Cientistas revelam o mistério das aves nas linhas de Nazca (elas não são o que se pensava)

As linhas de Nazca, um conjunto de geoglifos antigos localizado no deserto de Nazca, no sudoeste do Peru, são um dos grandes mistérios deixados pelas antigas civilizações que ainda intrigam muitos cientistas. São centenas de figuras com formas de animais, plantas e linhas traçadas há mais de 2 mil anos sobre a superfície da Terra e que podem ser vistas do céu ou de montanhas próximas. Durante décadas, cientistas acreditaram ter conseguido identificar algumas das aves desenhadas, mas um estudo publicado recentemente por pesquisadores japoneses revelou que não são o que se pensava.

Hoje, o Incrível.club conta mais detalhes sobre esse trabalho acadêmico que trouxe novos dados sobre as civilizações pré-incaicas. No final do post, apresentamos um bônus com outros geoglifos cheios de enigmas sobre os povos do passado.

As diferentes explicações para os significados dos desenhos

As linhas ocupam uma área de 450 km² e cada desenho chega a medir mais ou menos 300 metros. Localizadas a cerca de 400 km de Lima, elas foram traçadas no chão pela civilização de Nazca. A primeira referência histórica sobre a sua existência é dos conquistadores espanhóis, em meados do século XVI.

Os primeiros voos militares e civis permitiram observar a totalidade dos geoglifos. Durante vários anos, antropólogos e arqueólogos tentaram encontrar algum significado para essas linhas. As hipóteses sempre foram muito diversas: um calendário gigante, estradas sagradas, centros de adoração divina, indicadores de locais com água subterrânea e outras.

Em seu livro ’Eram os Deuses Astronautas?’, o suíço Erich von Däniken defende a ideia de que eram pistas de aterrissagem para naves extraterrestres que estiveram em contato com civilizações antigas para transmitir a elas conhecimentos tecnológicos. Para o autor, as pirâmides do Egito, as rochas de Stonehenge, na Inglaterra, e as cabeças de pedra na Ilha de Páscoa (moais), são outras evidências de vida extraterrestre na Terra.

Um outro olhar para a identidade das aves desenhadas no chão

O mistério não envolve apenas o significado das linhas, mas também a identidade das figuras desenhadas. Um grupo de cientistas japoneses resolveu parte dessas questões com um trabalho apresentado na publicação científica Journal of Archaeological Science: Reports. Eles afirmam que as aves não são as que se imaginava.

“Até agora, as aves nos desenhos haviam sido identificadas com base em impressões gerais ou em alguns traços morfológicos presentes em cada figura. Observamos de perto as formas e os tamanhos dos bicos, cabeças, pescoços, asas e patas e os comparamos com as aves modernas no Peru”, conta Masaki Eda, membro da Universidade de Hokkaido e um dos responsáveis pela pesquisa.

Por meio de um olhar ornitológico, os cientistas chegaram à conclusão de que o que se imaginava serem guanos são, na realidade, pelicanos. Outros desenhos, como o condor e o flamingo, não possuem características que defendam essa afirmação, mas também não mostraram sinais de aves que vivem no Peru.

A nova hipótese sobre o motivo dos desenhos

Esses novos dados também geraram algumas perguntas, já que embora as aves que puderam ser identificadas existam no país, elas se encontram em regiões muito distantes. “Os nativos da Civilização de Nazca que desenharam as imagens poderiam ter visto pelicanos enquanto buscavam comida na costa. Nossos achados mostram que as pessoas desenharam pássaros exóticos, não aves locais, e isso poderia ser uma pista sobre por que esses animais foram os primeiros temas das linhas”, explicou Eda.

Os pesquisadores ainda precisam comparar os traços dos pássaros que não puderam ser identificados com os desenhos em cerâmicas da época e com os ossos encontrados na região.

Bônus: outros geoglifos espalhados pelo mundo

1. O Gigante do Atacama (Chile)

O Gigante do Atacama é uma grande figura de 119 metros de comprimento localizada no deserto do Atacama, no Chile. Acredita-se que ele foi feito entre os anos 900 e 1450 d.C. e representa um xamã ou a divindade andina Tunupa-Tarapacá.

2. Cavalo branco de Uffington (Inglaterra)

O cavalo branco de Uffington é uma figura de 110 metros de comprimento, formada por profundas trincheiras cheias de cal branco localizada em uma colina. Seu nome é o mesmo da aldeia onde foi desenhado. Pelas escavações arqueológicas da região, os cientistas afirmam que foi feito na Idade do Ferro ou do Bronze, e pode ter mais de 3 mil anos de idade.

As teorias sobre seu significado são muitas: um símbolo tribal, a possível construção de um castelo, um sinal para viajantes, o retrato de um dragão ou uma representação mitológica de uma crença segundo a qual o Sol era levado aos céus por um cavalo.

3. Geoglifos do Acre (Brasil)

Mais de 450 geoglifos apareceram nas últimas décadas na selva amazônica. Eles foram traçados por tribos indígenas que viveram na região entre 200 a.C. e 1300 d.C., portanto antes da chegada dos europeus. Os desenhos apareceram por efeitos do desmatamento acelerado no Estado do Acre. Eles ainda são um grande mistério, mas a hipótese mais forte entre os arqueólogos é a de que sejam parte de rituais sagrados.

4. Candelabro de Paracas (Peru)

A figura desenhada nessas dunas de areia mede 180 metros de comprimento e, assim como as linhas de Nazca, está localizada na região de Ica, no Peru. Estima-se que tenha mais ou menos 2,5 mil anos. Seu significado continua sendo um enigma, mas uma das teorias mais fortes é a que a associa com o Cruzeiro do Sul, conhecido também como ’cruz dos navegantes’ por indicar aos marinheiros do hemisfério Sul a sua localização.

5. Blythe Intaglios (Estados Unidos)

O Blythe Intaglios é um grupo de figuras localizadas no deserto do Colorado. Entre elas, há 3 imagens humanas (a maior tem 52 metros de comprimento), 2 animais de 4 patas e uma espiral. A idade dos desenhos, seus criadores e seus significados são incertos. Cientistas acreditam que tenham entre 500 e 2 mil anos, e uma das teorias indica que representam Mastamho, uma divindade da tribo mojave, que vivia na região.

Você já tinha ouvido falar nas linhas de Nazca? E nesses outros geoglifos? Se tiver alguma teoria sobre seus significados, compartilhe nos comentários.