Se vir esta cor em uma árvore, estacione seu carro bem longe dela

Em muitas cidades e florestas dos Estados Unidos, há, nas árvores, demarcações coloridas que parecem estranhas para quem não é dali. Na verdade, a maioria dessas demarcações é usada por dois motivos: para que as árvores sejam as únicas cortadas, ou as únicas preservadas em meio ao resto, e para que todos vejam as delimitações de uma mata que tem dono. Não há regras específicas que definem a cor ou o formato das demarcações, mas as mais comuns para corte são linhas azuis; as demarcações para árvores a preservar geralmente são laranjas ou amarelas. Árvores dentro do perímetro urbano costumam ser marcadas para corte com linhas ou pontilhados vermelhos, alaranjados ou amarelos. Se você vir uma demarcação dessas em alguma árvore e seu carro estiver estacionado por perto, é melhor colocá-lo em um lugar mais distante, para não correr o risco de ser amassado quando alguém cortá-la.

As árvores de uma mata podem ser marcadas para preservação, por terem buracos bons para animais viverem, ou por terem ninhos em seus galhos. É uma prática frequente deixar certas árvores intactas para que os pássaros ou animais que vivem nela ou a visitam não sejam incomodados. Árvores grandes e saudáveis que produzem sementes e frutos também são marcadas para preservação, pois muitos animais e passarinhos se alimentam do que elas produzem. Árvores doentes podem ser preservadas também, caso pica-paus gostem delas — isso significa que há muitos insetos dentro dos troncos, que servem como comida para os pássaros.
Demarcações coloridas em árvores de uma floresta também podem significar que alguém é dono daquela área, e que deseja que todos saibam disso. Essas marcas podem ser feitas com qualquer cor e formato, mas sempre têm duas características específicas:

A primeira é que as marcas são feitas em árvores que formam mais ou menos uma linha reta, o que faz sentido, já que é a delimitação de um território. E a segunda característica é que, de acordo com as regras de demarcação, as marcas sempre precisam estar próximas umas das outras, para que a próxima fique bem visível nas duas direções. Tem gente que acredita que as marcas amarelas das árvores em cidades dos Estados Unidos são feitas apenas em nogueiras-do-japão fêmeas, mas não há evidências disso. Mesmo assim, existe um mapa detalhado dessas árvores em Nova York e em Washington, DC.

As fêmeas dessas nogueiras, também conhecidas como Gingko Biloba, merecem um mapa com sua localização, pois seus frutos fedem demais. Se pela sua cozinha já passou um pedaço de manteiga que azedou, provavelmente você conhece o cheiro. Essas árvores foram levadas para os Estados Unidos nos séculos XVIII e XIX, quando uma onda de experimentar coisas novas e exóticas estava muito forte no país. Como essas nogueiras são árvores muito robustas e conseguem suportar condições climáticas extremas, acabaram se popularizando por lá. Muitas cidades as plantaram para arborizar mais a região, mas, infelizmente, muitas eram ser fêmeas.

Para evitar que as árvores levem seu cheiro desagradável para as cidades, eles borrifaram um líquido especial nelas para impedir a frutificação. Esse líquido é seguro para pessoas e animais, então não é preciso se preocupar se você passar em um local em que os funcionários de manutenção estejam borrifando-o nas árvores.

As demarcações coloridas podem ser vistas em ruas também, não só em árvores. Se você estiver caminhando por alguma cidade do Tio Sam e vir uma linha vermelha na calçada, por exemplo, significa que existe uma rede ou um cabo de energia debaixo de seus pés. Essas linhas são vermelhas para se diferenciar das demais, pois, se alguém escavar o local e danificá-las, pode causar um problemão — talvez até maior que um vazamento de gás.

As linhas laranjas significam praticamente a mesma coisa, só que mostram que existe uma linha ou cabo de telecomunicações ou sinal ali. Essas coisas não carregam eletricidade, então danificá-los não oferece tanto perigo; só que acaba causando um transtorno enorme para quem mora naquele quarteirão. Por exemplo: se um cabo ótico se partir, uma região grande pode ficar sem Internet até que o dano seja reparado.

As linhas amarelas mostram que há gás natural, óleo, vapor, petróleo ou algum outro condutor de material inflamável debaixo da pavimentação. Essas linhas geralmente são desenhadas de um jeito que indica a direção em que o cano está lá debaixo, pois sempre ficam no meio dele. O amarelo é uma cor tão alarmante quanto o vermelho, e faz total sentido: um cano de gás quebrado e uma faísca são a receita perfeita para um enorme desastre.

