Ela vendeu a casa por beleza e descobriu que as críticas vêm de graça

Quando eu e o Valter estávamos namorando, a mãe dele até fingia que me tolerava, mas com aquele sorriso falso. Mas assim que a gente casou e foi morar com ela, a mulher pirou de vez. Em um ano só, a ela conseguiu transformar minha vida num verdadeiro pesadelo. Só que ela não sabia que tava brincando com fogo - e que tudo que vai.... volta!
Vou contar esta história em nome da personagem principal, minha irmã. A pedido dela, os nomes dos personagens e alguns detalhes foram alterados.
Anna Brandão é daquelas mulheres de moral duríssima, uma professora aposentada que manda e desmanda. Pra ela, só existem dois tipos de opinião no mundo: a dela e a errada. E o segundo princípio sagrado? Que o seu Valterzinho merece só o melhor. Ele tem uma mãe exemplar — compreensiva, responsável e certinha. Claro que outra igual é impossível achar, mas a nora que se lembre: ela já chega em segundo lugar, então tem é que se esforçar.
A Lisa, primeira esposa do Valter, era vista pela sogra como uma porcalhona. Não tinha faculdade, trabalhava numa loja, usava maquiagem que parecia uma máscara, ria que parecia uma britadeira e ainda limpava o banheiro de qualquer jeito. Quando o Valter se divorciou dela, a Anna até fez festa. Agora, sim, ele podia arrumar uma mulher de verdade! Só que o Valtinho casou comigo.
E aí, a sogra voltou a lembrar da Lisa como se ela fosse um anjo. “Ah, ela era uma moça boa! Sem estudo, mas não ficava se fazendo do que não era! Pintava o rosto que parecia um palhaço, mas era porque queria agradar o marido, só faltava um pouco de estilo! E podia até ser relaxada com a limpeza, mas quando a gente pedia direitinho, ela fazia.”
Tudo começou no casamento. Minha sogra ficou ajustando meu vestido e soltou: “Lizinha, aqui tá mal passado, formou umas dobrinhas.” Eu, sem entender: “Anna, o vestido tá ótimo. E eu sou a Estela, viu?” Ela me olhou cheia de mágoa: “É verdade, você não é a Lisa...” E quando se afastou, ainda ouvi: “Que pena.”
Durante a festa, a Anna me chamou de Lisa umas 30 vezes. Disse pra todo mundo ouvir que a cunhada comia que nem uma louca. Na primeira dança, ela me deu um empurrão e foi valsar com o Valter. E o brinde? Nunca vou esquecer: “Vivam em paz e não tenham pressa pra ter filhos, porque é uma responsabilidade enorme. Muita gente se separa justo porque a mulher não tá pronta pra ser esposa e mãe.”
A gente não tinha grana pra comprar um apartamento, então fomos morar com os sogros. O quartinho minúsculo do Valter (8m²!) virou nossa sala, o quarto dos pais dele ficou pro meu sogro, e a Anna se mudou pro hall — que antes era a sala de estar.
Mal entrei pela porta, ela já tava me dando ordens: onde botar as panelas, como passar as cortinas... E ainda soltou: “Melhor trocar de roupa, senão vai sujar seu vestido na hora de lavar a louça.” Ah, e detalhe: antes da festa de casamento, os pais do Valter resolveram dar um jantar em casa. A mesa ficou lotada de prato sujo, talher e bandeja. A Anna ainda completou: “Lava essa panela também, fiz bolinho e sujei tudo” — e foi ler um livro de boa antes de dormir.
De madrugada, ela invadiu nosso quarto pra contar o dinheiro que tinha nos dado. Na hora já começou a planejar o que comprar: “Primeiro, uma lavadora nova. Você trouxe um monte de roupa! Pra que tanta minissaia, mulher casada? Nunca usaria uma coisa dessas...”
Às 6h da manhã, a gente acordou com a Anna entrando pra “arejar” o quarto. Ela gritando: “As macieiras e as peras tão florindo!” Só que era outono, e tava chovendo.
