Será que sobreviveríamos em um planeta do tamanho de Júpiter?

Curiosidades
há 1 ano

TerraJúpiter quase não têm nada em comum. Nosso planeta é dócil, pequeno, cheio de plantas e pandas fofinhos. Júpiter é um gigante gasoso horrível, com furacões potentes que JAMAIS se acalmam.
E, se você cair nesse planeta, vai literalmente atravessá-lo de um lado para o outro. Mas o que aconteceria se nossa Terra fosse do tamanho do “pai” do Sistema Solar? Ah, seria divertido. Júpiter é um planeta tão grande, que aposto que você nem tem ideia das proporções. O raio dele é cerca de 11 vezes maior que o raio da Terra e ele é cerca de 316 vezes maior. Então, para transformar a Terra em outro Júpiter, precisaríamos aumentá-la 11 vezes. Se a densidade do planeta permanecesse igual, a massa da nossa nova Terra aumentaria bastante. Na verdade, ela seria 4 vezes maior que a de Júpiter! Claro, essas mudanças não ocorreriam com tranquilidade.

A primeira coisa que perceberíamos seria... não, não é o tamanho... seria a gravidade. Ela aumentaria cerca de 11 vezes comparada à Terra antiga. Cientistas dizem que conseguiríamos sobreviver em um planeta com gravidade maior. Mas só se ela for menos de 5 vezes mais forte do que a que temos agora. Bem, vamos supor que somos pessoas destemidas, sempre prontas para desafiar a natureza. Como seria a vida?
É... não muito agradável. Após cada passo, teríamos que nos sentar em algum banco e fazer uma pausa, como se tivéssemos corrido uma maratona. Sim, andar seria SUPERdifícil. Ah, e boa sorte para se levantar depois! Para nos movimentarmos pelo planeta, precisaríamos ter músculos superfortes. Não teríamos mais problemas com lanches, pois seria preciso ser um halterofilista para conseguir chegar à geladeira.

A força da gravidade afeta não só o movimento, mas também o tamanho de tudo. Sabia que muitos astronautas ganham alguns centímetros de altura por causa da falta de gravidade no espaço? (Se você não gosta de ser baixinho, eis uma solução!). Por outro lado, uma gravidade forte faria com que todos fossem menores. E não só os humanos, mas tudo em nosso planeta!
As árvores seriam bem pequenas. Para crescer para cima, elas teriam que deslocar água de suas raízes para os galhos, o que seria praticamente impossível em tal gravidade. Então, elas se tornariam pequenos arbustos.
Também não haveria montanhas. Até as maiores ficariam pequeninas. Mas pelo menos todos conseguiriam escalar o Everest.

Isso também se aplicaria aos animais! Nossos pets teriam que evoluir rapidinho para corgis musculosos para conseguirem andar. AH, e pode dizer adeus aos passarinhos, é claro.

E, como se a situação já não estivesse complicada o suficiente, também seria MUITO difícil respirar. A pressão atmosférica aumentaria drasticamente, já que a Terra começaria a puxar ar para si mesma com uma força enorme. Você sentiria literalmente o peso dele sobre os seus ombros.
Lembra que eu disse que você teria que fazer uma pausa a cada passo? Agora imagine ter que respirar através de um travesseiro. Pois é.

E os problemas não param por aí! A pressão atmosférica é muito importante no comportamento das moléculas da água. Seria MUITO mais difícil para a água ferver ou virar gelo. A maioria das geleiras derreteria e provavelmente não haveria mais nuvens também. Todo o vapor de água desceria com força em nossa direção, por meio de chuvas torrenciais. Se não fôssemos inundados instantaneamente, seria sorte.

Mas haveria também algumas vantagens! Por exemplo: tudo ao nosso redor ficaria mais espaçoso. Se não morrêssemos afogados, haveria um monte de regiões desertas no planeta. Quem sabe os preços dos lotes finalmente cairiam? Mas essas regiões inexploradas certamente continuariam inabitadas, já que é preciso atravessar mares e oceanos para chegar lá — não só por ser incrivelmente difícil se movimentar pela água, mas também porque os corpos de água do nosso planeta seriam 10 vezes maiores! Só de pensar em se perder no meio de um oceano a gente já fica aterrorizado. Agora imagine se ele fosse 10 vezes maior e mais profundo? Ô ou.

