E se o Kraken engolisse você inteiro?
Está escuro e você não consegue enxergar nada. Há gosma por toda parte. O chão está macio — e está se movimentando. Você tenta se orientar sentindo as paredes que se mexem ao seu redor. Depois de um bom tempo, ouve gritos de dor ao longe. Você grita pedindo socorro, mas ninguém responde. Você é o capitão de um navio e foi engolido pelo temido Kraken.
Você tropeça aqui e ali, sem sequer saber se está indo na direção certa. Os gritos ficam cada vez mais altos. É só uma questão de tempo antes de você vir alguém. Assim que dá o próximo passo, um grande pedaço de madeira passa voando ao seu lado, quase te atingindo. Esse pedaço de madeira era do navio que o Kraken engoliu. Ele engoliu a tripulação inteira viva, então eles devem estar em algum lugar da barriga da fera.
Você continua caminhando em direção aos gritos. Eles o levam para outro caminho que parece um esôfago. Você pega uma tábua e escorrega pelas paredes gosmentas. Está escuro, então rasga um pedaço da camisa, enrola em um pedaço de madeira e coloca fogo nele. Essa tocha improvisada permite que você veja melhor para onde está indo. Você avista veias grandes pulsando lá dentro. Cada veia consegue acomodar mais de 3 pessoas em seu interior.
Após um tempo, começa a ver mais detritos do seu navio, inclusive os tesouros que descobriu e guardou no porão. Mas agora, aquelas pilhas enormes de ouro não valem nada, já que você está à procura de seus colegas nesse lugar escuro e fedorento. Você chega a um ponto onde parece haver múltiplos túneis ao redor, cada um levando a um ponto diferente. Você sabe que é impossível subir de volta até a boca do monstro. Então descer é a única solução.
Você resolve seguir sua intuição e escorrega pelo menor túnel de todos, que está coberto por gosma e outros líquidos. Você apaga sua tocha e a guarda para usar depois. Então, se se arrasta pelo túnel e fica preso por um tempo.
O Kraken ainda está nadando, mas parece estar fazendo uma pausa e para. As veias gigantes e vasos sanguíneos desaceleram e o túnel de carne pelo qual você está passando fica maior. E antes que se dê conta, você despenca de lá até cair em uma piscina de líquido. Assim que entra em contato com ele, começa a sentir o ácido queimando suas roupas — você está em um dos estômagos do Kraken.
Você tira a camisa e sobe em uma prancha de madeira, flutuando no lago ácido. Logo avista mais pedaços quebrados do seu navio espalhados por lá. Aí, do nada, o Kraken volta a se movimentar e começa a nadar mais rápido. Você não tem escolha senão se segurar na prancha e manter a cabeça erguida para que o ácido não atinja seus olhos. Você os fecha.
Agora você é empurrado mais para o fundo do estômago, onde a digestão está acontecendo. Lá, o ácido é ainda mais forte e derrete qualquer coisa que entre em contato com ele. O cheiro é insuportável e encontrar a saída. Mas ao longe, você avista alguns dos membros de sua equipe presos em uma ilha no meio de um estômago pequeno. Tem até alguns tubarões que ainda não foram digeridos nadando em círculos.
Não há nada que você possa fazer nesse momento, senão tentar atravessar e chegar até seus colegas. Você sobe em outro pedaço de madeira e tenta se movimentar em direção a eles. Desta vez, o ácido estomacal está derretendo a madeira. Ainda bem que alguém da sua equipe joga mais uma prancha em sua direção, para que você suba nela e chegue até eles. Você consegue subir na ilha.
Todos estão felizes em te ver. Você tenta encontrar uma saída, mas todas estão cobertas por ácido. Mais água entra por lá, cheia de animais marinhos. O nível do líquido ácido está subindo e todos se preparam para o pior.
Após um tempo, o Kraken engole uma baleia-jubarte enorme que fica se debatendo contra a água ácida. Isso o deixa indisposto, então ele começa a se movimentar, tirando todos do lugar. Você, junto com muitos outros, aterrissa na baleia e segura firme nela. Parece que o Kraken quer expulsar a baleia dali de alguma forma. As paredes internas do estômago se contraem até ele encolher o bastante para lançar a baleia para fora dali. Você e seus colegas ainda estão se segurando na baleia, mas não é fácil.
