Júpiter governa o Sistema Solar, e aqui está o motivo
Ei, aficionado pelo espaço! Você conhece bem o nosso Sistema Solar? Adivinhe de quem estamos falando: tem mais que o dobro da massa de todos os outros planetas juntos. É coberto por redemoinhos e listras impressionantes, que na verdade são nuvens de vento de amônia fria e água, flutuando em uma atmosfera de hidrogênio e hélio. Ainda não tem ideia? Então dê uma olhada nisso! É a infame Grande Mancha Vermelha — uma tempestade enorme maior do que a nossa Terra e que vem se enfurecendo há centenas de anos.
É isso mesmo! Esse mundo nublado é Júpiter! E a principal pergunta é: “Esse cara é nosso inimigo ou amigo?” A sonda Juno da NASA está explorando o gigante gasoso no momento, enviando toneladas de dados úteis para cá. Júpiter é tão grande que 11 Terras caberiam em seu equador. Se o nosso mundo fosse do tamanho de uma uva, esse monstro seria uma bola de basquete! É o quinto planeta a partir do Sol, orbitando a cerca de 780 milhões de km de distância.
E mesmo que para nós, terráqueos, nosso mundo azul-esverdeado pareça ser o mais importante entre todos os outros, vivemos no Sistema Júpiter. Afinal de contas, ele é responsável por 75% da massa de todos os planetas em nosso sistema estelar. E também é 318 vezes mais maciço que a Terra! E tudo o que esse cara quer, ele consegue. Quer jogar coisas em todo o Sistema Solar? Sem problemas — afinal, esse gigante gasoso não tem sua imensa gravidade à toa. Ele arranca material do cinturão de asteroides, impedindo que as pobres rochas espaciais formem algo maior do que Ceres — o único planeta anão localizado no Sistema Solar interno.
Júpiter está com fome? Ele devora cometas, asteroides e coisas do gênero. Está entediado? Arremessa tudo o que consegue capturar em trajetórias desgovernadas. Esse gigante gasoso deve ter causado muita destruição ao longo de sua vida, que é de cerca de 4,5 bilhões de anos. Mas eis a questão: alguns cientistas acham que podemos dever nossa própria existência (e a de nosso planeta) à gravidade protetora dele! Pode parecer confuso, mas ao engolir avidamente objetos espaciais perigosos, esse cara “aspira” o Sistema Solar. Outros astrônomos não concordam com essa teoria. E afirmam que se trata de um vândalo, incomodando cometas pacíficos e seguros e enviando-os para lugares inesperados.
Alguns dos objetos mais perigosos em nosso Sistema Solar são os cometas de longo período. Estamos falando de enormes pedaços de gelo e rocha vindos das profundezas da Nuvem de Oort, que fica muito além de Plutão. Alguns são empurrados para o interior do Sistema Solar, onde passam correndo pelo Sol. Há uma chance de que a extinção mais devastadora da Terra tenha sido causada por um cometa de longo período. À medida que um deles atravessa o Sistema Solar, provavelmente interage com a gravidade de Júpiter, que o empurra para um lado e para o outro, o consumindo como um delicioso hambúrguer de gelo.
Mas será que ele empurra esses cometas para fora de sua órbita perigosa para que não se choquem com a Terra? Ou será que realmente desvia as trajetórias dos cometas que, de outra forma, não nos atinjam? Ninguém sabe.
Os astrônomos às vezes chamam Júpiter de uma estrela fracassada. O gigante gasoso de fato contém muito hélio e hidrogênio — o material do qual as estrelas são feitas em sua maioria. Mas sua massa não é suficiente para iniciar uma reação de fusão em seu núcleo. E é exatamente assim que as estrelas produzem energia. Elas fundem os átomos de hidrogênio sob pressão e calor extremos e criam hélio. No processo, também liberam luz e calor.
Júpiter poderia iniciar uma reação nuclear e se tornar uma estrela somente se tivesse 75 vezes a sua massa atual. Paradoxalmente, caso se tornasse ainda mais maciço, também ficaria menor! Essa massa adicional o tornaria mais denso e faria com que começasse a se puxar para dentro de si. Os astrônomos têm quase certeza de que, mesmo que Júpiter tivesse 4 vezes a sua massa atual, ainda permaneceria do mesmo tamanho.
