O Que Está Escondido Debaixo da Mancha Vermelha de Júpiter?
A maior velocidade do vento já registrada na Terra foi relacionada a uma rajada de furacão. Em 10 de abril de 1996, o ciclone tropical Olivia estava passando pela Ilha de Barrow, na Austrália Ocidental.
A tempestade rapidamente atingiu a velocidade de um furacão de categoria 4 — 408 quilômetros por hora! Isso é mais rápido do que um carro de corrida da Fórmula Um. Provavelmente, você pode imaginar os danos que um vento assim pode causar.
A única tempestade de vento mais rápida que isso é um tornado. O ar dentro de um redemoinho pode se mover a uma velocidade de 480 quilômetros por hora! Infelizmente, não há uma maneira segura de medir os ventos de tornados, pois os instrumentos meteorológicos nunca sobrevivem à experiência. Ah, e lamber o dedo e colocá-lo pra cima, contra o vento, para medir a velocidade, também não é uma boa ideia aqui, a menos que você não se importe de perder o braço, ou pior.
Aqui estão mais alguns números: 56 quilômetros por hora e mais — essa é a velocidade média de uma nevasca. De 80 a 105 quilômetros por hora é a velocidade com que se move uma tempestade forte. Mais de 120 quilômetros por hora é a velocidade de um poderoso furacão tropical.
Até 650 quilômetros por hora... espere, velocidades de vento desse porte existem?! Sim — mas você precisa viajar para Júpiter para ver uma tempestade tão veloz!
A Grande Mancha Vermelha é uma enorme tempestade que assola o hemisfério sul do gigante gasoso. Suas partes superiores se elevam a mais de 8 quilômetros acima do topo das nuvens ao redor. A tempestade é quase três vezes maior que o nosso planeta.
Em 2017, a sonda espacial Juno da NASA conseguiu coletar muitos dados sobre a Mancha Vermelha. E descobriu-se que essa tempestade monstruosa penetra mais de 320 quilômetros na atmosfera do planeta.
Isso é de 30 a 100 vezes mais profundo do que qualquer oceano na Terra! Mas, como essas medições eram provavelmente imprecisas, as verdadeiras raízes da tempestade podem estar chegando ainda mais fundo!
A Grande Mancha Vermelha é mais fria do que o resto da atmosfera. E as temperaturas de Júpiter são de −150 graus Celsius em suas camadas superiores de nuvens! Quanto mais próximo do núcleo, mais quente fica.
Mas as temperaturas mais altas já registradas no planeta foram na atmosfera logo acima da Grande Mancha Vermelha! Lá, o calor pode chegar a 1.300 graus Celsius — o que é mais quente do que a lava no nosso planeta.
As condições extremas e turbulência da tempestade produzem ondas gravitacionais e sonoras. Essas ondas podem ser responsáveis pelo superaquecimento. A própria tempestade também é mais quente na sua parte inferior do que no topo.
Se você se encontrasse no centro, não ficaria muito impressionado. Mas nas bordas, a velocidade do vento chega a algo entre 480 a 680 quilômetros por hora! Isso é mais rápido do que os tornados da Terra!
Agora, isso ajudará você a imaginar a imensa força desses ventos. Na Terra, o vento não precisa ser mais rápido do que 100 quilômetros por hora para erguer uma pessoa com peso de 80 quilos do solo.
Um vento de 120 quilômetros por hora pode arrancar grandes árvores, arrebatar telhados, quebrar janelas e virar casas móveis. Quando a velocidade do vento atinge 240 quilômetros por hora, ele pode fazer carros voar.
Agora imagine a destruição que uma tempestade tão poderosa quanto a Grande Mancha Vermelha pode causar no nosso planeta! Mas poderia tal anticiclone enorme ocorrer na Terra? Felizmente, não.
Nosso planeta não possui as condições únicas necessárias para a formação de uma tempestade assim. Os cientistas enfrentaram muitos desafios quando tentaram entender o mistério que era a Grande Mancha Vermelha.
E foi principalmente por culpa do planeta natal da tempestade. É mais de mil vezes maior que a Terra e mais de trezentas vezes mais massivo. Júpiter é um gigante gasoso — o que significa que consiste principalmente em: preencha o espaço em branco.
Em torno do núcleo do planeta, existe um oceano de hidrogênio líquido. E a atmosfera também é composta principalmente de hidrogênio e hélio.
Isso significa que Júpiter não tem nenhum solo sólido — a única coisa que poderia enfraquecer a tempestade. Sem qualquer atrito, a tempestade já se agita há séculos.
Os gases quentes na atmosfera do planeta estão sempre se movendo — subindo, descendo e girando. Assim como em nosso planeta, quando gases mais frios e mais quentes se misturam e se fundem, eles formam tempestades gigantescas.
Os astrônomos acreditam que uma vez, várias tempestades enormes se juntaram e criaram a Grande Mancha Vermelha. E agora, ela continua furiosa, puxando constantemente gases frios de baixo e gases quentes de cima.
Além disso, esta tempestade monstruosa absorve outros vórtices menores. Eles tornam a Grande Mancha Vermelha ainda mais poderosa.