Eu achava que, como nora, devia agradar minha sogra — afinal, ela era a mãe do meu marido. E ela devia entender que não sou rival dela. Mas a megera odiava tudo que eu fazia! Toda vez que eu tentava puxar um papo normal, ela cortava. Todo dia tinha uma “dica”:
“Quem te ensinou a descascar batata? Se fosse aqui, eu faliria com esse desperdício!”
“Passou o tule? Cadê a tábua de passar, então?”
“Para de ler no banheiro, luz não é de graça!”
“Provei seus rolinhos de repolho... Horríveis! Mas como você não fez mais nada, a gente comeu. Agora tô com azia e vou ter que tomar remédio.”
Minha sogra logo avisou que a gente ia dividir as contas “pra duas famílias”. Ela que fazia as contas e depois me enfiava um papel com o valor, que tinha que pagar na hora e em dinheiro vivo. Se atrasasse um dia (e olha que eu e o Valter trabalhávamos na mesma firma e o salário sempre atrasava), ela já surtava e corria pra ligar pra irmã. Era uma emergência contar como “a nora folgada queria viver às custas dela”.
A gente fazia as compras separado: eu comprava pra mim e pro meu marido, ela pra eles. A carne que eu comprava sumia do nada. Quando eu perguntava se ela tinha usado, vinha o escândalo: “Tá me chamando de ladra agora? Não quero saber da tua carne ruim!” — e lá ia ela ligar pra irmã de novo.
Até que um dia ela proibiu a gente de usar a geladeira. A gente tinha uma prateleira pra gente, mas se qualquer coisa nossa encostasse nas prateleiras dela, já virava propriedade dela. Mas ela cansou de “gastar energia elétrica pra esfriar comida dos outros”.
Aí o fogão, o micro-ondas e até a chaleira entraram na lista negra. Eu e meu marido saímos caçando nos sites de usados e compramos uma geladeira com freezer, um fogãozinho de duas bocas, uma panela e uma frigideira. Tudo isso amontoado no nosso quarto minúsculo. A gente já tinha comprado pratos, copos e talheres separados antes, mas agora tudo foi parar dentro do quarto também.
Aí a “véia” começou a descontar o ódio que sentia por mim no próprio filho. Virou moda ela dar uns tapas no Valter por qualquer coisa:
Demorar no banho? Tapa!
Falar alto? Tapa na hora!
Parar pra contar quanto tinha recebido de salário? Tapa com gosto!
E sempre com aquele disco arranhado: “Pra que você trouxe essa inquilina pra dentro de casa?”
Meu marido até discutia com ela, mas no fundo achava que dava pra aguentar. “Pelo menos temos onde morar” — ele sempre dizia. O sogro? Tá pouco se lixando. O cara vivia na garagem com os amigos, fazendo de tudo pra evitar a esposa.
Até que um dia a rainha do lar soltou: “Aqui não é albergue não, viu?”. A partir daí, a gente tinha que pagar uma grana fixa todo mês pra ela pelo “aluguel”. Quando eu insistia pra sairmos dali, o Valter vinha com aquela: “Amor, tá tudo muito caro. Minha mãe vai melhorar com o tempo...”
Pagamos. E continuamos trancafiados naquele quarto minúsculo, igual passarinho em gaiola.
A “véia” não parava de meter o nariz no nosso quarto — ficava mexendo nas minhas coisas, “sem querer” derrubava café na cama ou rasgava minha meia-calça. Até que um dia ela jogou fora minhas botas novas, falando que eram “coisa de roceira”. Foi a gota d’água!
Falei na lata que ia descontar o valor das botas do nosso pagamento mensal e obriguei meu marido a trancar a porta (coisa que ela sempre proibiu, e ele, com medo, nunca teve coragem). No dia seguinte... SURPRESA! A doida ARRANCOU A PORTA PELAS DOBRADIÇAS!
