Pesquisa mostra como pessoas depressivas e sem depressão identificam expressões faciais de maneiras diferentes

Saúde
há 1 ano

depressão é um tipo de distúrbio mental muito comum e hoje é tido como a principal causa de incapacidade em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É um problema que se manifesta de várias formas e pode causar diferentes sintomas, não fazendo distinção de gênero ou idade e afetando não só o bem-estar, mas também a forma como se enxerga o mundo.

Incrível.club traz para você a tese de doutorado do psicólogo Vinícius Ferreira Borges, da USP-Ribeirão Preto. Ele compara como pessoas com e sem depressão identificam certas expressões faciais básicas e suas razões para isso.

A tese mostrou que parte dos acometidos pela depressão grave com sintomas psicóticos demonstra certa dificuldade para reconhecer emoções básicas por meio de expressões faciais. Mas esse era um fator que poderia estar associado ou não à depressão psicótica. Por isso, Vinícius também avaliou a habilidade de fazer o mesmo em pessoas sem depressão expostas precocemente ao estresse.

A dificuldade maior foi demonstrada justamente pelos pacientes com depressão. Já os que não tinham o distúrbio, mesmo submetidos a níveis de estresse precoce, obtiveram um maior nível de acerto, mesmo em comparação com os adultos saudáveis que não sofreram com estresse precoce.

O desenvolvimento da pesquisa

A pesquisa, como mencionamos, foi realizada na USP-Ribeirão Preto, sob a orientação da professora Cristina Marta Del-Ben. Vinícius trabalhou com 98 participantes de diferentes sexos e históricos de estresse precoce e os dividiu em “chaves”. A primeira categoria separava os pacientes com depressão dos indivíduos sem o problema. A partir dessas, havia uma subdivisão entre aqueles que haviam experienciado estresse precoce e os que não possuíam esse histórico.

No tipo da depressão abordada no estudo, o paciente tem o humor deprimido combinado com sintomas psicóticos, geralmente em forma de alucinações e delírios relacionados à crença de que algo ruim pode acontecer.

Quanto à adequação dos pacientes ao estudo, houve uma bateria de avaliações à qual todos os participantes foram submetidos, sendo elas: uma entrevista diagnóstica padronizada e a aplicação de escalas e questionários sobre a gravidade de sintomas psiquiátricos, funcionamento global e histórico de estresse precoce, entre outros.

Então os participantes foram submetidos a um teste no qual precisavam identificar expressões faciais. Eram mostradas imagens desfocadas de faces apresentando semblantes de neutralidade, medo, raiva e alegria. Os integrantes da pesquisa precisavam atribuir os devidos rótulos a essas faces. Cada uma dessas emoções primárias possui uma expressão específica que a distingue das demais.

A importância do reconhecimento de expressões faciais

A capacidade de perceber e interpretar as expressões faciais é fundamental para a vida social. Está no nosso código genético entender que a raiva na face de alguém é uma pista que nos ajuda a evitar situações de conflito. Ou que a alegria indica que não há problemas. Ou ainda que o medo pode indicar a existência de uma ameaça que ainda não identificamos. São métodos não-verbais utilizados desde os primórdios da humanidade, relacionados à sobrevivência e à adequação social.

O resultado

Os pacientes com depressão associada ao estresse precoce foram os que obtiveram o pior resultado. A expressão facial correspondente à alegria era constantemente confundida com a demonstração de raiva, podendo estar ligada à uma “visão de mundo” mais hostil.

Entretanto, os pacientes que não desenvolveram depressão na vida adulta, mas ainda assim sofreram estresse precoce, obtiveram os melhores resultados. Na verdade, quanto maior a gravidade de tal estresse, maior era a taxa de acertos da expressão de alegria, mesmo em comparação com os saudáveis que não passaram por esse problema. Já no caso dos depressivos, quanto maior era a gravidade do estresse, pior se mostravam os resultados de detecção de alegria.

Os resultados finais foram bem claros. As pessoas com mais resiliência, que “comeram o pão que o diabo amassou” e ainda assim se recuperaram, têm a tendência de reconhecer com mais facilidade a expressão de alegria. Isso demonstra que, como diz um ditado, às vezes é preciso ter conhecido o inferno para se poder apreciar o céu.

Você acha que se daria bem nesse teste? Já passou por algo e não se deixou abater? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!

Comentários

Receber notificações
Sorte sua! Este tópico está vazio, o que significa que você poderá ser o primeiro a comentar. Vá em frente!

Artigos relacionados