Infelizmente, nuvens espessas em Júpiter não permitem que as pessoas vejam o que está acontecendo na baixa atmosfera do planeta. Os astrônomos têm especulado sobre o que pode estar sob a Grande Mancha Vermelha há décadas.
Será um vulcão enorme? Improvável. Júpiter é principalmente gás. É por isso que não tem uma crosta que possa rachar e liberar coisas escaldantes do interior do planeta.
Várias teorias tentam explicar porque a tempestade tem sua cor característica. Varia do salmão esbranquiçado e pálido ao laranja e vermelho tijolo. Alguns cientistas acreditam que a resposta esteja abaixo da Grande Mancha Vermelha — mais perto da “superfície” do planeta.
Uma camada incolor de hidrossulfeto de amônio pode estar reagindo com os raios cósmicos ou a radiação ultravioleta vinda do sol. Isso de alguma forma dá à mancha sua bela cor vermelha. Mas até agora, essa é apenas uma teoria.
Astrônomos observam a Grande Mancha Vermelha desde 1830. E a tempestade foi vista pela primeira vez em 1665 e descrita como a “Mancha Permanente”. Em outras palavras, a tempestade tem quase 400 anos!
Estranhamente, ela está diminuindo de tamanho desde o início do século XXI. Em 2019, começou a “descamar” nas bordas, com pedaços menores se quebrando e desaparecendo.
Se esse processo continuar, em 2040, a Grande Mancha Vermelha se tornará circular! Ou poderá desaparecer completamente. A tempestade não está apenas ficando menor — também está ficando mais alta e adquirindo um tom laranja mais intenso. No entanto, não está totalmente claro por que isso está acontecendo.
Pode ser devido a uma reação química — ela ocorre quando algum novo material sobe para as camadas superiores da atmosfera, vindo de baixo.
A Grande Mancha Vermelha pode ser a tempestade mais famosa do Sistema Solar, mas não é a única.
Mesmo em Júpiter, existe uma Mancha Vermelha Júnior um pouco menos conhecida — mais um anticiclone, mas de tamanho menor. Bom, quando digo menor, quero dizer que a coisa não é tão grande quanto sua irmã mais velha.
Mas ainda assim é quase do tamanho da Terra. Recentemente, a maior velocidade do vento dentro da Mancha Vermelha Júnior aumentou para 644 quilômetros por hora!
Uma tempestade do tamanho do nosso planeta assola Saturno. Chama-se a Grande Mancha Branca. Essa tempestade tem uma cauda de nuvens brancas circundando todo o planeta! Ela ocorre, mais ou menos, a cada 30 anos — quando o hemisfério norte de Saturno se inclina em direção ao sol.
Ela realmente começa como um ponto. Depois se estende em comprimento. Os astrônomos descobriram que a Grande Mancha Branca é, na verdade, um enorme sistema de tempestades. No pico da tempestade, os relâmpagos podem ocorrer mais de 10 vezes por segundo!
Mas, qual é o mistério da Grande Mancha Branca? É de onde vem a sua energia. Alguns cientistas acham que ela pode ser alimentada pelo sol.
Outros argumentam que o padrão de nuvens da tempestade só faz sentido se houver uma fonte interna de calor que possa alimentar os ventos.
Grandes Manchas Escuras em Netuno são tempestades massivas que se formam em áreas com alta pressão atmosférica. Isso é diferente na Terra — aqui, as tempestades surgem quando a pressão está baixa.
Em torno das bordas das manchas, a velocidade do vento pode chegar a 2.100 quilômetros por hora! Os astrônomos observaram seis manchas escuras em Netuno até agora.
Essas poderosas tempestades nascem nas profundezas da atmosfera do planeta. E quanto mais profunda é a tempestade, mais brilhantes são as nuvens de metano ao seu redor.
Outra tempestade do tamanho de um monstro que assola Saturno se parece muito com um furacão ou tufão em nosso planeta. Ela tem um olho e nuvens em espiral ao seu redor.
Mas, em comparação com os furacões da Terra, o do planeta anelado é gigante! Em Saturno, o olho da tempestade tem até 2.000 quilômetros de diâmetro.
As nuvens brilhantes próximas às bordas do furacão estão se movendo a uma velocidade de 530 quilômetros por hora! Mas uma das coisas mais incomuns dessa tempestade é a sua forma. Possui seis lados e é conhecida como hexágono.
Quando os astrônomos viram as primeiras imagens com o vórtice, ficaram surpresos. A coisa era muito semelhante às nossas tempestades!
E ainda assim, aquela que gira em Saturno tem um olho que é quase 20 vezes maior do que qualquer um já visto na Terra. A tempestade também se move 4 vezes mais rápido do que os ventos dos furacões no nosso planeta.
A atmosfera de Saturno tem pouco vapor de água. Como a bizarra tempestade hexagonal existe em tais condições é um mistério.
Além disso, ao contrário dos furacões em constante deriva na Terra, o de Saturno parece não ter para onde ir. Por alguma razão inexplicável, ele está preso no polo norte do planeta. Ooh, será que tem um Papai Noel em Saturno?