Por anos, raspou os pelos até se machucar. Hoje, estampa capas de revistas com orgulho

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Há 2 semanas

A cada ano, mais e mais mulheres estão abandonando a lâmina de barbear e acolhendo seus corpos em seu estado natural. Entre essas defensoras está Esther Calixte-Bea, uma ativista da positividade corporal que abandonou a depilação e exibe orgulhosamente seus pelos no peito. Essa artista serve como uma modelo admirável, convencendo as outras mulheres de que os pelos corporais femininos não são apenas comuns, mas também exalam elegância.

O caminho da autoaceitação

Esther Calixte-Béa, uma ativista dos pelos corporais de Montreal, de origem haitiana e marfinense, herdou uma aparência distinta de seus ancestrais. Desde muito jovem, essa aparência única a fazia se sentir diferente, principalmente devido à sua extrema magreza e à abundância de pelos corporais, que a diferenciavam de seus pares.

"Antes / Depois"

Segundo Esther, seu principal desafio durante os anos escolares não era tanto seu físico, mas a abundância de pelos no corpo, o que a levou a sentir uma profunda aversão a si mesma. Apesar das afirmações diárias ensinadas por sua mãe - "Sou bonita, sou inteligente e sou linda" -, elas não pareciam ser suficientes para aliviar sua angústia. Em um esforço para aliviar seu constrangimento e ganhar mais autoconfiança, foram explorados todos os métodos disponíveis para combater os pelos indesejáveis.

"Eu removia os pelos do meu corpo. É uma lembrança dolorosa"

A batalha de Esther contra os pelos corporais começou quando ela tinha apenas 11 anos. Desde cedo, ela notou uma abundância de pelos em seu peito, em contraste com os das suas colegas. Antes de sair da escola primária, decidiu comprar uma lâmina de barbear para poder usar um vestido sem se sentir envergonhada.

Segundo a própria ativista dos pelos corporais, a depilação rotineira não apenas se mostrou ineficaz, mas também provocou reações adversas em seu corpo: "Acabei ficando com cicatrizes horríveis, com crescimento de pelos mais grossos e escuros e dor." Apesar disso, os membros da sua família insistiam que a beleza exige sacrifício e reforçavam a necessidade de se depilar regularmente para se sentir bonita.

O fato de sua luta contra os pelos corporais não produzir os resultados desejados fez com que Esther se sentisse deprimida. Uma vez na universidade, ela desistiu da tediosa depilação e decidiu simplesmente esconder seu problema sob muitas roupas: "Parei de tentar remover os pelos do peito e simplesmente os mantive escondidos, levantando a camiseta, se ela estivesse muito baixa, e tomando todas as precauções para garantir que ninguém os visse."

Uma mulher confiante com sua beleza

Para evitar a piora da sua depressão, Esther chegou a uma conclusão: ela tinha duas opções. A primeira era continuar a se criticar e a segunda era mudar sua perspectiva sobre a situação e se aceitar com todas as características únicas que a natureza lhe havia dado.

Logo entendeu que suas inseguranças e aversão a todos os pelos de seu corpo não vinham de dentro dela, mas eram influenciadas por pressões sociais. Ela acredita que a sociedade força as mulheres a removerem os pelos do corpo, mantendo-as em um padrão estreito e estereotipado: "As mulheres são ensinadas que ter pelos no corpo não é considerado normal."

Esther levou mais de 10 anos para se apaixonar por seus pelos corporais. Além disso, ela se sentiu capacitada para falar abertamente sobre o assunto e promover a ideia de que os pelos corporais femininos são normais e bonitos.

A recém-criada ativista dos pelos corporais decidiu declarar sua atitude em relação à beleza feminina por meio da arte. Como artista profissional, Esther não viu solução melhor do que falar com o público por meio de sua arte.

O objetivo de suas aparições públicas

Esther Calixte-Bea iniciou seu próprio Projeto Lavanda como um meio de expressar seus pensamentos e quebrar tabus em relação aos pelos corporais femininos. Criando um vestido lavanda reversível, a artista desenhou uma peça de roupa que escondia os pelos do corpo de um lado e os revelava com ousadia do outro. Vestida com essa peça feita à mão, ela montou uma sessão de fotos chamativa, fazendo várias poses para demonstrar sua postura e confiança.

O Instagram se tornou a plataforma ideal para Esther usar imagens para fazer uma declaração ousada sobre si mesma e sua relação com os pelos do corpo. Ela compartilhou uma série de fotos do Projeto Lavanda na rede social, provocando um debate com seu público e dando a ele a chance de também compartilhar suas experiências.

Em uma entrevista, Esther admite que nunca teve um objetivo egoísta por trás de seu projeto, nem tentou conscientemente captar a atenção do público e ganhar popularidade, o que aconteceu após uma série de postagens bem-sucedidas. A enorme resposta de seus fãs é apenas uma prova de que ela não está sozinha nesse problema.

Em 2021, Esther estreou na capa da edição de janeiro da Glamour UK, cujo tema era a autoaceitação. Para a ativista, foi um verdadeiro avanço pessoal. Ela percebeu que conseguiu mudar a opinião pública e quebrar os estereótipos sociais sobre os pelos corporais femininos: "Estou muito orgulhosa da capa".

Desde 2019, Esther exibe orgulhosamente seus pelos corporais e é categórica ao afirmar que os acolheu de todo o coração: "Meus pelos são parte de mim." No entanto, foi apenas em setembro de 2022 que, ela ousou ir à praia de biquíni, superando essa barreira pessoal.

De acordo com Esther, no momento em que se exibiu na praia, ela sentiu olhares de julgamento, mas decidiu responder com um sorriso genuíno e um aceno. Essa etapa crucial permitiu que ela ficasse mais em sintonia com seu corpo e sentisse uma sensação de liberdade nunca experimentada antes.

Você pode passar a vida inteira em salões de beleza ou na fila da cirurgia plástica em busca da aparência perfeita. Mas quando olhamos para a heroína deste artigo, percebemos que há outro caminho, o de se aceitar com todas as idiossincrasias de sua aparência. E essa escolha nos parece ser a mais harmoniosa.

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