Finalmente, o Kraken cospe a baleia e nada para o fundo do oceano. O novo desafio é nadar até a superfície para respirar. A baleia empurra você e todos os seus amigos para cima. Sem ela, ninguém teria conseguido chegar à superfície para pegar oxigênio.
Você não tem ideia de onde está. Alguns de seus colegas se agarraram a alguns pedaços do navio para continuarem flutuando. Você nada em direção a um desses pedaços e sobe nele. O Sol está começando a se pôr.
Não há nada à vista. A tripulação está sentindo frio e fome. E o pior de tudo — é hora de os tubarões se alimentarem. Todos sobem em suas pranchas para ficarem longe da água. Para seu desespero, barbatanas de tubarão começam a surgir por todos os lados. Não há o que fazer, apenas tentar sobreviver a essa noite.
O dia amanhece. Ninguém conseguiu dormir. Todos resolvem juntar as pranchas e remar em direção ao Sol. Alguns ainda tentam sugerir outra direção, mas o grupo inteiro acaba acatando sua palavra final. O Sol está escaldante e a energia de todos está baixa. Não há água potável para beber. Ninguém consegue pescar para comer. E ainda há a constante ameaça dos tubarões e do Kraken. Um dos marinheiros avista algo ao longe, que parece ser uma ilha. Todos comemoram e se abraçam, remando em direção a ela.
Após algumas horas, você chega à ilha e afunda suas mãos na areia. Alguém está correndo, enquanto outros se jogam na areia e abraçam as palmeiras. Mas por algum motivo, parece haver algo errado. Há alguns passarinhos sobrevoando o local. Eles não estão com medo de vocês.
Todos se movem para o centro da ilha para descobrir se alguém já esteve ali. Há uma pequena fogueira no meio, mas não há sinal de pessoas em lugar nenhum. A ilha é pequena demais para ter qualquer morador. Não parece haver sinal algum de que alguém já esteve ali, além da fogueira.
Após um bom tempo, a ilha começa a se mover! Todos sobem em uma árvore e a água cobre a ilha. Ao longe, você avista uma figura gigante emergir da água e se virar para sua direção. É uma tartaruga marinha gigante! Vocês estavam nas costas de uma tartaruga-gigante esse tempo todo.
Ela se movimenta graciosamente pela água e para depois de algumas horas. Seus colegas constroem cabanas e acendem uma fogueira para preparar comida e dormir confortavelmente. Você olha para o horizonte e para o céu estrelado.
Aí, sobe na árvore mais alta de todas para descansar um pouco. Lá longe, vê o Kraken nadando e se aproximando da tartaruga. Mas comparado a ela, o Kraken tem apenas o tamanho de um sapato perto de uma pessoa. No dia seguinte, você dá um passeio pelo local para descobrir o resto do casco da tartaruga.
Alguns animais que você nunca viu moram ali. Há aves exóticas sobrevoando a tartaruga e os animais parecem não se sentir ameaçados por você. Você chega a uma montanha coberta por árvores e cipós para dar uma olhada na ilha. De lá, dá pra ter uma visão panorâmica de tudo e você descobre que tem um buraco gigante no chão logo abaixo de você. Há também alguns objetos que parecem ser ferramentas de escavação deixadas por outros exploradores. Você reúne sua tripulação e corre para o tal buraco. Vocês precisam abrir caminho entre os cipós e subir em um terreno desafiador para chegar lá. A pergunta que fica é: aonde esse buraco leva se o fundo dessa ilha é um casco gigante de tartaruga?
Você pisa lá e vê muitas ferramentas e planos abandonados. Você escolhe um mapa e vê um X indicando um esconderijo de tesouros. Você junta seus colegas. Todos pegam alguma ferramenta. A outra dúvida que os assombra é por que esses equipamentos foram abandonados. Você estuda os mapas. Eles mostram todos os passos, menos o último, que ninguém parece ter descoberto ainda. Após um tempo, você desce pelo buraco e chega ao fundo. Mas o que descobre te deixa mais chocado do que você imaginava.