O que é o masculinismo e por que os homens não querem mais ser machões

Psicologia
há 5 anos

O movimento pelo voto feminino e o próprio movimento feminista foram e são muito importantes em relação a diversas conquistas sociais. No último século, a sociedade observou com grande interesse a conquista, pelas mulheres, do direito de ir às urnas e de trabalhar onde quisessem. Contudo, existe uma parcela da população que afirma que algumas lutas roubaram parte significativa dos direitos e das oportunidades dos homens. Algumas ideologias afirmam, inclusive, que eles são discriminados.

O Incrível.club decidiu pesquisar um pouco mais sobre esse tema polêmico para saber por que alguns homens estão descontentes com a situação atual.

O que é o masculinismo

Na realidade, os homens não reclamam da maneira como a sociedade está organizada. Eles se mostram descontentes com o caráter unilateral do feminismo. Na década de 1960, surge nos Estados Unidos um conjunto de ideologias e movimentos culturais, políticos e econômicos, o chamado masculinismo. Seus representantes lutaram e lutam pela igualdade de direitos dos homens e mulheres e defendem a ideia de que garotos e homens são humilhados por questões de gênero.

Os masculinistas não se sentem ofendidos pelas mulheres e não querem lutar contra as feministas; eles querem apenas que a sociedades não exija deles o papel de príncipes encantados. Essa é a principal luta dos masculinistas modernos.

O “lookism” que prejudica os homens

O termo em inglês lookism — ou unatractifobia — (que já foi tema de um post do Incrível.club) serve para designar atitudes preconceituosas em relação ao aspecto de uma pessoa. Essa situação afeta não apenas as mulheres (que muitas vezes reclamam desse tipo de preconceito no ambiente de trabalho), mas também os homens. Muitos deles sentem na pele o problema de serem preteridos nas empresas, por exemplo, em relação a outros funcionários mais atraentes. Caras bem-apessoados, portanto, levariam vantagem em diversas situações simplesmente por conta de sua aparência. Nesse sentido, muitas pesquisas confirmam as palavras dos masculinistas.

  • Em geral, a mulher sonha com um homem alto, com mais ou menos 1,81 metro. Contudo, a altura média dos homens não chega nesse ideal e é de 1,75-1,76 metro.
  • Os ruivos e carecas perdem pontos em relação aos morenos e com cabelos. Segundo um levantamento, diversas garotas sonham com um moreno de olhos castanhos. Muitas mulheres dizem: “Gostamos dos morenos porque esses homens dão uma impressão de serem mais fortes de espírito, enérgicos e seguros de si mesmos”.
  • barba é outra vantagem. Os homens com barba são percebidos como mais másculos e determinados. Além disso, têm mais possibilidades de serem contratados em processos seletivos em empresas.
  • Mulheres gostam de rapazes com ombros largos. Isso também foi confirmado em pesquisas.
  • A publicidade e o cinema criaram a imagem de um homem ideal que está longe da realidade. Muitas garotas compram produtos de marcas que usam a imagem de homens retratados como machões em suas propagandas.
  • Contudo, o “lookism” masculino causa tristes consequências. Por exemplo, o chamado transtorno dismórfico corporal (dismorfofobia). Os homens modernos estão começando a sentir vergonha de seus corpos porque não são suficientemente fortes, morenos, musculosos, etc. A dismorfofobia leva a um aumento no uso de anabolizantes e pode causar depressão quando esse ideal não pode ser atingido.

Os homens também sofrem violência doméstica

Na cabeça das pessoas a violência doméstica coloca sempre a mulher como vítima e o homem como tirano. Mas os homens também podem sofrer.

  • Na Inglaterra, 30% das vítimas de violência doméstica são homens maltratados por suas namoradas, esposas e mães. O problema é que eles não têm a quem recorrer, porque quase não há centros de apoio a homens nessas situações.
  • As mulheres são mais ’criativas’ em relação ao abuso. Na maioria dos casos não se trata de violência física, mas de chantagem emocional, financeira e abuso sexual.
  • Os homens costumam ter vergonha de pedir ajuda porque a sociedade não leva a sério esse problema. Em geral, um homem ’de verdade’ não deve reclamar que uma mulher está fazendo mal a ele.

Entretanto, os tempos mudaram. No Reino Unido, por exemplo, o controle coercitivo pode dar cadeia. A dona de casa Valerie Sanders, de North Yorkshire, no nordeste da Inglaterra, passou várias horas na prisão porque obrigou o marido a passar o aspirador de pó.

Os pais têm menos direitos em relação à criação dos filhos

Em caso de divórcio, em muitos países é a mãe que fica com os filhos. Não importa como os pais se comportaram antes, eles quase sempre precisam enfrentar uma batalha para conseguir criar um filho.

