“Meus amigos me esperam para jantar”, a história da jovem que encontrou fora de casa o apoio que não recebeu da família

Gente
há 2 anos

Embora, financeiramente, seja confortável morar com os nossos pais, nem sempre é uma tarefa fácil — ainda mais se você não se sente bem-vindo no ambiente em que vive e consegue perceber isso em pequenas ações do dia a dia. Um dia, você é amado, mas, no outro, se torna incompreendido e, quando encontra o amor e conforto em outras pessoas, vê que seu lar anterior nunca foi, de fato, a sua casa.

Por esse motivo, uma internauta relatou em uma postagem como ela conseguiu se desvencilhar da relação tóxica com os seus pais após descobrir que era autista — e como ela encontrou o amor em pessoas que ela jamais imaginaria.

Eu tenho 18 anos e sou autista. Fui diagnosticada recentemente, então meus pais não sabiam por que eu tinha tantas dificuldades com certas coisas quando criança. Sempre fui rotulada como uma pessoa de paladar exigente, mas acontece que, na verdade, tenho problemas sensoriais bastante graves com cheiro e textura.

Quando eu tinha cerca de 14 anos, minha mãe decidiu que não faria mais meu jantar. Ela estava cansada de ajustar as refeições para mim e me fazia sentir um lixo por ser “exigente”. Eu entendo, pois tinha idade suficiente para fazer minha própria comida, mas realmente doeu ver que eles deixaram de me esperar para jantar quando eu voltava tarde das atividades extracurriculares. O mais estranho é que a minha família ficava brava quando eu almoçava (onde vivemos, é a refeição principal, e geralmente era preparada por mim para todos na casa) na hora que eu queria, em vez de esperar por eles. Isso ainda que eu arrumasse a mesa e deixasse tudo pronto. Mesmo depois de saber do meu diagnóstico, eles não deixaram de falar sobre o que, quanto e quando eu comia. Simplesmente não tentaram entender nada.

Já na faculdade, meus colegas de quarto tentam fazer as coisas funcionarem. Todos nós comemos juntos, ainda que comamos coisas diferentes. Às vezes, fazemos uma grande refeição para nós três e, se eles querem comer algo que eu não consigo comer, faço minha própria comida. Mas todos nos ajudamos na cozinha e depois na limpeza. Conversamos sobre nossos dias e brincamos. Eles sabem que tenho esses problemas e sempre garantem que eu esteja confortável. Eles nunca me constrangeram por eu comer de forma diferente. Eu sentia muita falta disso. Me sinto mais em casa aqui do que onde cresci.

E isso não é tudo. Quando lembro à minha mãe que tenho problemas de memória, ela fica brava comigo e me diz que não estou me esforçando o suficiente para lidar com aquilo. Meus colegas de quarto compraram uma lousa para nossa cozinha, porque me dou melhor com lembretes visuais e instruções escritas — ajuda muito. Após receber meu diagnóstico, minha mãe passou a dizer que eu deveria aprender a lidar com as coisas, por saber que sou diferente, jogando em mim todo o fardo de me adaptar a este mundo. Meus colegas de quarto e eu estamos dando o nosso melhor para nos adaptarmos uns aos outros. Eles estão muito interessados ​​em aprender sobre autismo e eu percebi que eles provavelmente fizeram algumas pesquisas por conta própria, já que ambos sabem coisas que eu não contei a eles.

Eu sei que posso confiar nos meus colegas quando fico muito estressada em uma situação social. Eu posso reclamar quando me sinto exageradamente estimulada, e eles dão ouvidos e tentam dar seu melhor para “entender”. Eu falo sobre meus interesses especiais e eles me fazem perguntas sobre eles. Não fazem nenhum comentário quando adoto algum comportamento repetitivo em casa.

Parece que aquele buraco no meu coração que sempre esteve vazio está, finalmente, preenchido. Muitas vezes, me sinto como um fardo, ou apenas muito difícil de ser compreendida. Mas eles fazem eu me sentir em casa. Fico feliz em passar tempo com eles quando voltamos da universidade. Eu não tenho vontade de correr imediatamente para o meu quarto como quando estou com meus pais. Estamos aprendendo a ser adultos juntos, eu acho, e é a primeira vez que alguém é tão gentil comigo em anos. Eu os amo, provavelmente muito mais do que eles me amam, mas eles me mostraram como deveria ter sido meu lar durante minha adolescência. Sinto que finalmente posso crescer e me curar.

“Eu e a minha família brigávamos constantemente por comida em casa. Agora que estou mais velha, estou chocada que meus pais ainda tentam usar a mesma abordagem que simplesmente não funcionou na minha infância — quando achavam que eu estava sendo teimosa, fechada ou tentando prejudicá-los de propósito. Recentemente, minha mãe me contou alguns dos meus problemas de memória com coisas da escola, doeu para caramba ouvir que ela achava que eu era mentirosa e manipuladora.” © threeredcrayons / Reddit

“Meu diagnóstico de autismo realmente mudou minha vida de uma maneira incrível. Agora, as pessoas me entendem, e parei de me culpar por muitas coisas que não posso mudar. Minha autoestima melhorou muito, assim como minha saúde mental em geral, e também estou aprendendo a ser quem eu realmente sou e posso pedir ajuda quando preciso — em vez de ficar sentada em um canto me sentindo mal por ter problemas com algumas coisas.” © threeredcrayons / Reddit

Na sua opinião, por que muitos pais agem dessa maneira? Como você lidaria com a situação se estivesse no lugar da garota?

Comentários

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Na verdade quem são preguiçosos são os pais dela, que não se deram ao trabalho de procurar orientação enquanto ela era pequena e tão pouco o fizeram depois de descobrirem que ela é uma pessoa neuro atípica,muito triste. Atrasaram e infelicitaram a vida.

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Que tristeza os pais dela nem investigaram as atitudes da filha enquanto ela era nova e depois nem tentaram compreender, nem ajudá-la, só a julgaram mal.

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