O planeta tem entre 80 e 95 luas. Uma das mais populares atualmente é Europa. Imagine um mundo parado e congelado. É antigo, com cerca de 4,5 bilhões de anos. É pouco aquecido pelos raios do Sol e coberto por uma espessa camada de gelo. É menor que a nossa Lua, mas um pouco maior que Plutão. É assim que o sexto satélite de Júpiter e um dos maiores do Sistema Solar se parece. E o que há de mais legal nesse lugar distante? Ele pode abrigar vida. Os astrônomos consideram Europa um dos locais mais promissores no Sistema Solar para a busca de novas formas de vida.
Tudo porque tem um enorme oceano de água salgada com uma profundidade de 65 a 160 km. Sim, ele está escondido sob uma camada de gelo que, segundo estimativas, tem de 15 a e 30 km de espessura. Mas é um lugar ainda potencialmente habitável. Os astrônomos afirmam que plumas de água irrompem de rachaduras na camada de gelo e liberam o conteúdo do oceano da lua no espaço.
Há muito tempo, os cientistas têm se perguntado sobre as auroras de raios X de Júpiter. O que as causa? Parece que o mistério de 40 anos foi resolvido! Essas deslumbrantes emissões são desencadeadas por partículas eletricamente carregadas chamadas íons. Elas colidem com a atmosfera do gigante gasoso — e eis o resultado! Mas os astrônomos não conseguiam entender como esses íons chegavam à atmosfera. Porém, recentemente, os viram os “surfando” no campo magnético de Júpiter até a atmosfera! E receberam esses dados graças à espaçonave Juno da NASA e ao telescópio XMM-Newton da ESA, situado na órbita da Terra.
Agora, por aqui as auroras só são visíveis em um cinturão que circunda os polos magnéticos — entre 65 e 80 graus de latitude. Qualquer coisa além de 80 graus e elas desaparecem. Mas as de raios X de Júpiter são muito mais inconsistentes: pulsam regularmente em direção ao polo do cinturão principal e, às vezes, são diferentes nos polos norte e sul. Os cientistas descobriram que essa “pulsação” é causada pelas flutuações no campo magnético do planeta. Veja bem, quando Júpiter gira, arrasta junto seu campo magnético que, atingido pelas partículas do vento solar, é comprimido. Isso aquece as partículas presas no campo magnético e elas começam a se mover ao longo das linhas dele, produzindo magníficas auroras.
Outra característica pela qual esse gigante gasoso é famoso é sua Grande Mancha Vermelha — uma enorme tempestade que assola o hemisfério sul dele. Suas partes superiores se elevam mais de 8 km acima do topo das nuvens ao redor. A tempestade tem mais de duas vezes a largura do nosso planeta. Nas bordas, a velocidade do vento chega a atingir entre 430 e 675 km/h! Isso é mais rápido do que os tornados da Terra! Os gases quentes na atmosfera estão sempre se movendo — subindo, descendo e girando. Da mesma forma que aqui, quando os mais frios e mais quentes se misturam e se fundem uns com os outros, formam tempestades gigantescas e circulares.
Os astrônomos acreditam que, certa vez, várias tempestades enormes poderiam ter se juntado, criando a Grande Mancha Vermelha. E agora, ela continua furiosa, atraindo constantemente gases frios de baixo e quentes de cima. Além disso, essa tempestade monstruosa absorve outros vórtices menores, que tornam a mancha ainda mais poderosa.
Várias teorias tentam explicar por que a tempestade tem sua cor característica. Ela varia de esbranquiçada e salmão pálido a laranja e vermelho-tijolo. Alguns cientistas acreditam que a resposta está abaixo da Grande Mancha Vermelha, mais perto da “superfície” do planeta. Uma camada incolor de hidrossulfeto de amônio pode estar reagindo com raios cósmicos ou com a radiação UV proveniente do Sol. Isso, de alguma forma, dá à mancha sua bela cor vermelha.
Mas, até agora, é apenas uma teoria. Os astrônomos a têm observado desde a década de 1830. E, pela primeira vez, a tempestade foi vista em 1665 e descrita como a “Mancha Permanente”. Em outras palavras, tem quase 400 anos de idade! Estranhamente, vem diminuindo de tamanho desde o início do século XXI. Em 2019, começou a “descamar” nas bordas, com pequenos pedaços desaparecendo. Se esse processo continuar, em 2040 a Grande Mancha Vermelha poderá se tornar circular! Ou simplesmente desaparecer.