E se Marte e Vênus se aproximassem da Terra
Aaah, Terra... a terceira rocha a partir do Sol. O planeta azul. Você entendeu. Sua atmosfera é composta por 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de argônio, vapor de água e dióxido de carbono — um equilíbrio perfeito para qualquer criatura viva respirar.
O clima daqui também é perfeito para a existência da vida, ao contrário de lugares como Saturno, Mercúrio ou qualquer outro objeto celeste de nosso Sistema Solar — temos que agradecer à troposfera por isso. Ela é a parte mais densa da atmosfera do nosso planeta e possui entre 8 e 15 km de espessura. É a camada que sempre afeta nosso clima e garante as condições certas para a existência da vida e de corpos de água.
A Terra está quietinha em sua órbita, cuidando da própria vida e dando voltas ao redor do Sol, até que — BAM! Vênus e Marte metem o bedelho e atrapalham a diversão. Ninguém quer deixar nosso pobre planetinha sozinho. Ter estes objetos celestes relativamente grandes se movimentando em nossa direção trará sérias consequências, a começar pelas mudanças na trajetória de órbita. A dos planetas do Sistema Solar precisa manter um certo equilíbrio para que nada dê errado. Então, se qualquer objeto grande se aproximar daqui, vai acabar desviando a nossa trajetória. Os planetas girariam ao redor uns dos outros, causando um monte de desastres naturais em nosso território. Isso afetaria também nosso tempo de rotação, que certamente se tornaria mais lento.
Os dias não fluiriam, se arrastariam. Os animais que necessitam da luz do dia teriam que reajustar seus relógios biológicos. Os noturnos também precisariam descobrir uma forma de lidar com as noites longas. As pessoas se adaptaram muito bem ao dia de 24 horas. O tempo por si só é apenas um mecanismo humano para medir as coisas. Teríamos dificuldade para dormir e nos ajustarmos ao dia comprido. Os animais marinhos dependem do fluxo natural das correntes para migrar pelo oceano. Com Marte e Vênus atrapalhando, eles provavelmente também teriam que encontrar novos caminhos. As aves que migram para outras terras ao longo do ano também ficariam confusas e não saberiam o que fazer. De modo geral, a temperatura terrestre aumentaria e fortes ondas de calor e mudanças climáticas permanentes ocorreriam.
Isso nos leva ao próximo problema: o calor! O aumento radical de temperatura transformaria tudo em um deserto árido. Seria verão o ano todo, principalmente se Vênus estivesse envolvido. Grande parte do planeta secaria e não serviria para plantar nada. Vênus é quente. Aliás, super quente. Apesar de não ser o mais próximo do Sol, é o mais quente. As temperaturas ali são próximas de 480 graus Celsius, o que nos derreteria como se fôssemos um cubo de gelo. As terras em Vênus geralmente são planas, provavelmente por causa da temperatura. Lá é quente porque a atmosfera é grossa e retém gases perigosos. Se ele se aproximasse de nós, esses gases acabariam entrando em nossa atmosfera, comprometendo-a.
Marte, o Planeta Vermelho, como o chamamos, é muito frio. E pode continuar assim se começar a girar ao nosso redor. Também abriga o maior vulcão adormecido de nosso Sistema Solar, fazendo o Monte Everest parecer um pequeno arbusto comparado a uma árvore. Com tanta instabilidade, Marte pode simplesmente acordar algum dia e cuspir lava derretida pra todo lado. Ele possui uma atmosfera muito fina, que o faz ficar congelado. Sua gravidade é muito parecida com a nossa. Lá é muito frio e há calotas polares cobertas com dióxido de carbono. O mesmo se aplica a Mercúrio. Você só conseguiria sobreviver lá se prendesse a respiração e estivesse entre o nascer e o pôr do sol. Os três planetas que estão orbitando uns aos outros colidiriam em algum momento. É só uma questão de tempo. E a lua, pendurada como um mosquito na parede, seria tão insignificante que alguma coisa a tiraria dali em determinado momento, e outro planeta a captaria para sua órbita. Ou, em um caso mais extremo, colidiria com um dos planetas intrusos.