Mas eu não sou boba não. Minha vingança foi digna de novela das nove:
Encomendei uma porta blindada pra chegar EXATAMENTE no dia que ela sair com as amigas. Tirei folga do trabalho e chamei um cara pra instalar e pedi pra deixar a porta IMPOSSÍVEL de arrancar.
E o melhor: mandei prender a porta velha NA CAMA DELA, no corredor!
O instalador me olhou tipo “essa mina tá maluca”, mas fez o serviço. Joguei um colchão em cima e fui tomar meu café, felizona. Quando a véia voltou de noite, não disse nada. Mas no dia seguinte veio reclamar:
“Não dormi NADA! Tava tudo espetando meu lado!”
“E esse ronco seu, até através da parede é insuportável!”
Até que foi “arrumar a cama”... O GRITO FOI TÃO ALTO que a vizinhança toda ouviu! Tentou arrancar a porta, mas não conseguiu. Chamou a polícia, os PMs deram risada e foram embora.
Aí veio o pior: o Valter teve que viajar a trabalho por DOIS MESES. A empresa tava abrindo nova filial e, se ele se destacasse, poderia ser promovido. Antes de ir, ele me olhou nos olhos:
“Meu amor, pelo amor de Deus, não arruma briga... Prometo que quando eu voltar, tudo vai melhorar.”
Minha sogra tava se achando a rainha da zoeira. Um dia, inventou que minhas calcinhas entupiram o ralo (mentira descarada!) e decretou: “De agora em diante, lava na mão! E não ouse pendurar essa indecência no banheiro, homem nenhum merece ver essa vergonha!”
Comecei a levar minhas roupas pra lavar na casa dos meus pais, mas aí veio o estalo: “Hora de revidar!” Fui lá e comprei 6 calcinhas cor-de-rosa tamanho família (daquelas que dava pra fazer uma barraca de circo). Peguei linha, agulha e bordei o nome dela em cada uma — Anna, Aninha, Dona Anna, e por aí vai... E esperei o dia perfeito: quando ela organizou uma festinha chique com os ex-colegas de trabalho pra comemorar não sei o quê.
Enquanto ela enchia o ego recebendo elogios, os convidados iam lavar as mãos no banheiro... E voltavam com uma cara inexplicável. Quando todo mundo sentou, ficou aquele silêncio constrangedor. Até que a própria sogra foi ver o motivo. A cena era épica: 6 calcinhões rosa chochos com o nome dela pendurados no varal do banheiro! Ela saiu voando pro nosso quarto, mas eu (deitada e rindo igual uma hiena) não abri a porta.
A noite foi um pandemônio. No dia seguinte, ela anunciou: “Nós vamos pro sítio! É IMPOSSÍVEL conviver com essa mulher!” E foram mesmo! Prometeram voltar em uma ou duas semanas. Eu até tirei férias pra comemorar... Mas aí, é claro, veio o desastre.
Aquela manhã tranquila foi pro beleléu quando a Anna ligou. A véia tava na casa de campo, com a pressão lá nas alturas, sozinha (o marido tinha saído com um vizinho). Me pediu pra ir até lá — os médicos tinham dito que ela precisava de uma injeção. Pensei: “Sério mesmo, Deus? Depois de tudo, EU tenho que salvar essa megera?” Mas, né... sou humana. Peguei um ônibus e passei UMA HORA E MEIA naquela estrada esburacada pra chegar lá. E adivinha? A véia tava lá, fresca, cavando nos canteiros! “Ah, achei uns comprimidos aqui, minha pressão já normalizou”, ela disse. “Mas já que você veio, bora tomar um chá?”
Quase engasguei quando ela ainda me pediu pra colher flores pra enfeitar a casa. Voltei com um monte de peônias, fingi que tava tudo bem e vazei. Na volta, quando o celular finalmente pegou sinal (porque na estrada era só mato), vi UM MONTE de ligações perdidas do Valter. Estranhei pra caramba — a gente só conversava depois das 19h, quando ele saía do trabalho.
