Como sobreviver a quedas das mais diversas alturas
Qual a altura máxima da qual uma pessoa pode cair e sair com vida? Sabemos que, dependendo das condições, até mesmo um tropeço pode ser fatal. Mas a história da comissária de bordo sérvia Vesna Vulović, que caiu de um avião em pleno voo a 10 mil metros de altitude e sobreviveu, é algo realmente impressionante e sem precedentes. Sim, ela saiu gravemente ferida, mas sobreviveu e, inclusive, voltou a trabalhar.
O Incrível.club pesquisou junto a dublês, físicos e outros especialistas quais as melhores formas de escapar de uma queda. Acompanhe conosco.
Queda de janela
- A dica é óbvia: durante a queda, procure se agarrar no que for possível. Isso ajudará a diminuir a velocidade da queda. Se, em seu caminho, houver um toldo ou uma cobertura de policarbonato (plástico) ou mesmo de vidro, não pense duas vezes e tente usar esses obstáculos como anteparos para reduzir a velocidade da queda. Talvez você se machuque, mas, se não fizer isso, pode morrer. O que prefere?
- Esta outra dica pode soar como uma piada, mas é importante saber: procure não tensionar os músculos, mantendo-se relaxado. As estatísticas mostram que pessoas embriagadas e crianças pequenas – que não têm tanta noção do perigo e, portanto, estão propensas a ficar mais relaxadas – tendem a ter mais chances de sobrevivência. No caso das crianças, há outro ponto a favor: os ossos geralmente ainda não estão bem formados, então têm maior possibilidade de não se quebrar. Mas isso, claro, não é motivo para descuidar. Se você vive em apartamento e tem crianças ou animais domésticos, tome todas as precauções devidas.
- Procure dobrar os joelhos e juntar as pernas para que, no impacto, os pés toquem o solo juntos e seu corpo funcione como uma espécie de mola, amortecendo minimamente a pancada. É importante saber que, mesmo com esse tipo de manobra, você quebrará as pernas, mas esse é um mal menor.
- Enquanto estiver caindo, tente proteger a cabeça com as mãos. No momento em que seus pés tocarem o solo, com o impacto é possível que haja um efeito rebote, fazendo com que sua cabeça bata no chão. Nessa situação, suas mãos poderão representar alguma proteção.
- Se, depois disso, você sobreviveu, acredite: a sorte está ao seu lado – ou, pelo menos, esteve nesse caso. Agora, independentemente de seu estado, procure não se movimentar e esperar ajuda. Não custa lembrar os números do Samu (192), Bombeiros (193) e, em Portugal, Número Nacional de Emergência (112). O ideal é que o primeiro atendimento seja feito por um profissional especializado em resgate. Mas, diante de um prédio em chamas ou de risco de explosão, qualquer ajuda para sair da zona de risco é importante.
Queda de avião
Uma queda de 10.000 metros (a altitude em que voam os jatos comerciais) leva de 3 a 6 minutos, a uma velocidade de 190 quilômetros por hora. Nessas condições, as chances de sobreviver são bem próximas de zero, mas, como já mencionamos, há um precedente. Então, por que não tentar?
- Primeiro, tenha em mente que a parte do avião em que há maior chance de sobreviver em caso de acidente é a traseira.
- No caso terrível de você estar num avião e este explodir ou ser derrubado, primeiro, é provável que ouça um ruído ensurdecedor; em seguida, um frio insuportável (afinal, estará a uma altitude maior que a do Monte Everest) e, por fim, começará a cair. Haverá pouquíssimo oxigênio e, justamente por isso, você provavelmente perderá a consciência que deverá voltar quando a queda estiver no final, em altitudes mais baixas.
- Procure sentar-se em seu assento, montando nele como se fosse um cavalo (ou tente fazer o mesmo em algum destroço do avião). É uma das poucas possibilidades de sobreviver e é o que relata ter feito a russa Larissa Savitskaya, que sobreviveu a uma queda de 5.200 metros.
As estatísticas mostram que o número de sobreviventes que não se agarram a nada nas quedas é duas vezes menor (13 pessoas ao todo) do que o total de sobreviventes que se agarraram a algum destroço. Uma dessas pessoas é piloto militar Alan Magee, que caiu de uma altitude de 6.000 metros e saiu com vida após romper o teto de uma estação com os pés. Se, por uma infelicidade extrema, esse for o caso caso, tenha em mente a seguinte dica:
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Adote a postura dos paraquedistas, extendendo os braços e as pernas enquanto cai. Isso diminuirá a velocidade da queda.
- Procure, de alguma maneira, controlar a queda. Para ir para a direita, por exemplo, abaixe o ombro direito e incline o corpo para a direita.
- Se, seguindo a dica anterior, você conseguiu ter algum controle do voo, aqui vai a dica seguinte: evite pousar sobre um rio ou lago, mesmo que tenha prática em saltos. A essa altura, a superfície da água é tão dura quanto concreto. Melhor é buscar uma área de vegetação, com árvores ou arbustos – ainda que haja o risco de um galho atravessar seu corpo. Melhor ainda é cair sobre palha ou, em lugares mais frios, neve.
- Após a queda de uma altitude tão elevada, começa a parte seguinte e tão difícil quanto. Dependendo do local onde você caiu (especialmente, se foi de avião), terá de buscar ajuda em lugares distantes. A peruana Juliane Kopcke sobreviveu a uma queda de avião a 3.000 metros num voo sobre a Amazônia peruana – a queda for amortecida pelas árvores. Numa das mais espetaculares histórias de sobrevivência de que se tem notícia, ela seguiu o curso de um riacho, mesmo com a clavícula quebrada, e nove dias depois conseguiu encontrar ajuda.
É evidente que, nos casos como os descritos, por mais que você domine algumas técnicas e saiba o que está fazendo, o fator sorte é o mais crucial. De qualquer forma, é bom ter em mente estas dicas. No mínimo, suas chances de sobreviver aumentarão.