Por que quanto mais fundo você vai, mais gigantes você vê

Animais
há 7 meses

Se você pudesse mergulhar na misteriosa escuridão das profundezas do oceano, quem sabe o que você encontraria?
Lendas com centenas de anos mencionam alguns monstros marinhos gigantes escondidos nas profundezas bem abaixo das ondas do oceano, como o Kraken, o monstro do Lago Ness, a Hidra, o Leviatã e muitos mais. Ok, ninguém jamais viu esses monstros, mas ainda existem aranhas marinhas estranhas e extraordinariamente grandes, lulas, vermes e muitos outros animais que cresceram muito mais do que esperávamos. Dê uma olhada na lula gigantesca das águas subantárticas. Ela é cerca de 14 vezes mais longa do que a Nototodarus Sloanii que vive perto da Nova Zelândia. E, no fundo do Oceano Pacífico, há uma esponja do mar do tamanho de uma minivan.

Os oceanos contêm cerca de 96,5% de toda a água do nosso planeta. Cerca de 80% de toda a vida na Terra que descobrimos está sob as ondas oceânicas. Não exploramos, mapeamos ou sequer vimos mais de 80% do oceano. Na verdade, mapeamos Marte melhor do que o fundo do mar. A pressão lá embaixo é insana e faria você se sentir como se estivesse segurando quase 50 jatos jumbo. E as temperaturas em tais profundidades são extremamente baixas. As condições nas profundezas abaixo da superfície oceânica são duras. Então, as criaturas que vivem lá precisam se ajustar. É por isso que muitas delas ficaram muito, muito grandes para sobreviver. As criaturas que vivem em profundezas frias e escuras são tão grandes por causa de um fenômeno chamado gigantismo do fundo do mar. Quanto mais fundo você for abaixo da superfície oceânica, menos luz solar terá. É por isso que as temperaturas caem drasticamente. O resultado é o aumento do tamanho das células e vida mais longa das criaturas.

Além disso, essas criaturas não têm tanto oxigênio quanto os animais marinhos que vivem em partes mais rasas. E suas fontes de alimento são mínimas. Grande parte da comida que recebem vem de águas mais rasas e apenas um pouco vai até as partes mais profundas. E quando não há comida suficiente, ser grande é uma vantagem. As criaturas maiores podem se mover mais e mais rapidamente para encontrar algo para comer. O metabolismo delas funciona mais devagar. Elas não digerem a comida tão rápido, então podem armazenar alimento e conservar energia para tempos difíceis, quando não conseguem encontrar nada para comer. Também não precisam regular a temperatura corporal, o que as ajuda a economizar energia — a qual podem transferir para outros processos corporais.

Elas amadurecem mais lentamente e mais tarde do que aquelas que vivem em águas rasas. A maioria das espécies de peixes que vivem em águas profundas vive 30 anos ou mais. O peixe-relógio, por outro lado, vive até 150 anos. Este carinha cresce até 7 metros de comprimento e pesa até uma tonelada e meia. Mas ele cresce para ficar tão grande por séculos. Eles começam a procurar parceiros aos 150 anos. E também podem viver muito tempo, pois não existem tantos predadores em tais profundidades. Além disso, não há humanos ou outras coisas que possam perturbá-los ou pôr em perigo sua existência. Em tais profundidades, o ambiente é bastante estável, muitos animais são como fósseis vivos, porque provavelmente não mudaram em milhões de anos.

Os primeiros 200 metros de profundidade do oceano são considerados mar aberto. A maior parte da vida marinha que descobrimos vive lá, já que é a área que o Sol ainda pode alcançar. E então, à medida que vai indo mais fundo, você alcança a Zona do Crepúsculo. Parece que nada vive lá. Mas a cerca de 250 metros você vê um pequeno oásis de vida antiga prosperando. Por exemplo, existem lírios-do-mar, animais que vivem em tais profundezas, inalterados há milhões de anos. Os celacantos, outro fóssil vivo, vivem no oceano há mais de 360 ​​milhões de anos. Os peixes-bruxas também não mudam há muito tempo — mais de 300 milhões de anos. Esta criatura vive em profundidades de 1.700 metros. Eles evoluíram antes do resto dos vertebrados, razão pela qual este é o único animal vivo sem mandíbulas ou espinha, embora ainda tenha um crânio.