  • Decisões relacionadas com a reprodução são sempre da mulher.
  • Na televisão, no cinema e nos livros os pais são sempre retratados como pessoas que não sabem muito bem o que estão fazendo. Não imaginam o que dar de comer, não têm a menor habilidade para trocar a fralda e quase desmaiam com o cheiro do cocô.

O ator Terry Crews uma vez causou a ira de muitos usuários no Twitter. Ele declarou que o papel de pai na educação é incrivelmente importante e que os filhos de famílias ’incompletas’ sofrem pela falta da educação masculina. Crews foi duramente criticado por reproduzir uma série de valores de uma sociedade patriarcal.

Em geral, homens realizam trabalhos mais perigosos

Existem profissões que são consideradas mais masculinas. Em geral, são as mais perigosas, tais como policial (especialmente os que atuam nas ruas), funcionários de plataformas de petróleo e de empresas de mineração, por exemplo.

  • Os homens morrem ou ficam feridos em uma proporção 10 vezes maior do que as mulheres em ambientes de trabalho.
  • Segundo pesquisas, os homens estão dispostos a passar mais tempo no caminho do trabalho (presos no trânsito ou no transporte público, por exemplo) do que as mulheres.

Isso acontece porque o homem está acostumado a sacrificar o seu tempo e a sua saúde para sustentar a família. Esse é outro ponto que os masculinistas discutem.

A expectativa de vida é mais curta que a das mulheres

Em todo o mundo, as mulheres vivem mais do que os homens. Em países desenvolvidos, a diferença é de quatro ou cinco anos, mas é ainda maior em países em desenvolvimento.

  • No Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida dos homens é de 72,5 anos e a das mulheres, de 79,6 anos.
  • Os homens cometem quatro vezes mais suicídio do que as mulheres.
  • Nos Estados Unidos, 35 mil homens morrem de câncer de próstata por ano e 43 mil mulheres de câncer de mama. Ao mesmo tempo, se gasta seis vezes mais dinheiro em pesquisas com câncer de mama.
  • Embora exista uma maior probabilidade de que os homens sofram com doenças cardiovasculares, a situação está mudando. Segundo pesquisas científicas, em 2050 os homens vão viver mais do que as mulheres.

Tabus sobre as atividades femininas e os estereótipos de gênero

Talvez o problema maior para os masculinistas sejam os estereótipos de gênero (ideias sobre o que um ’homem de verdade’ deve fazer). Eles afirmam que a sociedade espera que um homem seja sempre forte e duro, como o típico machão interpretado por Clint Eastwood no cinema. E esses perfis são reafirmados pelos pais, avós, escola, etc., desde a infância.

  • Embora o movimento feminista já tenha mais de 100 anos, a mulher ainda é considerada o sexo frágil. Os masculinistas também falam sobre a diferença entre maternidade e paternidade e em como a luta nesse sentido é encarada como uma espécie de piada por muitas pessoas.
  • Psicólogos demonstraram que um grupo de pessoas em situação de emergência estaria mais disposto a sacrificar um homem do que uma mulher. Por exemplo, se um homem e uma mulher estão se afogando e só há um salva-vidas, ele é lançado para a mulher.
  • Os pais se sentem envergonhados quando os filhos gostam de coisas de meninas e, em geral, são mais tolerantes com as filhas.
  • As mulheres que cometem crimes costumam viver melhor do que os homens. Em alguns países elas são poupadas da pena de morte, por exemplo.

Aonde essa luta pode nos levar?

Às vezes, a luta pela igualdade com as mulheres adquire um caráter estranho. No Japão, há pouco tempo surgiu um grupo chamado de ’herbs’ (em japonês, soshoku danshi). A palavra ’herb’ significa herbívoro, em uma espécie de indicação de que essa parcela da população não pratica nem procura o sexo e o casamento. Não são homossexuais. Eles simplesmente defendem que o papel de ’homem da família’ é pesado demais para eles.

Na Ásia, existe também uma nova tendência, a ’masculinidade soft’. Os homens não sentem vergonha de usar cosméticos para cuidar do corpo e do rosto. Para eles, a brutalidade não está na moda.

Claro que, comparado ao feminismo, o masculinismo ainda é um movimento com menor visibilidade e adesão por parte dos próprios homens. É preciso lembrar que a luta pelos direitos das mulheres tem uma longa história. Além disso, o próprio feminismo acaba fazendo com que o masculinismo seja encarado como uma espécie de fraqueza por uma grande parte da sociedade.

Qual é a sua opinião sobre o masculinismo? Você acredita que faz sentido o que o movimento propõe? Ou em sua opinião as exigências desse movimento são ridículas?

Ilustrado por Yekaterina Ragozina exclusivo para Incrível.club

Comentários

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O YUTA TCAHU KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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Olha só. Só pelo nível dos comentários dá pra ver porque essa visão tem tantos adeptos. Quanto ódio destilado!

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