Mitos sobre os alimentos que devem ser questionados
É fato: alimentos orgânicos têm conquistado cada vez mais adeptos pelo mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado desses produtos já movimenta cerca de 50 bilhões de dólares por ano segundo a Associação de Comércio Orgânico local. Alguns críticos, no entanto, dizem que há um exagero quando se fala dos benefícios dos orgânicos e dos não transgênicos.
O Incrível.club decidiu desfazer 4 mitos sobre alimentos naturais e procurou responder à simples pergunta: alguns deles são tão bons ou terríveis para a saúde quanto dizem por aí?
Mito 1. Os alimentos orgânicos são uma garantia de saúde
Os discursos sobre comer apenas alimentos cultivados em fazendas orgânicas são ouvidos atualmente em todos os lugares. Dizer que tudo o que é natural é indubitavelmente saudável e o que é artificial, prejudicial e, em geral, tudo o que envolve produtos químicos causa danos irreversíveis à saúde e ao organismo, no entanto, pode ser um equívoco. É curioso, mas é verdade: nem sempre o produto completamente natural é seguro para a saúde.
Na natureza, existem muitas substâncias que são as verdadeiras armas das plantas. As amêndoas e os damascos, por exemplo, contêm cianureto. Então, consumir quilos e quilos deles não é necessariamente mais benéfico à saúde que tomar litros de refrigerante.
Pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos EUA, demonstraram que boa parte dos consumidores tende a associar os produtos orgânicos com alimentos mais nutritivos quando, a rigor, o termo orgânico se refere mais à maneira como os alimentos foram produzidos. “O termo ’orgânico’ se refere à maneira como o alimento foi produzido, não às suas características nutricionais”, diz o texto da pesquisa. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que, na maioria dos países, a quantidade de pesticidas aplicada está de acordo com os níveis recomendados e, dessa forma, não oferece grandes riscos aos consumidores. Os maiores prejudicados, observa a entidade, são os trabalhadores que aplicam esses produtos e muitas vezes são expostos a eles sem proteção.
Outra questão que a OMS destaca é que os pesticidas exercem um papel importante na agricultura, na medida em que permitem uma maior produção numa mesma área. Essa questão é particularmente importante nos países que possuem problemas na produção agrícola.
Mito 2. Os cosméticos naturais são a melhor escolha para a pele
Os cosméticos naturais não oferecem mais segurança que os não naturais, como muitas pessoas imaginam. Um cosmético certificado pela Anvisa, por exemplo, por mais que possua ingredientes artificiais será seguro. Os produtores não têm o menor interesse em envenenar seus compradores. seria um tiro no pé, convenhamos. Se provoca alergia em um ou outro indivíduo, é outra questão.
Os componentes das plantas não são tão estáveis como os sintetizados artificialmente, pois são difíceis e caros de adicionar. Estes podem se comportar de forma imprevisível em sua pele, causar uma reação alérgica, alguma dor ou algo de menor medida. Mas isso pode acontecer com qualquer componente sintético, se simplesmente não for apropriado para você.
O benefício ou o dano também depende da concentração, das fórmulas dos ingredientes e de múltiplos fatores. Há muito tempo, as mulheres branqueavam seus rostos com um pó que continha um alto teor de chumbo, e essa é uma composição completamente natural! É assustador, mas, na verdade, por causa de tais procedimentos de beleza, algumas correram o risco de perder a pele do rosto. No batom moderno também é adicionado chumbo, mas em uma concentração mínima. Seria necessário comer 30 mil tubos de batom para se envenenar.
Então, julgue por si mesma, afinal, se o produto funciona para você e não a incomoda, não importa o que o fabricante tenha prometido na embalagem.
Mito 3. Os produtos transgênicos são perigosos para a saúde
Essa é uma questão das mais polêmicas. Mas, a rigor, as mutações genéticas realizadas pelos geneticistas permitem mudar um gene específico. Os medos que cercam produtos geneticamente modificados, em geral, são exagerados. Afinal, passadas quase três décadas do lançamento dos primeiros Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), não se verificou, até hoje, qualquer consequência para a saúde humana. No Brasil, o primeiro OGM, uma variedade de soja, teve sua comercialização liberada há 20 anos e até hoje não há registro de efeitos colaterais.
Além disso, a aplicação ativa da engenharia genética ajudaria a enriquecer os produtos com os elementos nutricionais necessários e fornecê-los aos países pobres. Por exemplo, o “arroz dourado”, rico em vitamina A, poderia salvar milhares de pessoas da cegueira se seu consumo tivesse sido permitido anteriormente. Na verdade, os cientistas têm de demonstrar a segurança de seus produtos por muitos anos, publicar um grande número de artigos científicos sobre a segurança de produtos geneticamente modificados e realizar dezenas de testes em culturas e em plantas obtidas por esse método, antes de serem comercializados.
É claro que os produtos transgênicos precisam passar por um controle, mas o pânico, a falta de conhecimento, as teorias de conspiração inventadas e as leis que os proíbem, apenas tornam o ambiente mais tenso e não permitem o desenvolvimento científico.
Mito 4. Os produtos ’detox’
É improvável que alguém que vive no século XXI não tenha ouvido falar sobre alimentos detox. As toxinas e os produtos contaminados existem, mas não no sentido em que estamos acostumados a imaginar: isso ocorre em pessoas que têm problemas nos rins, doenças infecciosas e tiveram intoxicações — ou seja, o próprio organismo tem dificuldade de eliminar a toxina. Em um organismo saudável, se a “desintoxicação” for realmente necessária, então os métodos mais severos devem ser usados e não simplesmente beber alguns smoothies. O corpo saudável de uma pessoa é capaz de se livrar de substâncias desnecessárias e, portanto, não é preciso adotar nenhum tratamento especial para desintoxicação.