O catador de latinhas que se transformou em empresário milionário

Gente
há 1 ano

Existem tantas histórias lindas de superação mundo afora e uma delas é do empresário brasileiro Geraldo Rufino, fundador da JR Diesel. A trajetória dele envolve simplicidade, otimismo e muita dedicação.

Ele foi à falência várias vezes e mesmo assim não desistiu. A equipe do Incrível.club conta os detalhes de como Geraldo deixou a vida na favela até se transformar em proprietário da maior empresa de reciclagem de caminhões e distribuidora de peças do Brasil e da América Latina, com faturamento de 50 milhões de reais por ano.

Na favela fez escolhas que mudaram sua trajetória para sempre

Natural de Campos Altos, Minas Gerais, ainda na infância Geraldo e sua família se mudaram para a favela do Sapé, zona oeste da capital paulista depois que o pai perdeu a lavoura devido a uma geada. O empresário é o caçula de sete irmãos. Geraldo começou a trabalhar aos 8 anos ensacando carvão, e, com meio salário mínimo, ele conseguia garantir o café da manhã da família. Essa inicial conquista financeira o fazia sentir-se importante.

Geraldo queria conseguir cuidar dos seus cada vez mais, por isso, ao observar que as crianças que ele conhecia tinham bons chinelos resolveu descobrir como elas faziam para tê-los. Ele seguiu o exemplo dessas crianças e decidiu trabalhar no lixão a céu acerto. Ali encontrava de tudo, desde comida embaladinha até objetos que eles poderiam usar ou até mesmo vender, como as latinhas.

“Na favela fazemos escolhas. Foi a vivência trabalhando no lixão por dois anos que me fez adquirir anticorpos. Copiava o exemplo dos meninos que carregavam marmita”. Geraldo escolheu inspirar-se em quem ganhava dinheiro licitamente e também tinha uma vida mais longa. Essas experiências de vida, ele acredita que o tornou uma pessoa resiliente com anticorpos para enxergar os problemas de uma maneira mais otimista.

Ele quebrou seis vezes, mas tirou do fracasso forças para recomeçar

Geraldo e seu irmão José retiravam do lixão as latinhas e uma das irmãs as vendia. O lucro das crianças era todo guardado dentro de uma lata de leite que as crianças enterravam em um terreno baldio. Certo dia, a prefeitura limpou o local e assim o dinheiro foi perdido.

Ainda assim os irmãos não desistiram. Eles bolaram uma Sessão da Tarde para o público infantil. O ingresso incluía além do direito de ver o filme na casa deles, o arroz-doce e pipoca. Depois desse negócio eles ainda criaram outros, como carrinhos de madeira alugados, um campo de futebol que cobravam aluguel e barraca de frutas na feira.

O dinheiro das economias deles continuava a ser guardado em latinhas, mas não era mais enterrado. A família tinha um bar e o assoalho era o esconderijo. O dinheiro foi embora pela segunda vez ao emprestar dinheiro para o pai. E quem disse que nosso personagem desistiu? Ele conseguiu um emprego de office boy em uma famosa empresa de parque de diversões (Playcenter). Esse trabalho também foi fundamental para a pessoa que Geraldo se transformou.

Para conseguir o emprego, a empresa pediu que ele estudasse. Além do conhecimento teórico, ele juntou dinheiro novamente e comprou um carro, um Fusca aos 16 anos. No Playcenter ele atuou de office boy a gerente e depois diretor de rede. Paralelamente ao trabalho no parque de diversões, auxiliou seu irmão José, comprando uma Kombi para carretos e excursões. O lucro do negócio foi usado para adquirir um segundo veículo. O tempo foi passando e a empresa se transformando: Geraldo comprou caminhões de caçamba para transportar materiais de construção.

O negócio dos irmãos ia bem, mas Geraldo continuava com ambos trabalhos: no Playcenter e atuando com José nos transportes. Eles passaram por outra quebra financeira após um acidente envolvendo todos os caminhões. Geraldo quis manter a credibilidade acima de qualquer coisa, por isso, desmontou os veículos batidos e vendeu as peças para conseguir terminar de pagá-los.

Foi assim que a JR Diesel nasceu. A ideia era aproveitar essa lacuna e vender peças de veículos, uma espécie de desmanche de maneira legalizada. Reciclar veículos tornou-se especialidade deles. Ainda assim, Geraldo prosseguia no Playcenter paralelamente. A empresa começou a ter resultados positivos, mas seus irmãos perderam o foco da empresa e a falência surgiu novamente no caminho deles.

Os irmãos precisavam de Geraldo, por isso, ele pediu uma licença no Playcenter e colocou a JR Diesel em ordem. O tempo passou, a empresa foi reorganizada e os resultados positivos começaram a aparecer. Uma empresa estrangeira fez uma proposta de parceria, surgindo assim a JR Veículos, mas a empresa deixou o Brasil e Geraldo ficou novamente em apuros. Eles quebraram de novo e dessa vez Geraldo tinha uma dívida de 16 milhões de reais.

O tempo e os erros foram professores para Geraldo, que persistiu e fez da JR Diesel líder no seu setor. O faturamento da empresa é de 50 milhões de reais por ano.

