temida. “Será que o som misterioso está vindo de outra civilização?” Todos se inclinam, esperando sua resposta. Você congela, sem saber o que dizer.

Mesmo que a pressão esmagadora no fundo do oceano seja mil vezes mais forte do que ao nível do mar, ainda existe vida lá. As algas, consideradas uma iguaria no mundo oceânico, estão fora do menu das criaturas do fundo do mar devido à falta de luz solar. Em vez disso, muitos desses habitantes das profundezas têm que comer as sobras que chegam lá das camadas superiores do oceano.

As temperaturas congelantes e a pressão intensa alteraram as células dessas criaturas. Isso as tornou mais resistentes do que os peixes comuns. As bactérias estavam desenvolvendo suas próprias formas de sobrevivência. Estudos mostram que elas se alimentam de certos gases e produtos químicos, como enxofre e dióxido de carbono. O metano e o hidrogênio são liberados quando as placas tectônicas se movem umas contra as outras. E algumas dessas bactérias se alimentam desses gases também.

Os Tardígrados (também conhecidos como ursos d’água) são criaturas microscópicas que podem viver e se desenvolver em condições extremas. Você pode encontrá-los em vulcões, geleiras congeladas e até mesmo no vazio do espaço. O que significa que algumas formas de vida podem realmente existir em Ganimedes! Você explica isso para o seu público. Em seguida, menciona que não tem informações suficientes para determinar se foi outra civilização ou um fenômeno natural que produziu o som.

Isso não significa que o fundo dos oceanos gelados de Ganimedes não esteja colaborando com suas próprias criaturas bizarras e estranhas. Pode haver algumas bestas lendárias como o Kraken ou Leviatã lá. Ou um estranho peixe brilhante com duas cabeças. Ou ainda com tentáculos e uma grande barbatana. Caranguejos gigantes. As bactérias podem ser tão variadas quanto as nossas. As plantas (se houver) precisam ser fortes o suficiente para sobreviver a temperaturas abaixo de zero. Os animais da maior lua de Júpiter podem ser tão grandes quanto nossas baleias-azuis ou tão minúsculos quanto o plâncton.

Após a entrevista, você volta ao laboratório para examinar as gravações mais uma vez. No caminho para casa, vê cartazes com sua imagem e legendas como: “Não estamos sós?” Ei, você se tornou uma celebridade! Muitas pessoas tiram fotos suas. Outras emissoras o chamam para dar mais entrevistas. Algumas revistas científicas até querem colocá-lo na capa como a pessoa do ano! Cada vez que vai para o trabalho, espera que o som apareça novamente — mas nada. Você envia um sinal da sonda Juno, tentando fazer algum tipo de contato com o que quer que produza o som. Nada.

Naquela noite, apaga na sua mesa mais uma vez. O momento Eureka o acorda no meio da noite. Pode ser que tenha algo que você tenha perdido! Então faz os cálculos novamente e percebe que a resposta estava na sua frente o tempo todo. Não foi outra civilização que produziu o som. A fonte foram os elétrons! Cada planeta produz seu próprio som. Ele se forma quando partículas carregadas do vento solar e da magnetosfera do planeta interagem umas com as outras. Foi o que aconteceu em Ganimedes. Os elétrons no seu campo magnético — onde a sonda captou o sinal — estavam agindo de forma mais estranha do que o normal. E isso amplificou algumas frequências irregulares.

Você fica constrangido e passa o resto da noite dando telefonemas, contando as novidades para sua equipe. A emissora que o entrevistou divulga um comunicado. Eles explicam que outras civilizações não estão tentando nos contatar. Você se recosta em sua mesa, esperando a próxima grande coisa acontecer. Europa é outra das luas de Júpiter que pode ter vida. Ela é formada por um núcleo de ferro, um manto e um oceano salgado — com o dobro do volume de todos os oceanos da Terra. E, assim como Ganimedes, o oceano encontra-se sob uma crosta de gelo de água. Os cientistas afirmam que pode até haver vulcões ativos lá. E algumas bactérias resistentes podem viver ali também. Com água suficiente, certos produtos químicos e uma fonte de energia, Europa poderia produzir vida. Mas é improvável que encontremos algo além de minúsculos micróbios.

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