Júpiter poderia se tornar uma estrela?

Curiosidades
há 1 ano

Imagine sair de casa uma manhã e ver não uma, mas duas estrelas brilhando no céu! A primeira é o nosso bom e velho Sol, e a outra é... Júpiter! Mas como um PLANETA se transformou numa estrela? E o que acontecerá agora com a Terra e seus habitantes? Antes de encontrarmos a resposta para essas perguntas urgentes, precisamos revisar algumas coisas que sabemos sobre Júpiter. O maior planeta do Sistema Solar é um gigante gasoso, o que significa que ele é composto principalmente por gases. Devido às diferenças de pressão e temperatura, esses gases se separam em camadas. Isso cria aquelas faixas vermelhas e brancas que podem ser vistas da Terra. As temperaturas no topo da atmosfera de Júpiter são insanas, podendo atingir incríveis 727 graus celsius! O planeta também tem uma imensa atração gravitacional.

Em 1995, a sonda Galileo alcançou a atmosfera de Júpiter e a cruzou a uma velocidade de mais ou menos 170.600 km por hora! Ela sobreviveu às temperaturas escaldantes e começou sua descida. E continuou se movendo mesmo quando as temperaturas caíram repentinamente e a pressão, assim como a velocidade do vento, aumentaram. Mas, 58 minutos e 157 km de exploração depois, as coisas não ficaram muito bem. A pressão de 23 atmosferas e as temperaturas ainda altas acabaram com a sonda — ela foi derretida e depois vaporizada pelo calor extremo.

Se Júpiter de repente decidisse continuar crescendo, acabaria se tornando uma estrela. E sua composição permitiria isso. Uma vez, há muito, muito tempo, Júpiter ficou com a maior parte da massa que restou da formação do nosso Sol. Foi assim que ele acabou com mais do que o dobro do material combinado de todos os outros corpos do Sistema Solar. E os ingredientes do planeta são os mesmos de uma estrela: principalmente hidrogênio e hélio. Júpiter não é massivo o suficiente para entrar em combustão. Mas e se fosse?!

Em seguida, ele se transformaria em outro tipo de corpo celeste — provavelmente, uma anã marrom. Nesse caso, teria um efeito menor nas órbitas dos planetas do nosso Sistema Solar, porque as anãs marrons são mais massivas que os planetas, mas não tão massivas quanto as estrelas. Uma anã marrom geralmente tem 13 a 80 vezes a massa de Júpiter. Ela só pode se tornar uma estrela se a pressão em seu núcleo aumentar o suficiente para iniciar a fusão nuclear.

Então, vamos imaginar que isso aconteceu. Júpiter se tornou uma estrela real: por exemplo, uma anã vermelha. As anãs vermelhas são estrelas com massas em torno de 7,5% a 50% da massa do nosso Sol. Também são mais quentes que as anãs marrons. Sua temperatura pode chegar a mais de 3.500 graus celsius. Nosso Sol, em comparação, tem uma temperatura de mais de 5.500 graus celsius. Isso significa que a anã vermelha recém-formada será muito mais fraca que o Sol. E, ainda, que a anã vermelha Júpiter poderia impedir que os outros planetas seguissem suas órbitas — porque não conseguiriam encontrar um equilíbrio entre as forças gravitacionais das duas estrelas.

Os planetas se moveriam para mais perto do Sol ou mais perto da recém-formada anã vermelha. Se a Terra escolhesse a primeira opção, as temperaturas insanas da nossa estrela principal provavelmente eliminariam todos os seres vivos em pouco tempo. Se fosse o segundo cenário, provavelmente congelaríamos, já que Júpiter — como uma anã vermelha opaca — não seria capaz de nos aquecer o suficiente. Mas pode haver mais uma opção: os outros planetas podem ser expulsos do Sistema Solar.

Se Júpiter fosse uma estrela, aumentaria muito a quantidade de radiação que a superfície da Terra receberia. Nossa atmosfera teria que nos proteger tanto da radiação vinda do Sol quanto da de Júpiter. As anãs vermelhas são notoriamente ativas. É por isso que Júpiter, assim como o Sol, provavelmente teria frequentes ejeções de massa coronal, uma expressão chique para descrever grandes nuvens de partículas eletricamente carregadas que uma estrela libera numa explosão com enorme velocidade. Mesmo agora, Júpiter tem um impacto significativo em nosso planeta. O gigante gasoso tem aproximadamente 318 vezes a massa da Terra.

