Os aviões do futuro reduzirão o tempo de voo pela metade, mas há um porém

Curiosidades
há 6 meses

Então você decola do aeroporto de Nova York rumo a Londres. O avião ganha altitude e depois você é subitamente pressionado contra seu assento. Dá pra sentir a aeronave ganhando cada vez mais velocidade. E aí... Bum! Tá tudo certo. Esse “bum!” significa simplesmente que você ultrapassou a velocidade do som e que agora está viajando mais rápido do que 1.234 quilômetros por hora.

Nessa velocidade, o trajeto que atravessa o Oceano Atlântico com destino a Londres leva cerca de cinco horas. Para se ter uma ideia, os aviões subsônicos convencionais, como o Boeing 747, conseguem cruzar o oceano em cerca de oito horas e meia. Hoje em dia, temos uma aeronave supersônica não comercial. Uma das mais famosas foi a Lockheed SR-71. Ela era tão comprida quanto uma limusine, e pesava o equivalente a 10 SUVs. Esse avião estabeleceu um recorde mundial para velocidade no ar: 3.530 quilômetros por hora! Nesse ritmo, ele poderia dar a volta no planeta em 10 horas. E faria nosso trajeto de Nova York a Londres em apenas 1 hora e 54 minutos.

Então, viajar na velocidade do som parece uma ótima ideia. Às vezes, muitas pessoas passam 3 horas por dia presas em engarrafamentos no trajeto para o trabalho. Imagine poder viajar entre os continentes nesse tempo! O supersônico Concorde foi feito para isso. Ele tinha o tamanho de pouco mais de meio campo de futebol e uma envergadura de asas do tamanho de uma quadra de basquete. Vazio, o Concorde pesava quase o dobro do Boeing 737, e conseguia carregar cerca de 100 passageiros. Era capaz de alcançar mais que o dobro da velocidade do som, mas para isso gastava uma quantidade gigantesca de combustível.

O astro dos voos transatlânticos, o Boeing 747 de dois andares, queimava cerca de 4 litros de combustível por passageiro a cada 130 km percorridos. O Concorde consumia 4 litros por passageiro em apenas 30 km percorridos. Considerando os preços dos combustíveis, as passagens para o Concorde custavam quase cinco vezes mais do que as de um avião comum. E embora pudesse voar duas vezes mais rápido, não tinha permissão para fazer isso.

Essa proibição tem a ver com o bum sônico. Quando uma aeronave passa da velocidade do som, ondas de choque surgem em seu nariz e cauda. Elas se fundem em uma só e depois chegam ao solo. E esse bum supersônico não surge apenas no momento em que o avião alcança a velocidade supersônica. Ele continua. Então, quando o Concorde voava em velocidade máxima, fazia um som parecido com um batuque constante de tambores. Para se ter ideia do nível do barulho, basta encostar seu ouvido na parede e pedir a um amigo para começar a furar do outro lado com uma furadeira. Agora ficou óbvio por que o Concorde foi proibido de voar mais rápido do que a velocidade do som sobre a terra, né? Ele só podia usar sua potência máxima quando estava sobrevoando o mar.

Quando viajamos, perdemos muito tempo para o deslocamento até o aeroporto, depois fazendo o check-in, passando pelo controle de passaporte e esperando o embarque. Depois, temos que passar pelo controle de passaporte em outro país, pegar as bagagens e nos deslocarmos até o destino final. Isso tudo leva muito tempo, e voar em alta velocidade não faz tanta diferença. Então, o Concorde era ineficiente, caro e barulhento. Em pouco tempo, os aviões supersônicos caíram em desuso e ficaram parados por décadas. Mas há a possibilidade de que voltem a operar em breve.

Aerion AS2. É um jato particular supersônico que está em desenvolvimento. Ele tem o comprimento de 3 ônibus escolares norte-americanos e uma envergadura de asas quase igual à do Concorde. Conseguirá chegar a quase 1.500 km/h e fazer o trajeto Nova York/Los Angeles/Nova York. Os motores modernos têm baixo consumo de combustível e são menos barulhentos. Mas o bum supersônico ainda é um problema.

NASA está desenvolvendo a aeronave experimental X-59 QUESST para estudar como lidar com as ondas supersônicas. O avião é um pouco maior que um vagão de trem, com envergadura do tamanho de uma limusine. Espera-se que ele voe a pouco mais 1.500 km por hora, a uma altitude de mais de 17 mil e 700 metros. Isso é uma vez e meia mais alto do que as aeronaves comerciais convencionais voam. Seu formato estreito e asas pequenas perto da cabine foram feitos para impedir o surgimento de ondas sonoras. E a distância maior do solo deve dar tempo para as ondas sonoras diminuírem. Os engenheiros esperam que o volume do bum supersônico seja de cerca de 60 decibéis. Isso é mil vezes mais silencioso do que o Concorde. E não dará a impressão de que há uma furadeira atrás da parede — o som será parecido com o de uma máquina de lavar.