Liguei pra ele... e ele não atendeu! Só me respondeu UMA HORA DEPOIS, com a pior notícia possível: “Tô pedindo o divórcio.” Meu mundo desabou na hora.
Três dias depois, meu marido apareceu em casa feito um furacão. Chegou jogando na minha cara que sabia da minha “traição” e me mandou catar minhas coisas. Entre lágrimas e gritaria, descobri a armação: O tio favorito dele (marido da irmã da minha sogra) tinha começado a ligar no dia anterior, mandou até mensagem urgente: “Liga AGORA, é importante!”
Quando o Valter ligou, o tio soltou a bomba: “Sua mulher tá metendo galho na sua casa! Todo mundo já sabe faz tempo, mas eu não queria ser fofoqueiro. AGORA MESMO ela saiu com um cara!”
Aí entendi porque ele tinha me ligado tanto. Expliquei: “Eu tava na casa de campo da SUA MÃE! Você ligou quando eu tava voltando — lá não pega sinal!” Mas ele veio com essa: “Já falei com a minha mãe. Você NUNCA foi pra casa de campo. Pra quê você iria ajudar a minha mãe doente? Ah, tá bom...”
Quase engoli o chaveiro de raiva! Tentei argumentar: Quem inventou essa mentira? O que o tio tava fazendo na NOSSA casa? Por que a véia mentiu na cara dura?
O Valter só sabia gritar. Depois até admitiu que a história tava estranha, mas já tinha decidido: “Melhor a gente se separar e pensar. Tô cansado dessa guerra em casa. Minha mãe também não gostava da Lisa, mas pelo menos nunca chegou nesse ponto...” Aí ele soltou a pérola: “Mamãe nunca falou que a Lisa me traía... Onde há fumaça, há fogo, né Estela?”
Na hora arrumei minhas coisas e vazei pra casa dos meus pais. Até hoje não entendo: Como a Anna conseguiu arquitetar uma armação dessas? Por que o Valter acreditou NELA e não em MIM? Vale a pena tentar me explicar depois que ele jogou a Lisa na minha cara?
Minha mãe, sábia como sempre, só disse: “Toma um copo d’água.” E depois: “Essa família é maluca, filha.”
A velha bruxa estava tão embriagada pela suposta vitória que passou horas ao telefone com sua cúmplice — a irmã fofoqueira que há meses alimentava o tio do Valter com mentiras sobre mim. Inventou uma história absurda, dizendo que tinha voltado em casa casa pra regar as plantas e me viu na porta com outro homem. Fez um drama completo, implorando que o tio não contasse a ninguém: “Ela já virou meu filho contra nós! Ele não acreditaria em mim nem na minha irmã. É melhor que ele ouça isso de você!”
Mas o plano infalível da minha sogra falhou redondamente. Valter não estava mais viajando a trabalho. Ao voltar para casa após o expediente, ouviu toda a conversa. Quando juntou as peças do quebra-cabeça, confrontou todos os envolvidos e finalmente teve sua epifania.
A redenção veio em forma de um marido arrependido diante da minha janela, de joelhos, com flores nas mãos. Confesso que fiquei profundamente ofendida, mas também secretamente satisfeita com o desenrolar dos eventos. Valter se mudou temporariamente para a casa de um amigo e, quando propôs que alugássemos um apartamento em outra cidade — com a empresa cobrindo parte do aluguel -, aceitei.
O capítulo final dessa história se deu no dia 12 de março, aniversário de Anna Brandão. Não recebemos convite para a festa. Nem nos dignamos a ligar pra dar os parabéns. Algumas vitórias são silenciosas, mas nem por isso menos doces.
Nem toda sogra é tão ruim quando a Anna Brandão, e algumas são até bem legais. Infelizmente, tem mais história por aí de sogra tentando arruinar a vida da nora que fica até difícil acreditar que algumas tem redenção.