As criaturas do fundo do mar não conseguem sobreviver em águas rasas. Elas evoluíram para viver em profundidade sob maior pressão hidrostática. Humanos e outros organismos que possuem espaços internos cheios de gás acabariam esmagados se pudessem ir a tais profundidades. É por isso que os mergulhadores de alto mar sempre precisam usar roupas de mergulho especiais, projetadas para ambientes com maior pressão, mesmo que não sejam tão profundos como as áreas onde esses gigantes vivem.

Mas perto da Antártida, você pode ver o gigantismo bem mais perto da superfície. Como esponjas gigantes, lesmas marinhas, aranhas marinhas do tamanho de um prato raso, vermes e até alguns organismos unicelulares enormes — todos eles tendem a ficar em águas mais rasas. Os cientistas não sabem exatamente o porquê, mas acham que pode ter algo a ver com o oxigênio. Espécies gigantes usam apenas um pouco de oxigênio, e as águas ao redor da Antártida são bastante ricas nele, o que significa que quase não há limite para esses animais crescerem cada vez mais.

De volta às criaturas do fundo do mar. Como mencionado, elas tiveram que se ajustar a uma forte pressão para que quase não tivessem lacunas de ar em seu corpo. Elas são essencialmente à base de água e, como a água é incompressível — o que significa que não é algo que você possa comprimir — as ajuda a permanecerem inalteradas em uma pressão tão alta. Mas, por tudo isso, se subissem em direção à superfície, provavelmente inchariam, talvez até explodissem. Basta olhar para o peixe-bolha, aquele que leva o título de animal mais feio do mundo. Ele parece normal bem abaixo da superfície, onde fica seu habitat natural. Mas quando chega à superfície, onde a pressão é 120 vezes menor, ele muda de forma. O peixe-bolha não tem esqueleto ou músculos, então, sem a alta pressão no fundo do mar, acaba ficando todo mole e frouxo.

As profundezas oceânicas escuras não são apenas assustadoras de assistir, mas também de ouvir. Em 1997, cientistas tentavam encontrar vulcões submarinos localizados na costa sul-americana. Durante suas viagens, gravaram um dos ruídos mais altos já registrados. Foi bem estranho também. Era tão alto que até sensores a mais de 4.800 quilômetros de distância conseguiram captá-lo. Mais tarde, eles o chamaram de “bloop”. Eles levaram 15 anos para concluir que o som vinha de um terremoto de gelo. Isso é quando a atividade sísmica quebra o solo congelado. A água no fundo do oceano nem sempre é extremamente fria. Existem fontes hidrotermais no fundo do mar, e a água que sai delas pode chegar a 400 °C. Uma pressão fortíssima — sim, a mesma que te esmagaria — é algo que não “permite” que a água ferva.

Existem centenas de espécies de animais que vivem perto de fontes hidrotermais do fundo do mar. Algumas delas, como os vermes tubulares, são algo que nunca vimos antes. Esses vermes absorvem produtos químicos de fluidos dos respiradouros. É assim que eles alimentam as bactérias que vivem neles. E, em troca, essas bactérias lhes dão o carbono que eles precisam para sobreviver.

Dois terços de todas as espécies de corais que os cientistas descobriram vivem em partes escuras, profundas e extremamente frias do oceano. Algumas até vivem em partes com 5 quilômetros de profundidade. Elas podem sobreviver em baixas temperaturas, como −2 °C. Alguns desses corais de água fria têm mais de 8.000 anos.

Eles formam estruturas incríveis que podem alcançar até 35 metros de altura.

As profundezas não são apenas um mundo misterioso de criaturas incomuns — a paisagem sob a superfície oceânica também é magnífica! Os desfiladeiros escondidos ali fazem até o Grand Canyon parecer pequeno. Por exemplo, veja aquele localizado no Mar de Bering: o Cânion Zhemchug. Seu relevo vertical tem mais de 2.600 metros de profundidade. Ele é enorme! As maiores ondas do oceano não são aquelas que você pode ver da costa. Elas acontecem sob a superfície e são chamadas de ondas internas. Elas ocorrem entre duas massas de água que têm densidades diferentes, e viajam a velocidades de milhares de quilômetros por hora, podendo ter até 200 metros de altura.

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