Linhas verdes mostram que há uma rede de esgoto ou algum dreno subterrâneo ali. Quebrar uma rede dessas pode custar a carreira inteira de um operador de escavadeira, e não é à toa: imagine a bagunça que faria! Além de o conteúdo da rede de esgoto ser liberado, formando uma nojeira na superfície, os danos nos canos certamente custariam uma fortuna, e atrapalhariam a vida de centenas de pessoas que moram naquele bairro.

Como a água é tradicionalmente representada com azul, faz sentido que as indicações de fontes de água potável sejam dessa cor. Danificar uma dessas não é tão ruim quanto quebrar um tubo de petróleo ou um cabo de energia, mas causará problemas para quem vive ali perto. Em cidades grandes, porém, não é algo tão importante, já que a água potável geralmente é de fácil acesso. Quebrar um cano de água traz mais problemas para o projeto de escavação ou construção, já que a água vai fluir para todos os lados, fazendo uma bagunça.

Demarcações roxas também indicam presença de água, mas a potável: linhas dessa cor significam que há uma fonte de irrigação ou de água residual ali embaixo. Essa água é captada de jateamentos de areia ou de processos de lavagem, e normalmente é usada em indústrias ou para regar jardins. Ela não serve para beber, mas as consequências de quebrar um cano que carrega essa água são praticamente as mesmas em relação à água potável. A bagunça será igual.

Demarcações em rosa no chão são deixadas por topógrafos. Quando existe uma disputa judicial por limites de propriedade, por exemplo, um topógrafo particular deixará linhas cor-de-rosa no chão para demarcar território. Elas também pode ser feitas em canteiros de obras pelo mesmo motivo.

Linhas, pontilhados e algum x brancos marcam o território de uma futura rota ou limites de escavação; significa que aquele lugar será escavado em breve. As demarcações brancas geralmente indicam o local exato em que o buraco será feito. Elas são o primeiro passo antes de qualquer serviço ser realizado. Depois, funcionários de manutenção da cidade investigarão se há alguma instalação debaixo daquele local que deve ser evitada. Se não houver nenhuma, nem conflito entre a escavação e as instalações subterrâneas (vamos falar sobre isso depois), o serviço de perfuração poderá ser iniciado.

As demarcações em cidades também podem ser feitas em outros formatos, e não só linhas. Por exemplo: você pode ver um H desenhado no chão. As duas linhas paralelas mostram as bordas dos canos ou cabos que estão ali embaixo, e a linha central que os conecta está ali para facilitar a medição da largura. Pode haver também o nome da empresa que fez a instalação do cano ou cabo que está perto da letra H. Um diamante também é outro formato comum em demarcações no chão. Ele pode (ou não) ter duas linhas paralelas marcando as bordas do condutor que está ali embaixo, enquanto o formato de diamante indica o tamanho aproximado do que está debaixo dos seus pés.

Algumas demarcações parecem mais graffiti, com um monte de símbolos misteriosos e letras, mas geralmente são abreviações e códigos para funcionários da prefeitura ou construtores. Por exemplo: você pode ver um X ou um quadrado branco desenhados no chão para marcar uma área que será futuramente escavada. Aí, os funcionários da prefeitura escreverão um “NO”, seguido do nome abreviado da instalação que está ali embaixo. Você pode concluir que nenhuma escavação poderá ser feita ali, mas é justamente o contrário: “NO” significa “no conflict”, então está escrito que não haverá conflito entre redes elétricas, canos ou qualquer outra instalação subterrânea e o plano de escavação proposto.

As abreviações também são escritas na cor da instalação a que se referem. Por exemplo: se houver um “NO G” escrito com tinta amarela em um quadrado branco, significa que o local pode ser escavado sem medo de que uma tubulação de gás (por isso a letra “G”) seja afetada. E, se houver algum cabo de telecomunicações lá debaixo, os serviços da prefeitura desenharão um “NO” alaranjado e depois o nome abreviado da empresa que instalou os cabos. Outra forma de dizer a mesma coisa é desenhar o tipo de instalação subterrânea e fazer um x em cima dele. Um “G” amarelo, às vezes dentro de um círculo, significa que há uma tubulação de gás ali embaixo; se ela estiver com um x, é porque não há problema algum em escavar aquela área — nenhum tubo de gás será danificado.