O Sol está crescendo, e Plutão pode ser a nova Terra

Curiosidades
há 7 meses

Este é Netuno. A próxima parada é em Plutão. Mantenha distância das portas, por favor. Um dia, com as tecnologias de ponta do futuro, uma viagem de Netuno a Plutão não irá durar muito mais do que um passeio da Times Square até o Parque Bryant hoje. Há montanhas gigantes de gelo em Plutão, vales que se estendem para além do alcance dos nossos olhos, crateras de mais de 250 quilômetros que são quase do tamanho da maior cratera da Terra, mas nenhuma vida.

Os motivos são óbvios: a enorme distância entre Plutão e o Sol garante temperaturas congelantes nesse planeta anão. Isso também gera uma viagem de alguns bilhões de quilômetros. Além disso, ele é menor do que a Lua, então ficaria cheio rapidinho se as pessoas se mudassem para lá. Mesmo assim, existe uma coisa que torna a vida ali não tão absurda.

O Sol tem uma vida útil, e esta tem ciclos. Nosso sistema solar não era nada além de uma nuvem de gás e poeira. Como resultado de um colapso gravitacional no centro dessa nuvem, o gás e a poeira começaram a se acumular em locais específicos, e mais densos. Eles puxaram cada vez mais matéria com o passar do tempo, e uma coisa chamada conservação de momentum angular fez a massa começar a girar e se aquecer, por causa da imensa pressão.

Mais tarde, surgiu um disco parecido com os anéis de Saturno, mas feito de substâncias totalmente diferentes. E bem no centro apareceu uma bola, que pouco depois se tornou o Sol. Uma protoestrela é uma estrela jovem que ainda está juntando sua massa, e é exatamente isso que o Sol era antes das temperaturas e pressão dentro dele acenderem seu núcleo. Milhões de anos depois, ele se tornou o Sol que conhecemos hoje, mas não ficará assim por muito tempo. Ele se aquecerá ainda mais, e em algum momento do futuro se tornará maior e mais denso, se transformando em um gigante vermelho.

Um dia, o Sol pode se tornar grande o suficiente para engolir Vênus e Mercúrio. E é bem provável que faça o mesmo com o nosso planeta. Mesmo que não devore a Terra, ele pode chegar perto o suficiente para encostar em nós. Se isso acontecesse, a vida por aqui seria extinta de vez. Mas aí, em poucos minutos o Sol perderia cerca de 40% de sua massa, e encolheria cerca de 10 vezes. Então, ele já não seria tão brilhante e nem tão quente quanto antes.

À essa altura, a Terra já estaria deserta. As pessoas poderiam querer viajar pelo espaço ou se instalar em outro planeta, onde a vida seja possível, como o exoplaneta Kepler-62f, que é ainda maior do que aqui. Enquanto tudo isso acontecesse, Plutão estaria mudando. Antes, todos os recursos estavam congelados dentro dele. Água, gases como metano, monóxido de carbono... e muitos outros!

Mas enquanto o Sol estivesse alcançando o pico de sua luminosidade, Plutão estaria se aquecendo aos poucos, e perdendo muito do que tem para a vastidão do espaço. Ao mesmo tempo, uma atmosfera se formaria. Se ela ficasse espessa o suficiente, criaria condições favoráveis à vida. Aí, em vez de espaçonaves, uma minúscula porcentagem de nós conseguiria criar colônias no planeta anão.

A temperatura seria confortável lá, com um clima onde daria pra usar apenas uma camiseta! O local até se pareceria um pouco com a Terra. Cânions cheios de água, campos intermináveis com árvores, muito espaço para correr e fontes de água potável no chão, boas o suficiente para beber.

As rotações de Plutão são diferentes das da Terra. Um dia terrestre dura 24 horas, e às vezes ainda parece que não vai terminar nunca. Mas em Plutão esse período é de 153 horas, pois ele está bem distante do Sol. Após muitas horas sem dormir, ficamos cansados, e nossos olhos ficam vermelhos. Isso significa que teríamos que tirar vários cochilos durante o dia em Plutão.

Um ano em Plutão equivale a 248 na Terra. A menos que possamos inventar algum tipo de tecnologia para viver tanto, nossa vida duraria menos de seis meses no planeta anão! Então, as casas por lá precisariam ser equipadas com câmaras de criogenia. Sempre que você sentisse vontade de dormir por um bom tempo, bastaria pular para dentro dela e só acordaria 50 dias plutônicos depois.