Se os engenheiros solucionarem o problema do barulhão e permitirem que os aviões voem a velocidades supersônicas acima do solo, conseguirão fazer o trajeto de Nova York a Los Angeles em duas horas e meia, em vez das 6 horas habituais. Uma aeronave como a Aerion AS2 custa a partir de 120 milhões de dólares, 12 vezes mais do que um Cessna CJ4, por exemplo, que gasta menos combustível e tem a mesma capacidade de passageiros. Mas o gigante Airbus A320 tem sido comprado como jato particular por 500 milhões de dólares. Então, se o seu tempo for precioso e você quiser chegar logo ao seu destino, é só comprar um avião supersônico.

O próximo candidato supersônico para passageiros é o Spike S-512 Supersonic Business Jet. Esse bimotor é quase tão grande quanto um Boeing 737, com cerca de 18 metros de envergadura de asas. E muito mais veloz do que o Aerion AS2. O Spike tem velocidade máxima de cerca de 1.770 km por hora. Isso é 720 km por hora mais rápido do que os aviões convencionais. Os fabricantes prometem que essa aeronave consegue viajar de Nova York a Londres em 3 ou 4 horas. De Nova York a Tóquio em 6 horas, em vez das 12 convencionais. De Nova York ao Alasca em 3 horas, em vez de 6. E de Nova York a Dubai em seis horas e meia, em vez de 12.

As asas com formato em V, e a fuselagem comprida e estreita, tornam isso possível. Outra caraterística aerodinâmica importante é a falta de janelas. Para que os passageiros não fiquem no escuro, há painéis de TV por todo o interior da aeronave. Essas telas vão mostrar imagens das câmeras ao redor dela. Então, você terá a mesma vista de uma janela convencional.

Mas o Spike só consegue carregar 18 passageiros por vez. É aí que a empresa Boom Tecnologies entra. O avião deles é bem parecido com o Concorde, com asas e fuselagem comprida. Ele consegue carregar até 55 passageiros. Dois motores são colocados nelas, e mais um na cauda. Juntos, eles impulsionam a máquina para voar a mais de mil e setecentos km por hora. São motores Turbofan, como nos aviões convencionais. Então, não usarão dispositivos de pós-combustão, fazendo menos barulho.

O recurso de pós-combustão é usado nos motores para criar um impulso extra. O combustível pode não se queimar totalmente no motor, mas o gás de escape, sim. Então, ele é aceso novamente, e dá pra ver o fogo logo atrás do motor. Dessa maneira, o custo de manutenção é de um quarto do valor gasto para manter um Concorde. Uma nova versão desse avião pode conseguir transportar de 68 a 88 passageiros. E os fabricantes da Boom esperam que os preços das passagens sejam os mesmos de um voo de classe executiva.

Por ora, os supersônicos fazem barulho demais, então só podem usar sua potência máxima sobre os mares. Considerando que há cerca de 1.750 voos todos os dias que atravessam só o Oceano Atlântico, os supersônicos podem poupar muito tempo de viagem. Agora, se você estiver à procura de um avião que voe em silêncio total, vale a pena dar uma olhada nos elétricos, como o Eviation Alice. Trata-se de um jato particular equipado com três motores elétricos. A decolagem e pouso são feitos sem aquele barulho característico da queima de combustível nos motores, e ele não precisa de pistas longas. Então, os aeroportos para aeronaves particulares podem ficar localizados bem no meio da cidade. Isso reduziria significativamente o tempo de viagem até o aeroporto.

Outra coisa: o custo de manutenção do Eviation Alice é super baixo. São 200 dólares por hora de voo, comparado com os mil dólares por hora dos jatos particulares. As desvantagens desse modelo são a velocidade e o alcance. Com uma única carga, o Eviation Alice consegue percorrer cerca de mil quilômetros. Isso é como viajar de Nova York para Detroit. E a velocidade máxima é de pouco mais de 400 km por hora, mais lento do que alguns carros esportivos. Metade de todos os voos do mundo é de menos de 800 km. Então, esse avião elétrico poderia ser um bom substituto para os gigantes queimadores de combustível. Só precisaríamos providenciar uma boa rede de aeroportos e de estações para recarregá-los. Isso poderia ser feito nos cerca de dois mil aeroportos abandonados que existem atualmente. Então, você poderia embarcar em um avião como se fosse em um ônibus, e ele o levaria ao seu destino.

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