A Terra terá ondas gigantes, jamais vistas. Os dois novos planetas que orbitam ao nosso redor causarão um desequilíbrio enorme, fazendo nossa gravidade sair do controle. Cada onda será maior que a anterior, cobrindo o solo seco. Muitas ilhotas espalhadas pelos oceanos ficarão totalmente submersas. Metrópoles litorâneas e cidades pequenas também serão o novo lar dos peixes. Países costeiros, de modo geral, precisarão de barcos para transportar seus moradores. Barragens e diques não darão conta de conter a água. Todos precisarão se mudar para locais mais altos para escapar das enchentes. Com o clima cada vez mais quente, as calotas polares derreterão como sorvete em um dia quente de verão, aumentando ainda mais o nível da água. Em poucos meses, o Ártico inteiro ficará líquido. Mas espera, tem mais!
A crosta terrestre vai se desgastar por causa da instabilidade da superfície e da gravidade irregular. Essa crosta é composta mais por oxigênio, o que significa que estamos praticamente andando sobre o ar. Podemos ver mais terremotos do que antes, e vulcões adormecidos acordarão. O céu ficará coberto por cinzas, impossibilitando voos. Ninguém poderá viajar pelo mar ou pelo ar. Importar e exportar produtos serão coisas do passado. O clima como um todo ficará mais quente, assim como em Vênus. Os três planetas orbitando uns aos outros, com sua massa gigante, podem até se tornar convidativos para outros planetas e corpos celestes. Já pensou se Júpiter resolve se juntar? Trata-se do maior planeta do Sistema Solar. Para se ter uma ideia, a Terra seria como uma uva caso Júpiter fosse do tamanho de uma bola de basquete. Ele também tem a maior tempestade que já vimos. Conhecida como Mancha Vermelha, é um lugar com o dobro do tamanho do nosso mundo, e possui tempestades parecidas com furacão que não param há séculos.
Quando você acabar de assistir a este vídeo, pode apostar que a tempestade ainda estará acontecendo. Como o planeta é gigante, a gravidade deve ser muito forte — pode ser suficiente para duplicar o peso de uma pessoa. Credo, é sério? Ele também possui muitas luas, algumas do tamanho da nossa pequena Terra. Não haverá um espaço apropriado entre os planetas. As luas de Júpiter serão desviadas de seu curso e colidirão com eles. Algumas delas podem colidir umas com as outras, fazendo os destroços se espalharem por toda parte. A gravidade dessa “festinha planetária” vai atrair cometas, que podem entrar em nossa atmosfera e dizimar nossa espécie. Os níveis de oxigênio se esgotarão, então a destruição da crosta terrestre continuará. Isso abrirá um rasgo na camada de ozônio, fazendo rajadas pesadas de ondas ultravioleta entrarem em nossa atmosfera. Se tivermos sobrevivido até então, não poderemos pisar fora de casa sem equipamentos de segurança e tanques de oxigênio. A civilização humana mudará drasticamente.
Todos teremos que viver em contêineres que fornecerão ar limpo e seguro e raios de sol filtrados. Os abrigos serão fortes o suficiente para resistir a terremotos frequentes. Cultivaremos plantações para nos alimentarmos até que possamos deixar a Terra. Como é apenas uma questão de tempo até que os planetas colidam uns nos outros, nosso próximo passo será criar foguetes gigantes que nos tirem daqui. Com Marte, Vênus e Júpiter girando perto de nós, não será fácil fazer isso. Todos os destroços espaciais bloquearão nossa saída da zona espacial. O único local seguro fora dessa região ficará a milhões de quilômetros de distância, onde existem apenas planetas solitários.
Eles podem ou não ter condições favoráveis à vida, mas os humanos já terão recursos tecnológicos para pousar em praticamente qualquer lugar com gravidade semelhante à da Terra e para construir os abrigos apropriados. Em algum momento, Marte, Vênus, Terra e Júpiter colidirão uns contra os outros e se quebrarão como ovos. Como uma grande omelete espacial. Não podemos esquecer das luas batendo e se quebrando junto. Mas já estaremos bem longe. Assim espero.