No planeta anão haveria também mares e praias, como uma mini Terra, só que bem distante dela. A comida poderia ser mais gostosa. Provavelmente encontraríamos uma forma de tornar os ingredientes mais saborosos e até tentaríamos cultivá-los mais rápido durante a viagem. Você plantaria uma cenoura e dias depois ela estaria pronta para ir para o seu prato! Poderia haver também novos ingredientes para nossas saladas em Plutão. Talvez cogumelos de 2 metros de altura, que nunca vimos visto antes.

Os animais que levaríamos conosco na viagem seriam soltos em seu novo lar para sempre e, com o tempo, eles evoluiriam e se adaptariam ao novo ambiente. A lei da selva mudaria um pouco também. Os leões certamente não seriam mais reis, e sim os cervos! As galhadas deles teriam o dobro do tamanho atual, o que não é de estranhar. A maioria dos animais que já estivessem no planeta costumariam viver debaixo d’água, mas com o tempo os anfíbios começariam a ir para a superfície, assim como aconteceu na Terra em seus primeiros anos de vida.

Mas Plutão seria apenas um lar temporário. Assim que o Sol alcançar sua fase final, esse planeta ficará congelado e sem vida de novo. As pessoas, então, precisariam encontrar outro planeta na zona habitável de outra galáxia. Essa região deve ter uma distância apropriada de uma estrela como o Sol, e temperaturas perfeitas para que a água fique em estado líquido. Esse é o critério que os cientistas usam quando estão à procura de outros planetas que possam sustentar a vida.

Podemos tentar estabelecer novas colônias em um planeta assim, ou até tentar criar nosso próprio lar artificial, que pode não ser um planeta, nem uma espaçonave, mas uma mistura dos dois. Alguma coisa grande construída no espaço, como uma roda com gravidade onde quer que estejamos, para não cairmos. Ela flutuaria no espaço rumo ao novo exoplaneta, e seria capaz de manter estados inteiros dentro de si.

Essa viagem toda poderia acontecer simplesmente porque o Sol cresceu demais, e aí, por ter atingido o pico de seu ciclo de vida, finalmente se tornaria uma anã branca. Seria uma longa jornada, e gerações inteiras nasceriam ali. Você poderia escolher — dormir durante todo o trajeto até que os humanos finalmente chegassem a seu novo exoplaneta, ou aproveitar a viagem nessa fantástica espaçonave. E haveria de tudo um pouco a bordo: shoppings maiores do que os da Terra, cidades futurísticas gigantes e até lugares para plantar — campos com um solo rico, produzido artificialmente. E por fim, após uma longa jornada, o exoplaneta.

Ele seria até melhor do que a Terra. Gigante e com mais continentes, cujo centro não é tão longe dos oceanos, o que significa que não haveria muitas regiões desérticas. Embora o Sol desse planeta seja uma anã laranja, não é tão quente quanto nossa anã amarela de hoje. É um pouco menor, mas com um detalhe — as anãs laranjas vivem mais. Elas continuam estáveis entre 15 bilhões e 45 bilhões de anos.

Apesar disso, esse novo planeta seria cheio de florestas tropicais, pois é mais quente. Isso possibilitaria a existência de mais biodiversidade e criaturas nunca antes vistas. Mesmo se nada de lá fosse apropriado para nós, daria pra tentar terraformá-lo. Se pegarmos Marte como exemplo, poderíamos criar um efeito estufa esmagando cometas ricos em gelo e liberando amônia para tornar o planeta mais quente.

Poderíamos também plantar árvores. Provavelmente precisaríamos de solo terrestre para fazer isso, ou teríamos que modificar o de Marte para torná-lo parecido com o nosso. Em pouco tempo, a atmosfera se tornaria bastante parecida com a que temos aqui. Conseguiríamos respirar lá também, por causa das árvores. Aí, seria só derreter as calotas polares e, tchã-rã: água! O problema é que os ventos solares e as explosões do sol poderiam tirá-la da atmosfera tão rápido quanto a criamos, senão mais rápido.

Lá também não existe magnetosfera, ou seja, não teríamos proteção da radiação. Então, a longo prazo, Marte não seria uma boa escolha. Talvez, na vastidão do espaço sideral, haja outro planeta, perfeito, à nossa espera.

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