Seus antepassados não enxergavam o azul, pois ele ainda não existia
Bem, se alguém lhe pedisse para citar as cores mais comuns, você provavelmente escolheria vermelho, verde e azul. No entanto, até os tempos modernos, seus antepassados não sabiam que o azul era uma cor. Nos anos 1800, o estudioso britânico William Gladstone notou que na famosa Odisseia, Homero não usava a palavra azul. Ele até disse que o oceano era vermelho intenso. Homero descreveu em detalhes roupas, armaduras, rostos humanos e animais. Mas todas as cores eram um pouco confusas. Ferro e ovelhas eram violeta, e o mel, verde.
O preto foi mencionado no livro 200 vezes, o branco, cerca de 100, e o vermelho, o amarelo e o verde, menos de 15 vezes cada. O mesmo ocorreu em outros escritos gregos antigos. A palavra azul não existia de fato. Gladstone achava que a maneira monocromática de ver o mundo era algo típico dos gregos antigos.
Mas, alguns anos depois, seus seguidores continuaram com a pesquisa. E também não encontraram nenhuma menção ao azul em outras culturas. Antigas sagas islandesas, histórias chinesas, textos árabes e hindus... Todos evitavam o azul mesmo quando falavam sobre o céu. Acontece que as primeiras pessoas que usaram a palavra azul para descrever essa cor foram os egípcios. Eles também eram os únicos que produziam corantes desse tom.
Bem, provavelmente é por isso que não há menção aos gregos antigos ou quaisquer outros ancestrais cantando “Blues” (que é azul em português). Sim, eu inventei isso. Pode parecer estranho até que você perceba que a única coisa na natureza com a cor azul é o céu. Não existem muitos animais ou flores dessa cor na natureza. E os olhos desse tom costumavam ser ainda mais raros nos tempos antigos do que agora.
É por isso que quase todas as línguas desenvolveram primeiro as palavras para preto e branco, depois vermelho, amarelo e verde. Mas só porque não havia nome para o azul não significa que nossos ancestrais não conseguiam vê-lo. Essa cor simplesmente não se destacava para eles.
Há uma tribo na Namíbia chamada Himba. Eles ainda não têm uma palavra para azul. Também não distinguem entre verde e azul. Em vez disso, possuem algo como “verdzul”. Quando lhes foram mostrados um quadrado azul e 11 verdes, foi difícil descobrir qual era diferente. Mas eles têm mais palavras para os tons de verde do que a maioria dos outros idiomas. É por isso que os membros da tribo perceberam as menores diferenças entre os tons dos quadrados verdes.
Quando são mostrados diferentes tons de azul para pessoas que falam russo, elas conseguem distinguir os mais claros e os mais escuros mais rapidamente do que as que falam inglês. Isso ocorre porque elas usam palavras separadas para azul-claro e azul-escuro em vez de apenas uma palavra única.
O lugar onde você mora pode mudar a maneira como percebe as cores. Por exemplo, os gregos que viveram no Reino Unido por muito tempo consideram o azul claro e o azul escuro como uma única cor. Mas na Grécia, normalmente são usadas duas palavras diferentes, assim como na Rússia. A maneira como você percebe as cores não é apenas ver o que está ali. É mais sobre como seu cérebro processa o que vê. O que significa que isso é muito subjetivo.
Algumas pessoas até veem as cores como letras e números ou as ouvem. Quem vive perto do Círculo Polar Ártico pode nomear diferentes tons de neve, pois é isso o que vê o tempo todo. Para outras pessoas, é apenas branco. Alguns idiomas têm apenas nomes gerais para cores. Por exemplo, “escuro” significa tons frios, como preto, azul e verde. Cores como branco, vermelho, laranja e amarelo são todas chamadas de “quentes”. Seu olho processa mais variações das quentes do que das frias.
Há uma tribo na Austrália que descreve as texturas, a função de um objeto e os sentimentos em vez das cores. Seus integrantes não têm nenhum nome para elas. Os Candoshi que vivem às margens do Rio Amazonas, no Peru, não têm uma palavra que descreva o próprio conceito de cor. Em vez disso, o nome de algum pássaro amarelo será usado para descrever essa cor. Qualquer fruta madura representará o vermelho e uma verde representará o verde-escuro.
A língua inglesa não tinha uma palavra para laranja até os anos 1500. Foi quando alguém levou as primeiras laranjeiras da Ásia para a Europa. Até então, a tonalidade era chamada de “amarela-avermelhada”. Sir Isaac Newton foi quem deu o nome às cores do arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Ele percebeu esses tons depois de observar um feixe de luz passar por um prisma triangular. A luz branca inicial foi dividida em sete cores.
Quando você olha para um objeto, milhões de receptores de luz nos seus olhos enviam uma mensagem ao cérebro por meio do nervo óptico. Alguns desses receptores têm o formato de bastonetes e outros de cones. Newton disse que os objetos não eram na verdade coloridos. Era a superfície deles que refletia algumas cores e absorvia outras. Quando algo reflete todos os comprimentos de onda, a coisa parece branca. Ao absorver todos, parece preto. Uma maçã parece vermelha porque reflete comprimentos de onda vermelhos e absorve todo o resto.