Então, não seria mais possível navegar. E esqueça os aviões, ou visitar o espaço sideral de novo. Mas, espera, ainda não acabou! Se a Terra fosse do tamanho de Júpiter, também teríamos vulcões entrando em erupção por toda parte. Por causa do aumento em sua massa, a Terra se tornaria incrivelmente instável. Todos os vulcões adormecidos voltariam a ser ativos e haveria lava e gases venenosos por toda parte.
Em 1883 ocorreu a erupção mais destrutiva da história da humanidade — a erupção do vulcão Krakatoa. Foi em uma pequena ilha, mas pessoas do planeta inteiro sentiram as consequências. A erupção destruiu a ilha, desencadeou muitos tsunamis e nuvens de gases tóxicos se espalharam por quilômetros.

Agora imagine isso, só que dez vezes pior. É o que aconteceria em nossa Terra com o tamanho de Júpiter. Seria parecido com a queda do asteroide Chicxulub — aquele que extinguiu os dinossauros da face da Terra. Depois, gases venenosos se espalhariam por todo o planeta, causando uma das maiores extinções em massa da história. Ah, e também perderíamos nosso campo magnético. Seria a gota d’água. O campo magnético é muito importante para a vida na Terra. Segundo Rory Barnes, da Universidade de Washington, nos EUA, ele “é um escudo que protege a vida do planeta de todas as sujeiras espaciais”, ou seja, de todos os tipos de radiação e ventos solares.

Existe um núcleo de ferro derretido dentro do nosso planeta; ele é responsável por produzir o campo magnético. Se a quantidade de pressão sobre esse núcleo aumentassem devido à gravidade, ele se solidificaria. E, por causa disso, o campo magnético da Terra desapareceria. Ficaríamos expostos aos efeitos da radiação cósmica — só de pensar, já sinto calafrios.
Ok, então agora sabemos que viver nessa nova Terra seria um verdadeiro pesadelo. Mas e o espaço sideral? Você provavelmente já ouviu dizer que Júpiter, graças à sua forte gravidade, nos protege dos asteroides. Bem, essa seria nossa missão. Júpiter sofre cerca de 24 mil colisões por ano. Então esse seria o nosso destino.

Lembra que falamos sobre o asteroide Chicxulub? Tragédias parecidas acontecem em nosso planeta a cada 100 milhões de anos. Mas, se ele ficasse do tamanho de Júpiter, esses carinhas nos visitariam toda sexta-feira. Outra coisa: teríamos que dizer adeus à Lua. Nosso satélite natural fica próximo demais da gente. Então, se a Terra crescesse, seria uma verdadeira catástrofe. Veríamos a Lua ser despedaçada no céu. Claro, depois disso todos os fragmentos dela voariam para nossa direção. Há uma teoria que afirma que, bilhões de anos atrás, a Lua se separou da Terra e seus pedaços se juntaram, formando uma bola. Seria como assistir esse processo retrocedendo.
Mesmo que a Lua sobrevivesse, continuando na órbita da Terra, as mudanças nas marés ainda seriam drásticas. As consequências dessas mudanças são imprevisíveis, mas provavelmente um monte de tsunamis estaria entre elas.

Em contrapartida, ganharíamos algumas luas novas. Júpiter tem 79! Deve ser uma vista espetacular, né? Isso se as nuvens de gás não a bloqueassem. Outra coisa: o surgimento de um segundo planeta gigante traria consequências significativas para todo o Sistema Solar. Não se preocupe; outros planetas não colidiriam contra nós — muitas pessoas não têm noção do quão DISTANTES os planetas estão uns dos outros. Mesmo assim, a nova Terra mudaria um pouquinho as órbitas de outros planetas e afetaria a velocidade de rotação deles. E a própria Terra giraria ao redor do Sol muito mais lentamente, por causa de sua massa gigante. (Por exemplo, 1 ano equivale a 12 anos terrestres em Júpiter.)
Tudo isso, claro, afetaria as estações e o clima de modo geral. Então... será que haveria vida na Terra? Que coragem fazer essa pergunta! Mas, se um dia conseguirmos encontrar uma super-Terra habitável do mesmo tamanho de Júpiter, seria interessante descer para dar uma olhada.

Comentários

Receber notificações
Sorte sua! Este tópico está vazio, o que significa que você poderá ser o primeiro a comentar. Vá em frente!

Artigos relacionados