Networking que começa em casa

O sucesso profissional e financeiro se fizeram presentes da vida de Geraldo, que pratica o networking em diversos ambientes, inclusive em casa, com a família. Geraldo é casado há mais de 40 anos com Marlene Rufino. Juntos eles formaram sua família de três filhos e seis netos.

“Levo café da manhã na cama para minha esposa. Networking é isso, conquistar pessoas. É necessário treinar essa habilidade”. Para Geraldo, a vontade de servir tem de ser verdadeira. Figura carismática, ele acredita que o sorriso pode possibilitar muitas coisas, inclusive o sucesso profissional, desde que você seja bom para o outro agindo com simpatia e sinceridade.

A mãe foi a mentora dele e o pai alguém de quem cuidou com muito carinho

Geraldo era muito pequeno quando sua mãe faleceu. Ele tinha apenas 7 anos, mas os ensinamentos dela estão vivos em sua memória. Foi com a mãe que ele aprendeu a servir o próximo, a cuidar das pessoas e também a ter um olhar mais otimista, sabendo que a vida oferece sempre uma segunda oportunidade. Basta olhar a natureza para perceber.

Certa vez a mãe mostrou aos filhos que os raios de sol entrando pelas frestas do barraco de madeira deles simbolizava que a luz do dia começava. Assim, cheios de energia e esperança, era possível recomeçar, ir à luta, sem fugir dos problemas. Sua mãe também o ensinou o que é generosidade, ao mostrar para o filho que era possível pegar alimentos na feira na hora da xepa e dividi-los com os vizinhos.

Pelo pai nutria uma paixão e queria cuidar dele, que era pedreiro e tinha um boteco. “Meu pai não tinha juízo. Se casou dez vezes”. Ele faleceu com mais de 100 anos. Geraldo conseguiu proporcionar ao pai, já no final da vida, uma vida em uma fazenda que lhe fazia lembrar a cidade deles em Minas Gerais.

Com o lixo ficou milionário, mas não somente de dinheiro; lá encontrou uma preciosidade em sua vida

Foi no lixo, algo tão desprezado por alguns, que Geraldo encontrou a oportunidade de negócio, aliado aos aprendizados obtidos na vida, com inúmeros erros e acertos. A jornada trabalhando no parque de diversões também foi fundamental, bem como o olhar sensível para a vida.

O encontro com Gabriela, sua filha, ocorreu nessas condições. O maior diamante que ele poderia encontrar estava ali: um bebê prematuro de 7 meses, recebido com todo o amor pela família. “A minha filha é a cereja do meu bolo. A polícia já tinha a levado embora após ser deixada no lugar que se põe lixo, naquelas cestinhas, mas fui atrás até conseguir encontrá-la e levá-la para casa”.

Escritor e palestrante de sucesso com milhares de seguidores nas redes sociais

Geraldo Rufino é um fenômeno. Suas histórias e experiências acumuladas são fonte de inspiração para muitos. Foi por isso que decidiu escrever livros e ser palestrante. Contar sua história para outras pessoas pode tocá-las e também pode ser um caminho que leve à construção de mudanças.

Ele foi palestrante no TEDx e participou de mais de 300 palestras pelo país afora, além de ser destaque na imprensa e ter nas redes sociais 1,2 milhão de seguidores somente no Instagram. Além disso, Geraldo foi eleito uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina, pela Bloomberg Línea. Bacana, não?

Ele mudou de endereço, mas não abandonou seus valores

Geraldo Rufino é um homem simples. Cuidar do próximo é uma de suas missões. Mesmo tendo ficado milionário ele não se envaideceu e continuou com o olhar compassivo em relação ao ser humano. Ele não mudou seu jeito de ser com o enriquecimento financeiro.

Certa vez, ele teve um encontro com um andarilho em que ambos se ajudaram. Geraldo lhe deu água na porta da empresa e os dois criaram uma relação de amizade a partir dessa ocasião. Com muita conversa, o empresário aprendeu com o rapaz, um engenheiro que havia ido para a rua após uma desilusão amorosa. O andarilho também se beneficiou da personalidade cativante de Geraldo. Ao buscar o abraço que Geraldo uma vez lhe ofereceu, o rapaz deu a notícia de que voltaria para casa e para o emprego que ele tinha, após ouvir os conselhos do empresário.

Tempos depois, Geraldo fechou um contrato com uma empresa e ao comprar caminhões parceladamente recebeu um aviso. “Pode pagar os veículos do jeito que for melhor para você”. O engenheiro-chefe da empresa havia autorizado aquela forma de pagamento, pois conhecia Geraldo mais do que ele imaginava. Logo ele se lembrou do amigo que fez, pois somente poderia ser essa explicação para o que ocorreu.

O empresário cuida e abraça as pessoas, pois tem o desejo de impactá-las com sua história e também incentivá-las na concretização de seus objetivos. “Se você acredita em você, irá conseguir. Se eu posso, você também pode. Copie o que dá certo, que acontecerá com você também”. A filha Gabriela diz que o pai é irritantemente feliz. Será esse o segredo do sucesso do empresário?

Você ficou tocado pela história de vida de Geraldo Rufino? Ou conhece algum empreendedor de sucesso que também nos inspira a buscar nossos sonhos, mesmo nas dificuldades? Conte para a gente nos comentários!

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