É por isso que os objetos parecem mudar de cor dependendo do que está próximo a eles ou em diferentes condições de iluminação.
O olho humano possui três tipos de cones. Essas células fotorreceptoras distinguem os comprimentos de ondas de luz vermelha, verde e azul. Cada tipo é responsável por cerca de 100 tons diferentes. Ao todo, eles permitem que você veja um milhão de cores. Cerca de 1% das pessoas tem um quarto tipo de cone. Isso dá a elas o superpoder de distinguir entre 100 milhões de tons de cores diferentes. Ooh.
Cerca de 8% dos homens e 1% das mulheres têm daltonismo. Isso ocorre quando faltam determinados cones ou há alguns defeituosos. A maioria dessas pessoas nem sabe disso, pois algumas cores sempre pareceram idênticas para elas. O tipo mais comum de daltonismo é quando não se consegue diferenciar o vermelho do verde. Muita gente perde a capacidade de perceber algumas cores à medida que envelhece. Por volta dos 70 anos, as lentes ficam amareladas. Esse filtro amarelo natural pelo qual elas olham através não as permite diferenciar o azul do roxo e o amarelo do verde.
Metade do seu cérebro está programada para processar informações visuais. Uma parte muito menor é deixada para perceber o sabor. É por isso que a cor da comida ou da bebida pode aumentar ou diminuir o apetite. Você sempre escolherá a maçã mais vermelha porque seu cérebro a percebe como a mais doce e madura. Não há alimentos naturalmente azuis, então você é menos atraído por eles e pode até ter receio. É por isso que instalar uma luz azul na sua geladeira ou comer em pratos dessa cor é uma ótima maneira de comer menos.
Você sempre escolherá frutas e vegetais mais brilhantes porque eles estão associados a um sabor mais rico. Ao comê-los, se sente mais saudável e feliz. O amarelo pode aumentar o apetite, pois o associamos com energia e entusiasmo. O branco pode nos induzir a comer mais e prestar menos atenção ao que estamos mastigando. Isso porque os alimentos brancos parecem mais inofensivos em termos de calorias. Se você fizer uma refeição em um prato branco, é mais provável que coma demais, pois ele torna a comida mais reluzente.
Seu cérebro também se lembra da cor da embalagem dos alimentos. Se você colocar salgadinhos com sal e vinagre em um pacote de queijo e cebola, pode nem notar a diferença de sabor ao beliscar. As empresas de alimentos sabem que você comerá mais de qualquer alimento quando se trata de cores e sabores diferentes. A curiosidade ou a busca pelo seu sabor favorito não o deixa parar.
As cores no ambiente do escritório afetam a sua produtividade, criatividade e o humor. O azul ajuda na concentração. Essa é uma cor intelectual que representa lógica e eficiência.
O vermelho lhe dá coragem e força para o trabalho físico. O amarelo o deixa mais feliz, produtivo e confiante. O verde traz equilíbrio e harmonia ao ambiente do escritório. Seus olhos também adoram essa cor, pois não precisam de tempo para se ajustar a ela. O laranja oferece uma sensação de conforto e calor, por isso é perfeito para um escritório. Pássaros, peixes e muitos mamíferos veem todo o espectro de cores em toda a sua beleza, exatamente como os humanos. Para alguns animais, uma boa visão das cores é crucial, pois sem isso não conseguem diferenciar frutas vermelhas maduras das ainda verdes — e que têm esse tom.
Mas alguns insetos, como as abelhas, também percebem cores ultravioleta que os humanos não podem ver. As aranhas-saltadoras possuem oito pares de olhos. O maior deles dá a elas uma visão de alta resolução. Essas criaturas também têm um espectro de cores mais amplo do que os humanos e pigmentos especiais que lhes permite ver a luz ultravioleta.
Os touros são parcialmente daltônicos e só conseguem distinguir amarelo, verde, azul e violeta. Eles não têm o receptor de retina para o vermelho, então não conseguem ver essa cor. Ah, tanto exagero por causa daquele lance da capa...
Os cães têm dois tipos de cones de detecção de cor, um a menos do que os humanos. Nossos amigos caninos conseguem ver a luz amarela e entre o azul e o ultravioleta. Os cones deles funcionam muito bem com uma luz relativamente forte. E os bastonetes os ajudam a enxergar com pouca luz. Mas, neste caso, tudo ao redor é parecido com tons de cinza.
Ao contrário dos humanos, as lagartixas possuem uma visão noturna colorida perfeita, 350 vezes melhor que a sua! Os caracóis do jardim não conseguem focar ou ver as cores. Eles são capazes de se direcionar para lugares escuros graças à sua capacidade de sentir e analisar a intensidade da luz.