E isso também significa que tem uma atração descomunal sobre nosso planeta. Sua gravidade pode causar mudanças na órbita da Terra e mudanças climáticas a cada 400 mil anos ou mais. Quando a influência de Júpiter é mais forte, a Terra geralmente tem invernos mais frios, verões mais quentes e períodos mais intensos de umidade e seca.

Além disso, se Júpiter se transformasse em uma anã vermelha, sua característica mais proeminente provavelmente desapareceria para sempre! Estou falando da Grande Mancha Vermelha, uma enorme tempestade no hemisfério sul do gigante gasoso. Suas partes mais altas estão a mais de 8 quilômetros acima dos topos das nuvens. A tempestade é quase duas vezes maior que o nosso planeta! Em 2017, a sonda espacial Juno, da NASA, conseguiu coletar muitos dados sobre a Mancha Vermelha. E descobriu-se que essa tempestade monstruosa desceu mais de 322 km na atmosfera do planeta. Isso é 30 a 100 vezes mais profundo do que qualquer oceano na Terra.

Mas essas medições provavelmente são imprecisas, e as verdadeiras raízes da tempestade podem ir ainda mais fundo! A Grande Mancha Vermelha é mais fria que o resto da atmosfera. E tenha em mente que as temperaturas de Júpiter são de 173 graus celsius negativos nas camadas superiores das nuvens! Por outro lado, quanto mais próximo do núcleo, mais quente fica. Misteriosamente, as temperaturas mais altas já registradas no gigante gasoso ocorreram na atmosfera logo acima da Grande Mancha Vermelha! Eram mais altas que a temperatura da lava aqui na Terra.

Os astrônomos acreditam que a turbulência causada pela tempestade tem potencial para produzir ondas gravitacionais e sonoras que podem ser responsáveis pelo superaquecimento. Mas a própria tempestade é mais quente no fundo do que no topo. Cientistas observam o vórtice em movimento em Júpiter há mais de 150 anos. Algum tempo atrás, os astrônomos previram que isso gradualmente desaceleraria e se tornaria menor ou desapareceria completamente. Mas acabou não sendo o caso! Depois de analisar todos os dados recebidos com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble, os pesquisadores ficaram perplexos ao descobrir que os ventos nos limites externos da tempestade realmente ganharam velocidade!

A velocidade do vento nas bordas da tempestade pode atingir impressionantes 643 km por hora. Isso é mais rápido que os tornados da Terra! Ao mesmo tempo, se você estivesse no centro da Grande Mancha Vermelha, não ficaria muito impressionado. Os ventos lá se movem bem mais devagar.

Agora tenho outra situação hipotética pra você! E se Júpiter colidisse com a menor estrela que conhecemos? Hoje, esses dois corpos espaciais estão em rota de colisão! Um spoiler: a Terra pode não sobreviver a tal encontro. Ok, conheça essa pequena anã vermelha. Ela é do tamanho de Saturno e sua gravidade é de cerca de 300 vezes a do nosso planeta. Ela normalmente flutua a 600 anos-luz de distância da Terra em um sistema de estrelas duplas. Mas hoje, por alguma razão inexplicável, quebrou todas as leis do Universo e está avançando em direção ao maior gigante gasoso do nosso Sistema Solar.

E, mesmo que esse hóspede espacial seja menor que Júpiter, sua massa é muito maior. E sua força gravitacional logo começa a atrair o gigante gasoso. O calor da anã vermelha somado à sua poderosa gravidade faz com que Júpiter cresça em tamanho. A atmosfera começa a inchar porque os gases que compõem o planeta começam a se aquecer e se expandir. A atmosfera de Júpiter começa a vazar para o espaço em direção ao visitante estelar.

Algum tempo depois, os gases descontrolados formam um anel brilhante e quente ao redor da anã vermelha. É uma visão assustadora — como se um buraco negro muito brilhante tivesse surgido no Sistema Solar. A estrela continua destruindo Júpiter, comendo pedaços do gigante gasoso. E logo a anã vermelha o engole por completo. Infelizmente, Júpiter nunca teve chance. Em vez do gigante gasoso, agora temos uma anã vermelha cercada por um anel de gases quentes. E já sabemos que isso pode acabar mal. A melhor coisa é que esse cenário é totalmente imaginário. Ufa! Que alívio!

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